Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Rádio Sacramento completa 30 anos

Edição n° 1283 - 11 Novembro 2011

A Rádio Sacramento completou 30 anos no dia 31 de outubro e a data foi comemorada com uma programação especial, com a transferência do estúdio da emissora para o Largo da Matriz, na manhã do último sábado, 29, com a participação de todos os seus comunicadores e do público que passava pelo local. Foi uma manhã de festa e de alegria para os diretores, radialistas e ouvintes da Rádio Sacramento, que tem como slogan, 'A rádio que fala ao coração'. 

O diretor geral da rádio, o pároco, Pe. Valmir A. Ribeiro, que vem demonstrando no seu paroquiato um carinho todo especial por essemeio de comunicação, falou ao ET sobre essa relação afetiva e a importância da rádio no município. 

“- Tive a oportunidade de ouvir as gravações feitas quando da inauguração da rádio e fiquei muito feliz, não surpreso, mas feliz por ver que estava no coração dos fundadores, que trabalharam pela sua criação o mesmo sentimento que está no meu coração. Na verdade há uma sintonia. Mesmo passados esses 30 anos, há uma sintonia entre o modo como vejo e compreendo a rádio, no serviço que deve prestar e que foi a intenção primeira dos fundadores”, ressaltou, destacando a sua importância comunitária.  

“- A rádio é de uma importância muito grande para a cidade, no ponto de vista cultural e comercial, com uma informação segura que não fere, que não agride, que não magoa ninguém e, é sobretudo, um instrumento de evangelização”. 

Para Pe.Valmir, poder celebrar 30 anos de rádio é um sinal de vitória e motivo de alegria, diante dos momentos difíceis que a RS passou. “É motivo de alegrias, porque não é fácil. A rádio passou por momentos difíceis, nós a encontramos num momento de grandes dificuldades, mas estamos conseguindosuperar aquela crise, graças ao 'Clube dos Amigos', que hoje somam 900 associados. Foi esse resgate do Clube, que já existia, mas que tinha apenas 17 sócios, que nos deu condições de fazer a recuperação do transmissor e melhoria de seus equipamentos. Agora vem a antena e, depois, os investimentos próprios para a manutenção da rádio. Mas, a rádio é uma bênção para a Igreja, uma bênção para Sacramento”, reconheceu, destacando a importância dos patrocinadores. 

 

A rádio nasceu de uma sociedade

 

Se a rádio Sacramento completa hoje 30 anos, deve muito a toda uma geração de diretores, funcionários, patrocinadores, mas nada disso seria possível, se por trás dela não houvesse pessoas como o missionário redentorista, Pe. Júlio Negrizzolo, de saudosa memória e os sócios que constituíram a firma, Sebastião Olinto Scalon, sua filha, a Profa. Regina Scalon e os sócios minoritários, José Alberto Bernardes Borges e Luiz Rodrigues de Sousa. Foram eles os pioneiros. 

Padre Júlio, o idealizador, Sebastião e Regina; e José Alberto e Luiz Rodrigues os apoiadores e aporte minoritário financeiro, para constituir a sociedade. Mas o hoje empresário aposentado, Sebastião Scalon, ao 94 anos, é categórico em dizer: “Quem fundou a Rádio Sacramento foi Pe. Júlio Negrizzolo. Ele fez a rádio. Não fosse ele não haveria rádio na cidade, disse na manhã do sábado, dia 6, em sua casa, ao lado da esposa Lili e da filha, Regina.  

E, com uma lucidez invejável, apesar da deficiência auditiva, contou fatos, mostrou recortes e reportagens edocumentos. Dentre eles, o caderno da contabilidade dos quatro primeiros anos (um ano em caráter experimental),antes de a emissora passar definitivamente às mãos da Paróquia de Na. Sra. do Patrocínio do SSmo. Sacramento, em 11/10/1984. O primeiro registro da contabilidade foi feito em 02/10/1980. 

“- São 30 anos de um início de muitaluta e a rádio está aí hoje, prestando um grande serviço. Valeu a pena, está valendo a pena”, afirmou Bastião Scalon, como era conhecido, um dos pioneiros desbravadores do oeste do Paraná, para onde foi e fez a vida, ainda jovem, até retornar à terra natal. 

Ao ser questionado se tem idéia da importânciada ação do grupo há 30 anos, reafirmou com modéstia: “Não fizemos nada, foi o Pe. Júlio, só demos o apoio”, disse. E a filha Regina, que foi gerente da empresa até à venda para a Paróquia,completa:  “Foi muito difícil colocar a rádio no ar. Não havia as facilidades de hoje. Todos os parelhos vieram de São Paulo, o transmissor ficou guardado em casa até que fosse montado o esquema necessário. Foram quase dois anos de construção, mas no dia da inauguração foi uma festa”.

Recorda a Profa. Regina que naquela época Sacramento praticamente não tinha quase nada. “Não tínhamos praticamente nada, rádio então nem pensar.Esporadicamente, entrava no ar a Rádio Caiapós, dos sócios ClanterScalon, João Tormim Castanheira e Macoy, que morava em Uberaba. A emissora funcionava no prédio do antigo Cine Capitólio, onde hoje é a Lanchonete Milenium”, lembra, recordando também de uma brincadeira daqueles tempos. “A gente brincava que era a Rádio 'Cai após' as eleições. 

A chegada da rádio foi um sucesso para a cidade, quando foi ao ar, na voz belíssima de Pe.  Victor Coelho de Almeida. “Era uma coisa nova pra cidade”, afirmou Regina, que teve também um papel fundamental na sua criação. Foi ela a responsável pela entrada do pai na sociedade. Pensando deixar Sacramento em busca de mercado de trabalho fora, a fim de segurar a filha na cidade, Sebastião aceitou a proposta do vigário e assumiu com ela 85% das ações da rádio.

“Padre Júlio teve a idéia, tinha o apoio de José Alberto, que era prefeito e do Luiz e aí chegou pra mim e pediu uma ajuda. Ele me disse “Sebastião, preciso que você compre uma cota pra abrir uma rádio”. Eu logo perguntei: “De quanto o senhor precisa?”. Ele respondeu: “500 mil cruzeiros”. Aí eu lhe disse: “Não precisa procurar mais ninguém, eu contribuo com  esse valor”. Padre Júlio deu um pulo de alegria. A Regina queria ir embora daqui e eu decidi investir no negócio e começamos a trabalhar.

Padre Júliofoi a Aparecida, conseguiu o Dr. Andrade, engenheiro da  rádio Aparecida,  que fez o projeto. A ideia de Pe. Júlio era a de montar a rádio no centro da cidade, na Sede Paroquial, mas havia um problema, o transmissor teria que ficar noutro lugar. Dr. Andrade veio a Sacramento pra procurar um local e o encontrou lá embaixo, no brejo do Benjamim e Jacá. E por causa da distância, decidimos mudar para o Salão São Clemente, mas o padre Marques deu outra idéia, fazer tudo num lugar só. Aí compramos mais um pedaço do terreno do Nino Cerchi e fizemos tudo lá onde é hoje a rádio”, recorda Sebastião, afirmando que a construção da rádio deve ter custado uns  oito milhões de cruzeiros. 

 

Paróquia compra Rádio Sacramento 

 

A rádio Sacramento, nos três primeiros anos, era uma empresa de sociedade entre Sebastião Olinto Scalon, Regina Scalon, José Alberto Bernardes Borges e Luiz Rodrigues de Souza.  Mas, de acordo com Regina, a festa mesmo foi só no dia da inauguração. “Logo começaram as dificuldades. Tínhamos que comprar tudo. O Claret Loyola era o vendedor de publicidade. Ele chegava e contava: 'Hoje ganhei o dia, está aqui ó, consegui vender tanto'. Logo o papai chegava edizia: 'Passa o dinheiro pra cá, porque temos que pagar tanto'. Do jeito que o dinheiro entrava, saía, tínhamos que comprar tudo, inclusive discos”, recorda. 

Um belo dia, o grupo colocou a emissora a venda. De acordo com Sebastião Scalon, a ideia de vender sua parte nasceu quando a filha Regina adoeceu. “Regina e eu administrávamosa rádio e ela ficou doente,  aí decidimos vender. O vigário era o Pe. Carrilho. Na época a paróquia recebeu uma herança do Antenor Duarte e com a ajuda de duas outras entidades, que também herdaram, a Casa do Menor Rosa da Matta e a Obra Social João XXIII, a Paróquia Na. Sra. do Patrocínio do SSmo. Sacramento comprou a rádio por R$ 40 milhões de cruzeiros”, informou, mostrando o contrato de compra e venda. 

 

Curiosidades

 

Há nos documentos pertencentes a família Scalon algumas curiosidades que vale a pena recordar:

* Dentre os documentos a relação dos primeiros funcionários da emissora, quefuncionou durante um ano em caráter experimental,  constam os nomes de Padre Júlio Negrizzolo (fundador), Dr. Andrade (engenheiro técnico), Osvaldo (técnico montador), Wilson José (orientador de pessoal – foi ele o responsável pelo treinamentos dos primeiros locutores), Jerônimo (técnico em montagem), Antônio Jorge (técnico), José Maria (locutor), João (locutor), Jeremias de Freitas (locutor) e Celeste Bizinoto (discotecária). Depois com o passar dos anos vieram outros e outras e com a modernização e a tecnologia foi-se minguando o número de funcionários.  

* De acordo com o termo de venda, assinado pelas partes, a rádio está construída numa áreade 11.911 m², sendo 119 m² de área construída. 

* 10 mil cruzeirosfoi o valor pago por oito radiadores. 

* O pagamento dos 40 milhões de cruzeiros foi efetuado da seguinte forma: R$ 20 milhões de cruzeiros no ato da venda e o restante em duas parcelas, sendo 10 milhões até 10 de novembro e mais 10 milhões até 10 de janeiro de 1985, sem juros e correção monetária. 

* 15 mil cruzeiros foi o valor dasdespesas de viagem de Padre Vitor Coelho de Almeida para a inauguração da Rádio, no dia 31/10/1981. 

* 88.216.050,00 cruzeiros foi o valor dospagamentos efetuados até 26 de agosto de 1982. 

* “Que esta rádio, respeitando os direitos de Deus, os direitos da família, os direitos da pessoa humana, seja sempre um veículo de bênção e de verdadeiro bem estar à família sacaramentana” (Trecho do discurso de Padre Júlio). 

* A solenidade de inauguração foi retransmitida pela rádio Aparecida para todo o Brasil. 

* “Em nome dos nossos antepassado, que neste momento recordamos com amor e abraçando todos os sacramentanos e todos os queridos brasileiros, eu tenho a honra de abrir, desatando a fita, a entrada da Rádio Sacramento. Viva a novel rádio”. (Palavras de Vitor Coelho de Almeida ao desatar a fit a simbólica na porta de entrada da emissora)