Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Coleta seletiva não pegou por falta de caminhões apropriados

Edição n° 1246 - 25 Fevereiro 2011

Uma campanha feita pela Prefeitura da cidade, utilizando até out-door espalhados pela cidade recomendava a população sacramentana a separar o lixo seco do úmido em recipientes diferentes para início dos trabalhos da Usina de Compostagem.

Acontece que a campanha, já difícil de ser absorvida pela população, não pegou mesmo depois que os moradores perceberam que eles separavam o lixo, mas o caminhão coletor prensava tudo ao recolher o lixo. “Prá que separar, se o caminhão prensa tudo”, justificavam. 

Essa falha foi reconhecida pelo secretário de Governo, José de Anchieta, em entrevista a este jornal, informando que o orçamento deste ano já contempla a aquisição de caminhões apropriados para o recolhimento do lixo, a partir dos próximos meses. 

Na Usina de Compostagem, segundo os mais antigos catadores do Lixão, as condições de trabalho melhoraram muito. Veja alguns depoimentos:

  De acordo com Willian de Souza , o lixo chega e é despejado no pátio de cimento.  “Aqui chega de tudo, até animais mortos e materiais hospitalares, principalmente seringas.  Os caminhões, que antes descarregavam o lixo em um terreno acidentado, agora despejam tudo no pátio cimentado. A gente separa o orgânico de um lado  e o seco de outro. Depois, começamos a selecionar o  lixo seco, que  vai para a esteira, onde separamos vidro, papel, plástico,  latas e levamos  para a prensa”, explica.

 O trabalho de separação na esteira, segundo Souza é prejudicado pelo tamanho da esteira, que chegou de presente para a Prefeitura, através da Copasa. “Como a esteira é pequena e não dá pra separar tudo, alguns catadores trabalham na esteira e outros vão separando no chão mesmo. O lixo orgânico vai para o aterro. Deixamos de fazer as leiras do lixo orgânico, porque os urubus não deixam. Tentamos quatro dias seguidos. Fazíamos as leiras e em pouco tempo os urubus comiam tudo”, justifica. 

O fato é confirmado pelo mais antigo trabalhador do Lixão, José Antônio. “No primeiro dia que leiramos, eram uns 400 quilos de lixo, em meia hora os urubus comeram tudo. Tentamos mais uns dias e depois paramos. Aqui precisa ter uma tela para impedir a entrada deles”, diz. 

A Usina de Compostagem conta com duas prensas de acondicionamento do lixo para transporte. A primeira que foi instalada, segundo os trabalhadores, é muito pequena. A segunda prensa está no local por empréstimo da empresa compradora dos fardos de plástico, latinhas e diversos.  “Na prensa pequena, prensamos latinhas e plástico e, na maior,  que é prensado o restante: papelão, pet, latas e outros”, explica Willian Souza , acrescentando que cada tipo de lixo tem preço diferenciado e  todo o dinheiro arrecadado é dividido entre os trabalhadores, em média R$ 800,00 por mês.   “A gente tira por mês, mais ou menos uns R$ 750 a 800 reais, tem mês que dá mais tem mês que dá menos um pouquinho”. 

Para José Antonio, 45, as condições do lixão hoje são bem melhores que as que eles  viviam antes da instalação. “Isso aqui melhorou bastante. Antes,  o lixo ia amontoado em cima de lixo e a gente ficava lá. Hoje é diferente, estamos esperando a chegada dos caminhões e o espaço já está livre. Mas precisa melhorar muita coisa”, diz.

Segundo Antônio, para facilitar e aproveitar mais é preciso que o lixo chegue em dias alternados, um dia o seco noutro dia o molhado. “Atualmente, como está vindo tudo misturado, por conta do tipo de caminhão que recolhe o lixo, não dá pra gente separar tudo num dia, e o pior, um lixo estraga o outro. Ele não pode chegar aqui prensado. Mas a Prefeitura já garantiu que vai trocar o caminhão”, afirma.

Outras reivindicações de José Antônio é uma cobertura para o grande pátio cimentado. “Precisamos de um barracão para o lixo não ficar no tempo; uma proteção de tela para o evitar que os urubus ataquem o lixo orgânico durante a compostagem  e uma esteira bem maior, pra não precisar catar fora dela.  A prefeitura diz que vai arrumar e a gente está esperando, enquanto isso vamos fazendo desse jeito, mas sem dúvida melhorou muito”, conclui.