Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Franciscanos deixam a cidade depois de oito anos

Edição n° 1296 - 10 Fevereiro 2012

Os freis da Fraternidade de São Francisco de Assis na Providência de Deus estão de malas prontas, aliás, o guardião frei Ângelo Barbosa já deixou a cidade, assumindo a direção de uma casa de recuperação de álcool e drogas em Tabapuã (SP). Nesse período de transição, a casa está sendo administrada por Frei Pedro Caetano da Silva, o primeiro guardião do Mosteiro e Educandário do Santíssimo Redentor (Seminário), em 2004, quando a Fraternidade assumiu a casa, em 25 de fevereiro. Frei Pedro, que trabalhou em outras obras nos últimos seis anos, veio a Sacramento para entregar a casa às irmãs da Congregação Mensageiras do Amor Divino, e permanecerá na cidade até o dia 9 , quando será celebrada a missa de despedida e de acolhida, às 19h, na capela do Educandário.

 

Fraternidade só vai atender internos de casas de saúde

 

De acordo com frei Pedro, a decisão de deixar a cidade, deve-se a dois motivos: a necessidade de atender obras ligadas à saúde e a distância da casa em relação às demais obras que se concentram no Estado de São Paulo. “Nossa atuação está se concentrando mais na área de saúde, hospitais e casas de recuperação de álcool e drogas”. 

Segundo Fr. Pedro, a congregação hoje administra 26 casas, entre hospitais e casas de recuperação. “Para se ter ideia, estamos com 11 casas de recuperação. Recentemente, à convite do prefeito, assumimos a Santa Casa de Lins e agora vamos também assumir a de  Bragança Paulista, completando 15 hospitais, entre gerais e de especialidades.Todos sob nossa responsabilidade, com total autonomia. Graças a Deus, hoje estão todos funcionando muito bem, administrativa e financeiramente.  Dou exemplo do hospital de Nhandeara, que assumimos com R$ 2 milhões de dívidas e hoje já funciona no azul e é orgulho para todos”, informou. “Bem diferente da Santa Casa de Sacramento, que há anos, só opera no vermelho” – brincamos, perguntando se eles não gostariam de administrar nossa SC.

A proposta inicial dos franciscanos na cidade era a de fundar um mosteiro e trabalhar com crianças. O trabalho educacional realizado no Educandário foi 100% satisfatório, mas o mosteiro não vingou. “Defato, a ideia inicial era a de fazer da casa também um mosteiro contemplativo. Infelizmente, não deu certo por uma razão simples, apesar de ser um amplo espaço, não havia possibilidade de silêncio, de introspecção dos freis, pelo fato de o Educandário funcionar no mesmo local. Como não deu para conciliar as duas coisas, pensamos até emconstruir um outro local aqui mesmo para esse fim, mas tornou-se inviável, assim decidimos ficar apenas com a obra social, o Educandário”, esclareceu. 

Com ofato de não não abrir o mosteiro, segundo frei Pedro a obra ficou isolada na cidade.  “Ficamos sozinhos aqui, porque era só o Educandário e com isso vem o problema do deslocamento paraa supervisão que visita, faz o giro nas obras. Era vir e voltar. Eles vinham aqui apenas por uma obra. Tínhamos em mente construir outra coisa na cidade, talvez um hospital ou casa de recuperação, mas não deu”, afirmou.

Para Fr. Pedro, a Fraternidade tinha objetivos maiores na cidade, mas deixou claro que trabalham também segundo a inspiração divina.  “Tudo o que pretendemos, pedimos a Deus que nos dê uma luz para começarmos. Não deu, futuramente, quem sabe...”, esclareceu, ressaltando que a decisão de deixar a cidade foi conjunta. “Não foi uma decisão isolada, partiu de todos nós e nosso superiorFrei Francisco  Belotti  entrou em contato com os Redentoristas e comunicou o fato, o que foi aceito”. 

 

Seminário fechado foi reativado com a vinda dos freis 

 

A chegada dos franciscanos à cidade deu-se num período crucial para os sacramentanos e para os redentoristas, sobretudo para Pe. Antônio Borges de Souza, idealizador e construtor do Seminário do Seminário do SSmo. Redentor, há mais de 50 anos. Que destinação dar à casa ociosahavia já três anos. Até a venda foi cogitada, mas Pe. Antonio, como dizia, rezava para Santa Terezinha iluminar a Congregação a dar uma destinação dentro dos fins a que foi construído: Educandário. E de fato assim o foi com a chegada dosfranciscanos e assim será com as irmãs Mensageiras do Amor Divino.  

Desde a chegada dos franciscanos, que muniram a casa de móveis, (muitos foram retirados com a desativação do seminário), os redentoristas sempre se fizeram presentes na manutenção da casa e cessão de um veículo, até que, apartir de 2009, a congregação passou a investir mais, inclusive na formação dos meninos.

Com uma nova orientação pedagógica, mas ainda sob a administração franciscana, a assistência aos menores foi ganhando um novo perfil. Os funcionários começaram a passar por cursos decapacitação e houve então um meio termo na assistência e na formação, até que passou a denominar-se 'Centro de Assistência Social e Educandário Santíssimo Redentor'.   Hoje, todos os 14 funcionários são mantidos pela Congregação. 

Conforme explica frei Pedro, a relação entre franciscanos e redentoristas foi extremamente saudável. “Foi uma combinação que deu muito certo, eles sempre fazendo o repasse financeiro acertado e sempre mandavam recursos para a manutenção do prédio e fizeram a pintura e nós de cá entrando com nossa parte financeira e trabalho. Foi muito saudável nossa relação, uma relação de amigos, de irmãos na religião”, avaliou. 

De acordo com frei Pedro, as três irmãs Mensageiras do Amor Divino, da Arquidiocese de Aparecida,chegam à cidade na terça-feira, 7. “A superiora, Ir. Maria Inês Vieira Ribeiro já esteve aqui com Pe. Jadir para conhecer a casa e agora ela volta com as três irmãs que vão ficar. Juntos participamos da missa no dia 9, que marcou nossa despedida e a acolhida delas”, destacou. 

 

Projetos continuam com a nova administração

 

A assistente social Camila Melo Silva, responsável técnica pelos projetos da instituição, explica que o Educandário Santíssimo Redentor trabalha com quatro pprojetos: 

- O projeto Semeando o Futuro I, com 120 vagas paramenores, na faixa etáriade 6 a 18 anos incompletos, que  estejam regularmente matriculados na rede de ensino e que ficam na instituição em horário alternado da escola.

- O SOS Família, que por enquanto atende às famílias dos educandos e será aberto para outras famílias. 

- O projeto de Inserção Digital, que oferece cursos de informática aos educandos, seus familiares e a pessoas da comunidade.

- E, por fim, o projeto Musical com aulas de música, também destinado aos educandos. Sobre esse projeto, Camila explica, que o projeto sofreu uma interrupção o ano passado, devido a problemas de saúde com familiares do maestro Paulo Constâncio, professor responsável. “Este ano, vamos retomar as aulas, pois é grande o interesse da congregação em continuar com essas aulas” afirma. 

De acordo com Camila, a preparação dos funcionários foi cuidadosa para o reinício dos trabalhos este ano. “A casa passou por uma reestruturação a partir de 2009, incluindo a inclusão digital, aberta á comunidade. A Congregação vem fazendo um trabalho de preparação conosco periodicamente, a cada três meses educadores estão aqui para acompanhar o trabalho. Daniele Ramos Garcia, a psicóloga, e eu passamos uma semana em Aparecida recebendo instruções, para implantação de todo o projeto pedagógico da instituição. Todos os funcionários passaram também por curso de capacitação em 2010 e 2011 e, anualmente participamos da assembléia em Aparecida, que reúne todos os projetos redentoristas para avaliação e reestruturação”, informou. 

Falando da chegada das irmãs afirmou que todos aguardam com ansiedade esse momento.  “Nossa ansiedade é grande, porque estávamos acostumados com o trabalho dos freis, aí vieram as mudanças. No começo foi difícil, até conciliar as propostas redentoristas e as dos franciscanos, até que chegamos a um meio termo. Houve troca de funcionários e demoramos  a  assimilar tudo. E agora os freis vão embora”, ponderou.

A notícia da saída dos freis só foi comunicada à casa no final do ano. “Um dia, a superiora irmã Maria Inês veio com Pe. Jadir visitar a casa, mas sem comunicar nada. Só no final do ano, frei Ângelo nos deu a notícia. Muita gente está preocupada com as mudanças  que vão ocorrer e até medo de demissão, embora Pe. Jadir, tenha nos tranqüilizado, dizendo  que não haverá mais  trocas de funcionário, justificando que a equipe é muito boa, mas mesmo assim estamos com o coração na mão”, comentou.

 

A mensagem de agradecimento

 

Frei Pedro, que irá para Bragança Paulista, onde a fraternidade assumirá uma Santa Casa,deixa a sua mensagem de agradecimento à cidade. “Temos um carinho muito grande por Sacramento, onde fomos muito bem acolhidos. Fomos felicíssimos com aacolhida e durante todo esse tempo. Nesta nossa despedida, temoso dever de agradecer a todos, homens, mulheres, crianças, autoridades. Tivemos a felicidade de viver e conviver com vocês e termos realizado esse trabalho, que talvez tenha sido pouco, mas feito com boas intenções e demos o melhor de nós para fazer o que foi proposto e o que estava ao nosso alcance. Nosso carinho por vocês será para sempre. Sacramento estará nos nossos corações, pois chegou a nossa hora. E como é Deus  quem traça o nosso destino, quem sabe futuramente possamos voltar e fazer um outro trabalho, futuramente, até maior que este que deixamos”, finalizou.