Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Sacramento discute implantação de brigada

Edição n° 1280 - 21 Outubro 2011

Rodrigo Belo Bueno,  presidente da Brigada 1 de Belo Horizonte, arquiteto  e instrutor de combate a incêndio florestal, esteve em Sacramento na terça-feira, 18, para apresentar às autoridades e representantes de segmentos organizados e demais interessados, o funcionamento de uma brigada de voluntários, a exemplo da Brigada 1 que preside. 

Falando ao ET, Bueno explicou a importância de se formar uma brigada numa cidade do porte de Sacramento. “A importância de se formar uma brigada numa cidade com 23 mil habitantes é exatamente a mesma que fundar em BH, com três milhões de pessoas. Isto porque o objetivo da brigada é reduzir os impactos gerados pelo mau uso do fogo”, justificou, acrescentando que é  necessário o envolvimento da comunidade. “Em qualquer lugar do mundo é necessário o envolvimento das pessoas para que dê certo, independente do número de brigadas e de habitantes”. 

 

A união de forças

 

Rodrigo Bueno esteve em conversa com o representante do Ministério Público e Curador de Meio Ambiente, promotor José do Egito de Castro Souza, além de  representantes dos poderes executivo e legislativo e de outros segmentos, como  Sindicato dos Produtores Rurais, IEF, DER/MG e avaliou positivamente a reunião.

“- Fiquei muito feliz porque  tivemos uma resposta muito positiva de todos eles. Falamos do trabalho integrado, porque muito se fala que ninguém faz nada, isso não é verdade. Muita gente faz muita coisa pelo meio ambiente, só que são ações isoladas e  basicamente o que a Brigada 1 quer fazer, além de criar um núcleo da ONG na cidade, é também costurar as instituições, voluntários e empresas privadas,  ou seja, unir todos para ações conjuntas, de forma organizada, coordenada, isto é, que os voluntários entrem com a mão de obra e a iniciativa privada e órgãos públicos entrem com a sustentação, dando condições para que o trabalho aconteça,isto é, com a logística, os equipamentos”, explicou, ressaltando que não há um mínimo e um máximo de custo. “O importante é que se eu tiver R$ 1 mil reais a brigada será uma coisa, se tiver R$ 10 mil, será outra coisa”. 

Bueno elogiou a iniciativa de Sacramento e está otimista na sua formação. “Se tivermos parceiros, pessoas compromissadas a possibilidade de o trabalho não dar certo é muito pequena. Até agora, o que tenho visto em Sacramento nos agradou muito. Nesses oito anos de articulação e de brigadista avalio que o processo aqui está muito bem conduzido, inclusive com a participação da iniciativa privada”, reconheceu. 

A reunião com os vários segmentos à noite, de acordo com o presidente Rodrigo visou  a fomentação da base para a implantação do núcleo na cidade. “Estamos entrando no período chuvoso e esse é o momento de buscar recursos, criar  bases para que a instituição possa dar suporte aos  voluntários brigadistas. No próximo ano, entre maio e julho, vamos ter o primeiro curso de formação de brigadistas, isso porque acreditamos que já teremos equipamentos para que as pessoas saiam do curso e possam efetivamente prontos para combater incêndios no momento seguinte. As coisas têm um tempo para acontecer e tudo acontecerá a seu tempo e esperamos que o trabalho aqui dê frutos”, afirmou.


Quem pode ser brigadista?

 

De acordo com Rodrigo Bueno, a Brigada 1 em BH envolve pessoas de todos os perfis, obedecendo sempre a faixa etária mínima: 18 anos. “Precisamos de pessoas de todos os perfis, pessoas que lidam como fogo, pessoas que articulam alimentação, compra de equipamentos, transporte de brigadistas, acionamento de brigadistas. Uma pessoa, às vezes, pensa que só sabe cozinhar e que não pode fazer parte, pode sim. Pessoas assim são extremamente necessárias, pois são elas que vão proporcionar toda a estrutura para que as pessoas da linha de combate possam fazer o trabalho. Se todos forem para o combate, quem vai fazer  transporte, quem leva água para beber, quem leva a comida? Há lugar e função para todos que queiram fazer parte”, esclareceu. 

Outro aspecto importante é que não há um mínimo ou um máximo de brigadistas. “A única coisa que um brigadista nunca faz é entrar num incêndio sozinho e a importância de um número significativo  está no fato de serem todos voluntários e se um não tem disponibilidade outros  podem substituir”, explicou. 

O arquiteto Rodrigo Belo Bueno  é um dos fundadores da Brigada 1, ainda nos tempos de universidade e continua até hoje. “Participei do processo de formação da brigada, ainda como estudante, fiz  o treinamento, fortalecemos, superamos as dificuldades. Sou instrutor  de combate a incêndio florestal, formado pelo Instituto Estadual de Florestas e (IEF) e pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMG), desde 2006, e tem sido um trabalho muito bonito, muito recompensante, principalmente em prol do meio ambiente. Se eu tivesse outras vidas, faria tudo de novo  e hoje  estamos aqui para oferecer um pouco da nossa experiência”, finalizou. 

 

Promotor fala da iniciativa    

 

O promotor José do Egito Castro Souza, no Parque Náutico de Jaguara para participar do Seminário promovido pela Cemig pra falar sobre política ambiental e o mexilhão dourado, falou ao ET sobre a implantação do núcleo da Brigada 1 na cidade.

“- Anteriormente já havíamos feito uma reunião  para discutir esse assunto, porque anualmente temos vários incêndios urbanos”, disse, elogiando a iniciativa de Vanina Weitzel em mobilizar os segmentos para levar em frente a proposta. “Vanina tem um poder de mobilização muito grande  e conseguiu reunir pessoas, órgãos, pessoas e fiquei muito esperançoso, porque Sacramento precisa de fato de um segmento como a Brigada e por isso tem o nosso apoio incondicional”, afirmou. 

José do Egito lembra ainda dos incêndios urbanos, em terrenos baldios. 

“O Código de Posturas dispõe que a prefeitura tem a obrigação de limpar ou mandar limpar esses terrenos e depois cobrar no IPTU, já fiz reunião para tratar desse assunto com os prefeitos e nenhum deles determinou o cumprimento da legislação. Sei de cidades que cobram, por exemplo Uberlândia. 

A prefeitura faz a limpeza e o débito fica lá, na hora de pagar o imposto anual o débito é cobrado. Quando falamos em Brigada Urbana é para  conter os incêndios nas áreas verdes da cidade, com o Bosque do Ipê, margens de córregos, e não nos terrenos baldios”.