Enxurrada destrói muro e inunda casa no João XXIII
A forte chuva que caiu na tarde da quarta-feira, 7, deixou desabrigada a família de Wellington Fernandes dos Santos, que foi obrigado a socorrer a esposa, Regiane Aparecida da Silva, grávida de cinco meses, retirando-a nos braços sob forte enxurrada que invadiu a residência.
Moradores da rua Teófilo Borges da Silva, 675, no residencial Irmã Tereza da Purificação Vaz, no bairro João XXII, Wellington e Regiane viram desabado o muro de arrimo, que caiu sobre uma moto e rachou uma das paredes da casa. “Foi um grande susto, ao abrir a porta, fui surpreendido por uma grande quantidade de água e lama. Peguei minha mulher nos braços e corri prá fora. Ela ficou desesperada. Disse, ainda assustado, mostrando os estragos, a casa inundada de lama e a moto sob os escombros no quintal.
De acordo com Wellington e os vizinhos, a polícia foi acionada e lavrou o BO, mas não entrou nos fundos da casa para ver os estragos e disse que não precisava fazer perícia. “Nós ficamos sem entender, a Polícia não entrou lá no fundo e disse que não precisa de perícia, porque muita gente viu o estrago”, disse mais.
Alguns moradores da rua estiveram acompanhando a reportagem do ET e relataram à repórter a sua preocupação com as obras do loteamento, que abriu várias ruas na área, destruindo as curvas de nível do terreno, que direcionavam a água do pasto para o córrego.
Segundo Leandro dos Reis Villas Boas, morador da rua Maria da Cruz, 222, que por pouco não teve a casa invadida pela lama, disse que a água começou a entrar em sua casa, mas conseguiu fazer uma barragem no portão usando uma tábua. “Antes do loteamento, havia curvas de nível em todo o pasto, escoando a água para a direção do córrego, mas elas desapareceram com as obras. Queremos uma solução, porque agora é tempo de muita chuva”, cobrou.
Empresa presta assistência
A moradora Paula Nayara Alves dos Reis, moradora da rua Maria da Cruz, 210, também foi vítima da lama. Ela teve sua casa inundada e também perdeu tudo com a lama que desceu do canteiro de obras. “Eu estava na escola e deu aquele chuvona, quando estava chegando em casa, vi as pessoas aglomeradas, muita lama na rua e as máquinas da empresa Inove tirando o barro. Quando entrei em casa, a água deu na minha cintura, perdi tudo. A lama que desceu do canteiro de obras, derrubou o muro da vizinha de cima e desceu rua a fora. Além da minha casa, a água entrou na sala de meu vizinho”, contou.
De acordo com Paula, a empresa Inove deixou claro que a responsabilidade deveria ser compartilhada, visto que o problema se arrasta há 20 anos e por não ser a primeira vez que a casa foi inundada. Afirmaram que tomariam todas as providências necessárias para ressarcir o seu prejuízo. “Diretores da empresa me procuraram. Eu lhes disse que não quero tirar proveito da situação, mas queria as coisas que perdi. Pedi a pintura da casa, porque tinha reformado o imóvel recentemente e estou pagando as prestações. Eles, de fato, providenciaram toda a limpeza, mandaram arrumar o pintor, garantindo que vão pagar tudo. Só que até hoje estou fora de casa, esperando, mas estou confiante. Não fiz perícia, porque não tenho como pagar. Se não posso pagar, como é que fica?, perguntou, afirmando que mesmo assim está confiante.
No dia seguinte à inundação, Paula telefonou à redação do Jornal, a pedido de Wellington, informando que um dos diretores da Inove, Gilson Fábio, esteve na residência inundada e prestou toda a assistência à família. “Ele levou os moradores para o Palace Hotel e prometeu resolver a situação da melhor maneira possível”, disse.
De fato, as primeiras providências em relação ao imóvel, segundo a própria Inove informou, foram tomadas no momento da chuva. “Apesar de saber que não é de sua responsabilidade, pois o projeto foi autorizado pelos órgãos competentes, a Inove, como compromisso social, está dando toda a assistência necessária aos moradores. Ainda durante a chuva, estivemos no local e nos responsabilizamos pelos danos materiais, incluindo toda a limpeza da casa, lavação das roupas e a remoção da moto a uma concessionária para reparos, além de disponibilizarmos uma moto a Wellington”, informou Gilson.
O engenheiro, Secretário de Obras da prefeitura, Cacildo Duarte Bonatti explica que tão logo a chuva fez os estragos na casa de Wellington e no canteiro de obras, ele esteve no local conversando com os responsáveis pela obra “a prefeitura está olhando, estamos preocupados. Enquanto vocês do jornal estavam na casa, nós estávamos lá na obra com os responsáveis, discutindo soluções para o problema. a empresa está sensível ao problema, querem resolver e juntos estamos buscando uma solução. Eles estão trazendo uma escavadeira para fazer uns desvios e bolsões para conter a água até que seja feito o asfalto pra canalizar a água para as galerias, que já estão prontas, mas enquanto não asfaltar não podem jogar a água. O local já está sendo preparado para o asfaltamento e eles vão fazer as contenções pra segurar a água”, informa.
Problema é antigo
Antonio Donizete Gabriel Dias, proprietário do terreno onde está sendo construído o Residencial Novo Alvorecer, falando sobre a enxurrada que inundou duas casas no bairro João XXIII, onde também reside, disse que o problema da água no local começou nos anos 90, logo após a construção do Residencial Paulo Cervato IV.
“- A partir da construção do conjunto Paulo Cervato IV, começou o problema de a água escorrer para aquelas casas. Procuramos os engenheiros daquele conjunto habitacional para resolver o problema, mas não fomos ouvidos. Então, eu mesmo fui construindo curvas de nível para conter a água, porque todas as vezes que chovia ali sempre apresentava problema”, informou, lembrando que chegou a direcionar a enxurrada para o quintal de sua própria casa, para evitar outras inundações na rua Teófilo Borges da Silva.
Para Antônio Donizete, se a Inove não estivesse construindo e não tivesse feito as contenções, mas que, infelizmente, uma delas rompeu, pelo volume de chuva que caiu dia 7, o prejuízo seria muito maior. “A sorte dos moradores é que a Inove começou a obra, e a primeira providência foi fazer a contenção para evitar que a água escoasse para aquela rua. A água que atingiu a casa do rapaz vem da Assyncrito Natal, entra na rua Tupinambás, onde tem uma caixa de contenção, mas a água desviou”, explicou.
De acordo com Antônio, a solução definitiva virá quando a empresa terminar as galerias até a área pública e a prefeitura construir uma galeria na avenida Tomás Novelino, paralela à rampa, porque senão vai causar muitos transtornos. A prefeitura também terá que tomar providências, para construir duas caixas de contenção na canaleta dessa avenida. Vamos descer uma tubulação de mais ou menos 80 metros até à caixa e a prefeitura, por sua vez, também terá que construir uns 40 metros até a caixa de contenção, jogar na canaleta e contornar a rampa, aí será solucionado o problema”, afirmou.