Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Espíritas abrem centenário de Corina Novelino e homenageiam Eurípedes Barsanulfo

Edição n° 1308 - 04 Maio 2012

O Grupo Espírita Esperança e Caridade e o Lar de Eurípedes reuniram, no último final de semana, a comunidade espírita sacramentana, um grande número de visitantes e amigos da Profa. Corina Novelino para a abertura das comemorações de seu centenário de nascimento. O evento iniciou-se no sábado, 28, e se estendeu até o domingo, com o Seminário 'Espírito e sua Evolução'. 

Na segunda-feira, 30, às 19h00, abertura das comemorações relativas ao centenário de nascimento de Corina Novelino, médium espírita e educadora. Um momento de emoção e saudade realizado no Colégio Allan Kardec, coordenado por Alzira Bessa França Amui, presidente do Grupo Espírita Esperança e Caridade.

Prestigiaram o evento, o prefeito e vice, respectivamente, Wesley De Santi de Melo e Pedro Teodoro Rodrigues Rezende, amigos e líderes espíritas, como Maria José de Oliveira Fonseca, (Zeca), Saulo Wilson, Edson Pícolo, Abner Ferreira, José Rosa Camilo, Rodolfo Amui, contador da entidade há 39 anos, além das presenças marcantes de Rita da Paixão Bizelli, irmã de Corina, e Mariléia Abadia Alves, representando as filhas de Corina, no Lar de Eurípedes.

A cerimônia foi abrilhantada pelo Coral Corina Novelino, sob a regência de Moacir Camargo (violão), Saulo Amui (piano) e Guilherme Kassabian (teclado), que entoaram duas belas páginas do cancioneiro popular “Amigo”, dada à paixão que Corina tinha por Roberto Carlos e, “Noite do meu bem”, de Dolores Duran. Ao final, a bela homenagem composta por Moacyr, com a música intitulada, “Querida mãe Corina”.

No feriado nacional, do dia 1º de Maio, que marca também o nascimento de seu principal líder na cidade, Eurípedes Barsanulfo, as solenidades prosseguiram com a tradicional Hora da Saudade, às 7h, no Colégio Allan kardec. Na Chácara Triângulo, onde Heigorina Cunha realiza o seu tradicional culto das 9h, e principal ponto do turismo religioso na cidade, vários ônibus com turistas de diversas cidades da região estiveram presentes para homenagear o seu grande líder, Eurípedes Barsanulfo. No local, além de participarem do culto, os visitantes podem conhecer uma pequena casa construída com os tijolos do quarto onde sempre dormiu o mais importante médium sacramentano.

 

100 anos de Corina Novelino

 

Corina Novelino (foto) nasceu na vizinha cidade de   Delfinópolis, naquela época denominada Espírito Santo da Forquilha, em 12 de agosto de 1912. Filha de José Davi Gonçalves Novelino e Josefina de Melo Novelino. Aos seis anos Corina mudou-se para Sacramento com a família, que viera  para tratar da saúde da mãe, Josefina, e fazer estudar os filhos. 

Logo a mãe faleceu e 29 dias depois, perdem também o pai.  Corina, com o pai ainda vivo é acolhida pela família de José Rezende e Edalides, que   atendem ao pedido da filha Espiridina para ficarem com ela.  Os irmãos são acolhidos  pela mãe de Eurípedes que os espalhou em casa de familaires e amigos, porém sem nunca perderem o contato entre si. Todos estudaram no Colégio Allan Kardec, fundado por Eurípedes Barsanulfo, em 1907. Eurípedes morre em 1º de novembro de 1918. Uma única vez, ainda criança, Corina  avistara Eurípedes Barsanulfo, no pátio do  Colégio.

Enquanto Corina crescia, os irmãos de Eurípedes, Watercides e Homilton  assumem em épocas  diferentes, o Colégio Allan Kardec. Watercides  entre 1918 a 1935 e Homilton  no período de  1936 a 1941, quando então Corina inicia uma nova etapa de sua vida: Homilton lhe passa a direção do Colégio Allan Kardec. A partir  de então, Corina Novelino passa a viver o servir. 

Corina,  além do trabalho filantrópico e de médium espirita, figura entre as grandes educadoras da cidade.  Ela foi educadora por excelência a partir de 1941, quando assumiu a direção do Colégio Allan Kardec, que oferecia  à comunidde o  curso primário, que passou para o Estado em 1964, dando origem à Escola Estadual Sinhana Borges.  

Foi a mestra em Língua Portugesa na Escola Coronel José AFonso de Almeida  e    foi pioneira na criação do curso noturno no Ginásio Allan Kardec, que prestou grandes serviços à comunidade de Sacramento, propiciando a conclusão do Ginásio (8a série) a muitos jovens que tinham que trabalhar durante o dia e estudar à noite. Por falta de recursos, o Ginásio foi   foi fechado em  1971.  

Na filantropia, destaca-se pela  fundação  do Lar de Eurípedes, na década de 1950, casa  que por muitos anos foi o lar de meninas carentes,  as suas filhas do coração, que carinhosamente chamam-na, como ainda hoje, de  “Mãe Corina”. 

O lançamento da pedra fundamental do atual prédio do Lar de Eurípedes na rua Comendador Machado deu-se em 1º de maio de 1957, mas o Lar já funcionava na casa cedida por Homilton Wilson, no pátio do Colégio, desde 1952 e abrigava 25 meninas. Iniciou-se então a Campanha Pró- Construção Sede Própria do Lar de Eurípedes, tudo registrado num jornalzinho de divulgação das doações, criado por Corina. 

Diz a história que Corina deu o melhor de si para atingir o objetivo, a ponto de adoecer, mas superou e em 1º de novembro de 1959 inaugurava o imponente prédio do Lar de Eurípedes, que oferecia às internas uma formaçãointegral, com a ajuda das abnegadas Maria da Cruz, Amália Rezende, Jandira e Carmen. E tantos outras pessoas da comundiade que transmitiam-lhes os seus saberes em pintura, música, bordado, costura, e outros. 

 

Depoimentos...

 

Os adjetivos para definir a vida de Corina são inúmeros. Alzira Bessa França Amui, na apresentação histórica disse, dentre outras afirmações: “A vida de Corina foi construída  e mesclada de amor, compreensão, amparo e Educação”. E, após a cerimônia de abertura, além do prefeito Wesley De Santi de Melo, cada um daqueles que viveram e conviveram perto de Corina definaram Corina para o ET. Veja as frases:

 “100 anos de Corina é conhecer uma história de vida. Como prefeito ficamos felizes em poder estar presente num ahomenagem tão bonita a uma mulher que, digamos,  estava além de seu tempo. Foi guerreira e fez muito pela cidade”, do prefeito Wesley De Santi de Melo. 

“Corina é a minha segunda mãe, foi um diamante lapidado que Deus enviou para todos nós. Meus contemporâneos todos dependeram da bondade dela na instrução, no reforço das aulas e nos exemplos dados. Ela foi grande”, do amigo Edson Pìcolo. 

“Corina foi um espírito maravilhoso, uma pessoa predestinada pela providência divina para executar essa grande obra que realizou em Sacramento”, do amigo Abner Ferreira. 

“Mãe Corina como educadora foi revolucionária, pois até a decada de 1950 nao havia escola noturna na maioria das pequenas  cidades e os jovens pobres ficavam impossibilitados de estudar, como eu, mas Corina nos deu essa oportunidade. Com a iniciativa de Corina, muitas pessoas puderam se formar”, do ex-aluno José Rosa Camilo. 

“Corina era muitas mulheres”, da filha  Marileia    Abadia. 

“Corina foi um sonho máximo”, da amiga Zeca. 

“Corina era todo amor”, da irmã Rita da Paixão Bizelli.

“Corina fica muito bem entre Madre Teresa de Calcutá e a Irmã Dulce”, do amigo  Saulo Wilson com os olhos marejados.

 

Corina funda a Escola Eurípedes Barsanulfo

 

Com o fechamento dos cursos no Colégio Allan Kardec,  Corina, com a ajuda do  primo, Tomás Novelino, inicia um grande trabalho educacional que viria a ser a  hoje conhecida   Escola  Eurípedes Barsanulfo, no bairro João XXIII, que dá continuidade à proposta educacional do professor Eurípedes.

Corina, como a filha Mariléia (Léia) define,  “era muitas mulheres”. Iniciou o trabalho de Evangelização no bairro São Geraldo, onde construiu a Escola de Evangelização Vó Meca. Além de tudo ainda encontrava tempo para dedicar-se a escrever, para revistas,  tendo publicado várias obras mediúnicas vários livros, além do livro,  “Eurípedes, o Homem e a Missão”, lançado em 1979,  na abertura do Centenário de Eurípedes.  

Por tudo isto e muito mais, Corina recebeu da cidade todo o reconhecimento. Foi eleita a Mãe do Ano; Personalidade do Ano, por este jornal; Cidadã Honorária de Sacramento, projeto de lei aprovado por unanimidade pela Câmara, de autoria do então vereador, José Rosa Camilo, dentre outras condecorações e homenagens. 

Corina morreu em 10 de fevereiro de 1980, deixando um grande legado para Sacramento.