Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Associação de Pescadores ganha sede e nova área para 200 tanques

Edição n° 1288 - 16 Dezembro 2011

A convite da Prefeitura, a Associação dos Pescadores e Aquicultores de Sacramento reuniu-se na quinta-feira, 1º, para discutir melhorias para o projeto de psicultura iniciado há dois anos, com três tanques no rio Grande, na região do Cipó, entre o trecho conhecido como Mata Doutor e  a foz do ribeirão Borá. 

A boa notícia foi dada pelo prefeito Wesley De Santi de Melo, atendendo a uma antiga reivindicação da categoria. “Vamos construir uma sede para a Associação em uma área de um hectare, às margens da represa do Estreito, no rio Grande, negociada com o fazendeiro Haroldo Jerônimo Santana, do povoado de Santa Bárbara”, informou o prefeito para a alegria dos criadores. 

 

Prefeitura dá o suporte para a associação desenvolver

Em entrevista ao ET, o prefeito Wesley disse que a participação da PMS no projeto de psicultura no município, é dar o suporte necessário até para que os psicultores possam caminhar com os próprios pés. “Demos o apoio no início e sempre que necessário e, agora,  conseguimos um local para a sede da Associação e novos tanques. É  uma área de um hectare na usina do Estreito e  vamos fornecer o material para a construção da casa. Além disso,  temos o compromisso de levar a energia elétrica até o local. No nosso  entender é um passo importante para o futuro da Associação, que não tem um local para se instalar, nem onde ampliar o número de tanques e que poderá também gerar muitos empregos”, justificou.

De acordo com o prefeito,  a área para a construção da sede foi cedida pelo fazendeiro,  que se beneficiará com a energia que será instalada no local e como associado, também se beneficiará com os peixes e o crescimento da Associação. “A prefeitura já fez tudo o que era necessário, a regularização do terreno, a estrada, a terraplenagem, tudo está pronto. Nosso compromisso é serio,  tanto com os associados como com  Haroldo e sua família”, disse. 

O presidente Álvaro explica que o local tem capacidade para cerca de 200  tanques “ali caberá uma quantidade elevada de tanques coletivos e cada associado poderá ter,  independente, tanques especiais e cuidar do que é seu. No lago do Cipó o espaço  é limitado, com capacidade para 13 tanques,  e o importante, disso é que, com o aumento dos tanques, a associação terá produção bastante elevada”, reconheceu, exemplificando que a  a empresa Jatobá, mantém 110 tanques na Usina Mendonça e  tira uma tonelada de peixes por dia. 

 

Produção é vendida a empresas

Os peixes produzidos nos tanques da associação são comercializados através de empresas especializadas da região, que buscam os peixes vivos e dão a destinação comercial. “Só podemos comercializar para empresas com know hall, isto é, que tenham experiência no assunto, empresa especializada. Não podemos, por exemplo, vender no comércio local, porque eles não têm licença especial para mexer com  peixes”, ressalvou o presidente Álvaro. 

Atualmente, a Associação está vendendo sua produção para duas empresas, uma de Igarapava e outra de Uberaba.  Mas o lucro ainda não é suficiente para ser dividido entre os produtores. “Já temos uma renda que dá pra manter a Associação, na compra de alevinos, nas despesas que advêm do negócio, mas ainda não há retorno para os associados, pois tudo o que entra é para manter a Associação. A psicultura, no nosso caso, é um negocio para dar retorno a médio e longo prazo, porque precisamos de apoios, de ter uma infraestrutura, uma sede, um local para mais tanques”, esclareceu.

 

Becão, ‘o braço direito da associação’ 

Ao falar sobre a Associação, Álvaro reconheceu que o pescador José Roberto, o Becão, é o suporte de que a  associação precisa, dada à sua vasta experiência como pescador profissional. 

Becão, 50, faz parte do grupo dos mais antigos  pescadores profissionais do rio Grande, mas hoje ele não pesca mais  no rio, só trabalha com peixes criados nos tanques. “Canoa no rio agora é para passeio ou a trabalho, pra pescar, não. Desde que comecei com os tanques nunca mais joguei rede no rio”, confessou em entrevista ao ET. 

Becão,  o primeiro sócio da Associação,  trabalha em sistema de parceria com a cooperativa.  “Nossa parceria consiste no seguinte: compramos os alevinos,  alimentos, tudo o que precisamos compramos  juntos. Fico com a minha parte, dividimos  as despesas e  pago cuidando do que é de todos. Criar peixes não é só trazer e jogar no tanque, não. Tem técnica, precisa cuidados desde o transporte, ver a  temperatura da água, a oxigenação. Depois vem o trato diário, os medicamentos quando necessário, mudança  de tanque. É uma rotina de trabalho diária”, explica, ressaltando, com a confirmação de Álvaro de que tudo é anotado em uma planilha, para análise e conferências. 

Becão e Álvaro informam que a associação começou com mais de 30 membros, mas hoje são 22, embora outros já manifestaram interesse em fazer parte.  Cada associado contribui com R$ 20,00 por mês.  “O lucro não é imediato, estamos caminhando  aos poucos, não temos capital. Essa é uma atividade de retorno de médio a longo prazo e algumas pessoas desanimaram, outras não têm vocação, mas estamos crescendo e a partir da instalação dos novos tanques, aí sim, vamos começar a ter um retorno satisfatório, graças ao apoio da Prefeitura, inclusive na parte técnica e essa é uma ajuda necessária para que a Associação possa  ter condições de ter uma boa produção no futuro”, reconhecem.  

 

Álvaro quer frigorífico de peixes

O presidente da Associação Álvaro Reis projeta um crescimento grande para a Associação, a ponto de construir um frigorífico para processar e vender a produção. “A título de ilustração, estivemos na empresa M. Cassab, em Rifaina, que cria 400 mil alevinos e a meta é produzir 20 toneladas/dia, só que eles produzem, processam, comercializam e exportam. Ter um frigorífico de processamento no município futuramente será um negócio viável, ou por parte da Associação, que é o nosso sonho, ou  de terceiros”.  

O secretário Luiz Constantino Bizinoto explica que o pescado  é o único produto que pode dar uma boa margem de lucro para o produtor. Os alevinos são comprados em Sales de Oliveira, mas já está em estudo a possibilidade de se criar os alevinos aqui no município. Para isso, Álvaro Reis, que é químico, já visitou o laboratório em Sales de Oliveira e retornará para cursos para futuramente Sacramento ter o seu próprio  laboratório de produção dos alevinos. “Temos na horta comunitária cinco lagos que podem servir para o desenvolvimento dos alevinos. O prefeito deu todo o apoio e o Álvaro está muito interessado em  desenvolver o projeto, porque desenvolvendo os alevinos aqui, vai baratear muito para eles”, informou o secretário.  

De acordo ainda com o presidente, a Associação  conta hoje com 22 associados, mantém  nos três tanques cerca de 9 mil alevinos, que este ano renderam cerca de sete toneladas de peixes, isto porque a captura ocorre a cada seis meses, por falta de tanques para manter os peixes de diferentes idades, a exemplo do que faz José Roberto Batista de Oliveira,  que mantém dez tanques no local e tem uma produção de cerca de 500 quilos de peixes por mês.