Cidade realiza I Missa Latino-Americana

Paz, amizade, religiosidade, alegria, união  todos  esses sentimentos afloraram no público presente sob a grande pedra que forma a Gruta dos Palhares, no último sábado, dia 1º, durante a I Missa Latino-Americana, acompanhada pela sinfonia das maritacas, que encantou e enalteceu a todos.

 O ato leigo litúrgico ficou por conta dos holambrenses, do Instituto de Dança Viva, da cidade paulista de Holambra, que prontamente aceitaram o convite das focalizadoras da dança circular em Sacramento,  Lize de Block  e Maristela Ramos, que idealizaram a Missa em homenagem a  São Miguel  Arcanjo, comemorado no dia 29/09. 

“A ideia inicial era comemorar São Miguel com um ritual mais simples, uma dança com as pessoas de Sacramento mesmo. Só que a idéia cresceu, ganhou a simpatia,  tomou outra dimensão e nasceu a idéia de convidar o grupo de Holambra, coordenado por Petrus Schoenmaker, pai de Lize. É claro que isso exigiu uma logística diferente, porém não faltaram apoios e conseguimos realizar esse sonho: fazer a dança circular em homenagem a São  Miguel, um momento de profunda meditação e reflexão”, explicou Maristela.  

E de fato. Todos os presentes, do prefeito Wesley De Santi de Melo, secretário Amir Salomão Jacob, ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges a inúmeros convidados e crianças, todos eram pura compenetração, durante a apresentação do Kyrie eleison, o Glória, Credo, Sanctus, Agnus Dei e Pai Nosso, com duração de 45 minutos. 

O rito terminou com uma grande dança circular. Todos, indistintamente participando do momento sob a pedra da Gruta, entenderam o chamado de Santo Agostinho: “Aprenda a dançar, senão os anjos no céu. Não saberão o que fazer contigo!".

A festa seguiu por mais algumas horas com várias danças de diversas origens: árabe, chinesa, indígena, com aprsentações também do Grupo de Dança Circular de Sacramento, todos em perfeita sintonia. 

O que são danças circulares e sagradas

De acordo com Lize e Maristela, a dança nasceu junto com o universo, visto que todo o cosmo encontra-se em eterno movimento. “Galáxias, estrelas, planetas, satélites constituem desde o princípio de sua existência uma grande criação rítmica, movendo através do espaço. (...) A dança é uma linguagem universal e pode ser considerada como a primeira manifestação emocional do ser humano. A dança está em todas as tradições, em todos os povos, desde os mais antigos”, destacam.  

Na sua apresentação, Maristela disse que roda e  círculo evocam equilíbrio, totalidade, diferenças, interdependência. “Na forma circular rompe-se o conceito de separatividade. Somos uma só raça, a raça humana. Apenas compor a circunferência da roda, o dar as mãos, já constitui uma criação, num espaço diferenciados e possivelmente sagrado”, definiu.

Descendente de Holandeses, Lize diz que dançar outros povos é espelhá-los e aprender o que há na memória da matéria mais profunda. “É conhecer o outro pelo gesto (...) é permitir-se ser conduzido à sensação de liberdade, de amplitude, de autoconsciência, de unidade, de alegria, de gratidão, de êxtase e pertencimento que a dança nos proporciona”, explica.

Lize adiantou ao ET que em 2012 será realizado  o primeiro curso de formação de focalizadores de danças circulares e sagradas do Triângulo  Mineiro, em parceria com a Atma Consultoria e Instituto Dança Viva, de Holambra. 

Instituto Dança Viva existe há dez anos

Petrus Schoenmaker, holandês radicado no Brasil há 52 anos é um dos fundadores e o coordenador do Instituto Dança Viva, de Holambra que nasceu há 10 anos com a proposta de, conforme ele mesmo afirma: “Alegrar e curar o mundo através das danças de todo o planeta. Danças alegram, inspiram, integram, incluem. O mundo tem que se acordar, um estender a mão para o outro.  Estender a mão  é dizer estou aqui, não importa quem você seja, estou junto com você, vamos caminhar juntos”, explica, ensinado que ao darem-se as mãos, uma estará voltada para baixo outra para cima  “é uma troca de equilíbrio,  a pessoa dá e recebe”, explica. 

Petrus  ressalta,  porém,   que o instituto existe há 10 anos, mas ele sempre se dedicou à dança “cheguei ao Brasil  com 15 anos, Holambra tinha nove anos. Mas há mais de 30 anos venho me dedicando a danças folclóricas, danças do povo. Essas de agora são danças sagradas. No final, após a missa vamos fazer uma mistura de danças folclóricas, danças dos povos do mundo”, conta e se confessou feliz com o convite de Lize.

“- É um prazer estar aqui, ainda mais numa gruta como essa. É muito gratificante, quando conheci a gruta fiquei maravilhado e quando a Lize nos convidou foi muito gratificante. E, para nós foi um presente poder dançar nesse lugar maravilhoso, junto à natureza que é fonte de vida. E homenagear São Miguel é a primeira vez, lá em Holambra dançamos a Missa Latino-Americana na festa da colheita no mês de maio”. 

Prefeito Wesley e José Alberto

Avaliando a participação e envolvimento do público na Missa Latino-Americana, o prefeito Wesley De Santi de Melo se confessou encantado. “Foi uma coisa muito linda. A Prefeitura, através da Secretaria de Turismo, deu todo o apoio para que essa missa acontecesse e valeu a pena, porque foi um evento diferente, uma miscigenação de culturas e que mexeu com todos os presentes. Lize vem fazendo esse trabalho de danças circulares com a grupo da terceira idade com muita aceitação e logo teremos um grupo aqui. Foi muito bonito”, declarou, revelando a possibilidade do grupo voltar no Natal, para uma apresentação no Largo da Matriz.

O ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges, devoto de São Miguel, o responsável pela entronização da imagem na Gruta dos Palhares estava de fato numa noite feliz. “Tudo que é feito para São Miguel é muito importante. Agradeço, principalmente à Lize e à Maristela por essa idéia que foi muito feliz, criou uma harmonia fantástica, envolveu todos os presentes. Foi maravilhoso”, elogiou.

O ex-prefeito falou também sobre o foguetório na tarde de quinta-feira, 29. “Era o dia de São Miguel. Todo ano solto foguetes, mas este ano foi bem mais intenso, porque eu ganhei este ano dois processos que tramitavam há dez anos na Justiça”, justificou.