O motorista e operador de máquinas, Sérgio Antônio Silva, Micão, 48, morreu às 10h15, na terça-feira, 8, na Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, vítima de parada respiratória, proveniente de um câncer na laringe. Velado por familiares e um grande número de amigos, após as exéquias, seu corpo foi sepultado no cemitério São Francisco de Assis, às 20h00.
Sérgio era filho de Erotildes Ferreira do Nascimento (Chuchu) e Osvaldo Feliciano Silva. Deixa o filho Luan, 21, e o irmão Evandro, cunhada e sobrinhos e um vazio nas ruas da cidade. Com certeza. Sérgio era uma figura folclórica com o seu ir e vir ao lado da companheira Samira. Volta e meia estava acompanhado por cães com os quais dividia até os alimentos. Tinha sempre um carinho muito grande com os animais. Lembra o irmão Evandro que, na qualidade de vaqueiro, jamais bateu em alguma rês ou cavalo.
Era uma pessoa de coração imenso magnânimo, conforme lembrou o jornalista Walmor. “Micão era um cara inteligente, ele sabia das coisas. Tinha umas tiradas super engraçadas. Durante alguns anos, por ocasião de nossas romarias à Água Suja, Micão nos acompanhava até onde seu corpo suportava... Mas mantinha a alegria do grupo, ora brincando, gozando os companheiros, ora rezando, cantando. Uma grande pena ter se enveredado pelo caminho da bebida”, comentou.
Mas quem fala de Micão é a ex-esposa Fabíola Gomide, lembrando o companheiro, com quem conviveu durante 15 anos. “Se não foi um pai presente, foi um pai muito amoroso e cheio de amor pelo filho. Tanto que nosso filho Luan era muito apegado a ele. Era aquele pai de esbarrar, mas toda vez que esbarrava, pagava refrigerante, conversava, contava casos, falava da vida e perguntava como iam as coisas. Sérgio era muito brincalhão, moleque...”, conta.
Naquele jeito dele, Sérgio era gentil, compreensivo, carinhoso, romântico, porém ciumento, possessivo, mas eu gostava dessa qualidade, porque quem gosta tem ciúme. Ele tinha muitos amigos, era muito popular, adorava ajudar os outros e era uma pessoa feliz... era um Lord Byron, era farrista como o Lord Byron... Mas chegou num ponto que não deu mais...”, conta.
Fabíola lembra ainda que Micão era excelente profissional. “Não tinha hora, não tinha tempo, nem chuva, nem inverno, nem calor, nada o segurava. Ele era 'caxias' no que fazia. Na sua dependência à bebida, ele nunca dependeu de mim, nunca pediu dinheiro e sempre trabalhou para manter o filho. Foi um pai que amava do jeito dele. Não dizia, 'filho, eu te amo', mas a gente percebia no olhar, que ele amava muito o filho”, lembra.
O estado de saúde de Micão, conforme lembra o irmão, Evandro, se agravou há menos de um ano. “Ele já havia tratado de uma pancreatite e uma cirrose. E vinha alternando, a conselho médico, uma certa abstinência à bebida. Ficamos preocupados quando, em dezembro último manifestou uma tosse. Eu o levei até o Dr. Pedro, que percebendo um caroço em seu pescoço, o encaminhou para uma biópsia, em Barretos. Somente a pedido da família, ele se submeteu à cirurgia. 'Já que vocês querem, eu vou, mas é por vocês', ele nos disse. Ele operou em fevereiro e retornou a Sacramento. Fez radioterapia, mas não suportou a quimioterapia, por conta do pâncreas”, conta.
“Apesar da doença, o seu bom humor nunca desapareceu” – recorda mais o irmão, com lágrimas nos olhos. 'Será que eu ainda chupo manga este ano', ele dizia, pensando na fruta que só amadurece no final do ano”.
“Meu irmão era um místico, generoso com todo mundo, incluindo os animais. Peão de primeira linha. Tinha gestos incomuns, dava o seu dinheiro, levava animais que encontrava doente para tratar. Por outro lado, era também um aventureiro, amante do perigo. Sem saber nadar muito bem, um dia ele atravessou o rio Grande”.
Evandro lembra também o seu lado cômico. “Ele acordava os peões dessa forma: 'Ei, vamos acordar, moçada. Até os passarinhos que não devem nada já estão amassando o barro e vocês aí...'. Amigo dos velhos, na rua da mamãe, ele era uma espécie de guardião dos idosos. Ô tia, ô vó, ta precisando de alguma coisa? É só chamar. Vocês têm eu aqui', lembra emocionado o irmão.