Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Várias festividades marcaram 1° de Maio na cidade

Edição n° 1256 - 06 Maio 2011

O Dia do Trabalhador uniu o sagrado e o profano neste primeiro de maio. A Banda Lira do Borá saudou os trabalhadores com uma alvorada pelas ruas da cidade, às 5h00; às 7h00, missa solene na Igreja Matriz de Na. Sra. do Patrocínio do Ssmo. Sacramento, presidida por Dom José Luiz Majella Delgado, bispo de Jataí (GO) e concelebrada pelo pároco, Pe. Valmir Ribeiro, oferecida aos trabalhadores, com saudação ao seu patrono, São José Operário.

No mesmo horário, no Colégio Allan Kardec, a comunidade espírita realizava a Hora da Saudade, um tradicional encontro que começou reunindo ex-alunos do professor e se estendeu 

até os dias de hoje, com o encontro de parentes e simpatizantes.

Às 10h00, quase 2 mil cavaleiros percorreram as ruas da cidade na '39ª cavalgada do 1º de maio', tendo a frente as imagens de Nossa Senhora Aparecida e de São José Operário, que encerrou no Parque de Exposição Hugo Rodrigues da Cunha, com atividades durante todo o dia e 

show sertanejo à noite, com a dupla, Chico Amado e Xodó.

 

A Hora da Saudade

 

A tradicional Hora da Saudade, que reuniu, durante muitos anos, ex-alunos de Eurípedes Barsanulfo, no Colégio Allan Kardec, sempre por ocasião de seu nascimento, 1º de maio e morte, 1º de novembro, hoje, continua reunindo descendentes e seguidores. Saulo Wilson, sobrinho de Eurípedes, fala da Hora da Saudade como um momento de emoção. 

“- Falar da Hora da Saudade é muita emoção. Numa manhã como essa nos traz lembranças desde a nossa infância, porque sempre o 1º de Maio era comemorado com muita alegria. Às 5h00 da manhã, nós, os alunos  do Colégio reuníamos aqui e íamos à casa de dona Cristina, ao lado da praça da Matriz, e retornávamos para participar da Hora da Saudade às 7h00. São muitas lembranças boas”, recorda, ao lado de dona Zeca, que compartilhou e compartilha desses momentos anualmente, e completa: “Todo ano é  sempre uma emoção. Lembro de dona Corina por muitos anos aqui. A Hora da Saudade é um momento único”. 

Para Edson Pícolo, a Hora da Saudade é o momento em que se renovam e se recordam de tudo. A nossa infância retorna nesses momentos. Mamãe nos  levantava cedo e vínhamos  para o Colégio para a Hora da Saudade. Lembro da presença de muita gente, naquele tempo, gente que vinha de muitos lugares para receber as boas vibrações do momento. E, só podemos agradecer por Deus nos ter dado essa oportunidade de vivermos aqui esse momento de recordação”.  

 

Cavalgada reúne milhares de participantes

 

A cada ano, torna-se maior o número de participantes na Cavalgada de 1º de Maio, que trouxe à frente as imagens dos padroeiros  São José e Nossa Senhora Aparecida, seguidas das bandeiras do Brasil, Minas Gerais e Sacramento e o carro com a rainha Carliane Martins Gomes, a princesa Karen Stéfane Palhares Borges, a miss simpatia  Gabriela Amorim Silva; a rainha infantil,  Ana Clara Carvalho Cervato Afonso e bo cavaleiro mirim, Márcio Eduardo Silva. 

Seguindo o cortejo,  centenas e centenas de cavaleiros, veículos motorizados e de tração animal e máquinas agrícolas percorreram várias ruas da cidade até o Parque de Exposição Hugo Rodrigues da Cunha, onde a festa aconteceu durante  toda a tarde e encerrou com a final do rodeio e premiação e  show da dupla Chico Amado e  Xodó. 

Toda a festa foi mais uma vez comandada por Carlos Miranon de Oliveira, o Branco e Reginaldo Manzan, o Zezé, que não  medem esforços para preservar a tradição que vem desde 1972. “É uma felicidade podermos realizar mais uma vez essa festa que é tradicional na cidade, estamos cuidando aqui o que herdamos daqueles que iniciaram essa festa quando a gente ainda era criança. É uma alegria muito grande ver esse pessoal todo reunido, empolgado aguardando a hora da saída”, confessaram, no  local da concentração. 

O ET, como acontece todos os anos, conversou com algumas pessoas e fotografou grupos.

 

Carros de bois, uma tradição resgatada

 

“Carreiro velho olha a canga do seu boi / chora a saudade do tempo que já se foi / Carreiro velho vai cantando uma toada / de olho na invernada / percorre tempos atrás / Vai ruminando as mágoas que tem no peito/ mas sabe que não tem jeito, / seu tempo não volta mais (...)”. Os versos da música Carreiro Velho, de  Tião Carreiro e Pardinho servem bem pra ilustrar a participação do João do Josa, Nelson Júlio, Bento do Carmo, Carlos André e outros, na cavalgada conduzindo os carros de bois. Isso prova que por aqui, acontece diferente da música, que diz “seu tempo não volta mais “; aqui o tempo volta atrás. 

O carreiro Nelson Júlio, 60, vem lá de Tapira pela quarta vez participar da Cavalgada  com o filho Nelson, 24. O pai começou cedo a trabalahr no carro. “Comecei menino nessa lida, ajudando meu pai. Já produzi muito mantimento usando carros de bois, criei meus três filhos e todos aprenderam, inclusive as meninas.  Depois passei a ser dominador, preparar bois para carrear”, diz justificando a boiana nova: “O bichinho começa a aprender é de pequeno, tem até o ditado, 'é de pequenino, que torce o pepino', com os bois é assim”. 

Bento do Carmo, 57, outro que veio de Tapira com o carro de bois. “Antes eu participava a cavalo, mas agora vim com o carro, o pessoal tem que ver essas coisas de antigamente”, diz, ao lado do filho, Luciano Sebastião do Carmo, 21 e do amigo Otaniel José de Morais, o Coelho, 57. 

E, João Pereira de Souza, o João do Josa, 64, que vem anualmente lá das Palmeiras, conta com a ajuda de Carlos André Carvalho. “Sou carreiro desde menino e carreio até hoje. Esse carro trabalha muito ainda. Eu gosto demais de participar e serve pra mostrar para as pessoas essa parte da história rural. Primeiro, a gente vinha tocando o carro, mas nos últimos dois anos trazemos de caminhão e tenho a ajuda de Carlos André, que é um grande amigo, desde o avô dele, que carreava com meu avô. Carro é uma tradição que vai passando na família”.