Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Dadá fala da trajetória do teatro na cidade

Edição n° 1259 - 27 Maio 2011

Dadá Rodrigues, ator, produtor e diretor de teatro, chegou a Sacramento com a esposa Rose Del Carmen, no início de 2009, com uma proposta: investir no teatro na cidade. E conseguiu seu intento, preparou um grupo de jovens que compõem hoje a Cia Cênica de Sacramento.

“A experiência foi forte porque essa turma chegou timidamente e hoje demonstra uma capacidade enorme de atuação e vontade de aprender, e isso nos deixa muito gratificados. Acredito que o grande foco  disso foi o interesse pela arte cênica e a dedicação”, analisa, em pequena entrevista ao ET, depois que apresentou os dois primeiros espetáculos com a nova companhia, o infantil, 'A cidade dos encantos e 'Aconteceu em Santa Quitéria'  

O início da trajetória da Dadá, porém, exigiu muita superação, uma delas começou ao conseguir um espaço para ensaios. A Prefeitura cedeu a quadra de esportes do Lar Solidário, inviável pela distância, até que a direção da Escola Coronel cedeu o seu Galpão Cultural, nos finais de semana, onde nasceu, na verdade, o primeiro grupo de teatro do Dadá, e onde foram preparadosos primeiros espetáculos. 

 Mas a partir deste ano, “as coisas melhoraram”, reconhece o próprio diretor.  “Conseguimos uma tranquilidade agora em 2011, o que atribuo à credibilidade, parece que houve um crédito maior em todos os aspectos e aí a coisa funciona. Posso dizer com toda certeza de que foi a partir de janeiro deste ano que tudo começou a deslanchar efetivamente, porém nunca desanimamos”.

No início dos trabalhos na cidade, com ensaios no Galpão Culttural do Coronel, Dadá fez algumas apresentações com o G.A.T.U., nome da companhia que tinha em São Paulo: 'Bailei na curva', a primeira versão de 'Aconteceu em Santa Quitéria' e 'Cala boca já morreu'. Já com a Cia Cênica de Sacramento, foram apresentadas, uma reeleitura de 'Aconteceu em santa Quitéria' e a primeira peça infantil do grupo, 'A Cidade dos Encantos'. “Agora estamos em estudo para o novo espetáculo, mas paralelamente vamos para as cidades vizinhas com nossos espetáculos”, explicou. 

Para Dadá, é de suma importância o teatro numa cidade do interior. “O teatro traz, além da cultura, muita emoção, afinamento do espírito, uma redescoberta de valores, do mundo lá fora e o enfoque das questões sociais. Faz as pessoas pensarem e repensarem a sua vivência, sobretudo para quem não tem muita opção de lazer. O teatro tem essa incumbência”. 

Dadá destaca ainda o potencial artístico de muitos sacramentanos. “Sacramento tem tantos artistas, tantos artistas, que a gente não consegue contar nos dedos, e o que nos deixa chateados é que não é dada oportunidade a essas pessoas, que ficam desamparadas, sem oportunidade de expressar a sua arte”. 

A Cia Cênica de Sacramento, por enquanto, é apenas um grupo de teatro  e se restringirá a esse grupo, mas, há projetos para tornar-se uma escola. “Vamos esperar um pouco mais, mas enquanto escola pretendemos ampliar, pretendemos criar a escola de teatro, mas algumas coisas precisam ser resolvidas como, por exemplo, um espaço adequado para trabalhar, porque o teatro envolve muita coisa, música, dança, vários segmentos culturais”, explica. 

E , quando questionado sobre a Casa da Cultura, espaço utilizado atualmente pelo grupo, Dadá aponta algumas restrições. “A Casa da Cultura é excelente, seria um espaço ideal, fosse destinada exclusivamente para o Teatro, mas a cidade, e entendemos perfeitamente isso, não pode se dar ao luxo de nos dar exclusividade, porque a Casa da Cultura serve aos ensaios da Banda Lira do Borá, à Academia de Música e Coral da Prefeitura, às palestras que ali são realizadas, etc, etc. Enfim, ela é um espaço sempre a disposição da cidade”, justifica, informando que os ensaios da companhia são sempre realizados nos finais de semana, abertos a todos os interessados, no início de cada semestre letivo. 

Sobre a arrecadação de recursos, com o curso de teatro e com os eventos apresentados, Dadá, explica que a arrecadação é mínima. “Eu considero um valor simbólico, os alunos que iniciaram o curso conosco pagavam R$ 25,00, hoje são R$ 30,00, um valor muitíssimo inferior ao cobrado nos grandes centros.  A cidade é pequena, não estou aqui pra enriquecer, não preciso disso,  então cobramos um valor simbólico, até porque o curso tem despesas. Não vamos aumentar, o importante para nós é que as pessoas aprendam, tenham respeito ao próximo”, reconhece.

Fazendo um balanço sobre o seu trabalho, Dadá se confessa satisfeito com a resposta da cidade. “Quando cheguei, eu sabia que teria que caminhar passo a passo e fiquei contentíssimo com a resposta, um público novo, crianças, isso mostra o interesse do público pelo teatro. Estou feliz por estar aqui, pelo que estou recebendo e vou passando meus conhecimentos”. 

Finaliza, expressando o seu agradecimentos à Escola Coronel, na pessoa de seu diretor, Prof. Fábio Sebastião, e à Prefeitura, na pessoa do prefeito Wesley De Santi, que, reconhecendo o trabalho de toda a companhia, vem hoje emprestando todo o apoio necessário. Agradece também pela credibilidade da cidade e aos atores e familiares, e, sobretudo aos patrocinadores dos espetáculos.