O jovem empresário Cacildo Flávio Bizinotto, 36, proprietário da Agro Sementes está radiante comemorando os dez anos de sua empresa, fundada em 1º de junho de 2001. A data foi celebrada no sábado, 9, na no salão de festas da chácara Gamela, do amigo José Rosa Camilo. A animação reinou absoluta com muitos amigos, parceiros, clientes, muito churrasco, cerveja geladérrima e música boa com a dupla Russo e Rafael, de Uberaba. E Cacildo não segurou as lágrimas ao mostrar o vídeo dos dez anos e receber os aplausos dos presentes. “Essa é uma forma de agradecer aos funcionários, ex-funcionários, aos fornecedores e, principalmente aos produtores, porque sem eles não existiria a Agro Sementes”, reconheceu agradecendo a todos.
Sacramentano, Bizinotto de pai e mãe, portanto, 'italiano P.O.', filho de Pedro Bizinotto Neto, de Sacramento e Matilde de Luordes Bizinoto, de Conquista, Cacildo, tem muito a agradecer: primeiro, a Deus e a Nossa Senhora Aparecida, de quem é devoto e mantém à vista nos escritórios a imagem da santinha e, depois, a muitas, muitas pessoas, sobretudo ao filho Vinícius; aos ex-sócios, Alex Vilas Boas, Mirim (Vladimir Berlese) e Alan de Menezes Lima, familiares e amigos.
Cacildo que está iniciando uma quarta fase da empresa, que terá uma filial no Piauí, além da expansão dos negócios, está curtindo merecidas férias na Austrália, onde foi se encontrar com o filho Vinícius, fazendo estágio naquele país. Não sem antes conversar com o ET e contar um pouquinho de sua trajetória.
ET - Como começou a Agro Sementes?
Cacildo - A Agro Sementes foi fundada em 1º de junho de 2001. Na época eu era funcionário do Sindicato Rural e da Prefeitura, fiquei desempregado e surgiu a oportunidade de uma sociedade para a venda de sementes soja, milho, hortaliças. Faltavam esses produtos na cidade e o Alex Vilas Boas, Mirim Berlese e eu resolvemos abrir a Agro Sementes. Alex ficou só três meses, o Mirim e eu continuamos por dois anos na sociedade, até que permaneci como único proprietário.
ET - Mas antes da Agro Semente, rolou muita história debaixo da ponte... Fale de sua infância, onde nasceu...
Cacildo - Nasci na roça. Mudamos pra cidade eu tinha nove anos e oito meses e, logo após, mamãe faleceu. Voltamos pra fazenda, eu estudei com minha tia Cirley, na escola da Mumbuca e continuei depois aqui na cidade, na EE Afonso Pena, Barão da Rifaina e Coronel. Aos 13 anos, eu trabalhava com a Tereza Scalon, do Escritório, rodava a cidade de bicicleta levando papeis do escritório. Terminando a 8ª série e com 14 anos fui fazer o curso Técnico Agrícola, em Uberaba.
ET - Que faculdade você cursou?
Cacildo – O curso superior veio só agora, bem mais tarde, porque eu fui pai muito novo, eu tinha 17 anos quando o Vinícius nasceu. Eu tive então que me virar. Concluí o curso Técnico Agrícola e fui trabalhar. Parei os estudos e só recentemente, cursei Processos Gerenciais, na Uninter. Concluído o Técnico, fui trabalhar na Terra Roxa, cuidar dos bichos lá. Depois, fui trabalhar no Sindicado dos Produtores Rurais. Sr. João Osvaldo era o presidente e o Sindicato estava iniciando o programa de inseminação artificial e fui contratado como técnico. Em 1997, o Biro entrou na Prefeitura e iniciou também esse programa de inseminação artificial na Secretaria de Agricultura e Pecuária e me convidou. Então, eu era técnico do sindicato e da prefeitura. Rodei o município inteiro, fazenda a fazenda, tanto pelo sindicato como pela prefeitura. Fui conhecendo pessoas e a realidade do município. No final de 2000, fui demitido tanto da prefeitura como do sindicato...
ET - Mas valeu a experiência, porque esse conhecimento geográfico do município e de sua carência abriu as portas para a criação da Agro Sementes...
Cacildo - Exatamente! E como abriu. Foi aí que veio a idéia, ao perceber a carência do município nessa parte de sementes. Quando abrimos a Agro Sementes, eu conhecia o município de Sacramento, fisicamente, inteiro. Abrimos a loja sabendo o que o município precisava, só que não sabíamos que o desafio seria tão grande. E como passou rápido, já estamos celebrando o décimo ano da empresa e vivenciando já uma quarta etapa.
ET - Então vamos falar dessas etapas...
Cacildo - Chamo de primeira etapa ou primeira fase, os primeiros anos. Alex saiu logo no início, três meses depois da abertura. Ficamos Mirim e eu. No segundo ano, iniciamos com defensivos agrícolas, fizemos a primeira parceria com a Monsanto. Inclusive, o lançamento da Monsanto no município aconteceu num Dia de Campo na fazenda do Carlinhos Batista e, depois, num outro Dia de Campo, na fazenda de Hugo Rodrigues da Cunha, um projeto de pastagem que tínhamos com a Monsanto. E a Monsanto se consolidou conosco. Foi a primeira fase.
ET – A segunda...
Cacildo – Começou a partir de uma avaliação que fizemos, constatando que nos faltava muita coisa. Faltavam outras marcas interessantes do Mercado, mas esbarrávamos em muitas dificuldades, porque não tínhamos história, não tínhamos crédito, não tínhamos experiência, enfim, éramos novos no mercado. Foi quando firmamos algumas parcerias de redistribuição, uma delas era a Dedeagro, de Franca. E, mais tarde, já no quarto ano começamos com a Bolsa de Agronegócios de Franca, em parceria com Alan Menezes de Lima. A partir daí, a Agro Sementes ganhou uma nova cara. Foi uma nova oportunidade de negócios. Ampliamos a nossa carteira de fornecedores e produtos. Entraram a Cheminova, Arysta, Stoller, estávamos então numa nova etapa, quase cinco anos depois e as coisas foram se consolidando, o faturamento foi aumentando também.
ET - Quando começou a terceira fase?
Cacildo - Uns três anos depois, no início de 2008, marcando a saída de Allan da Agro Sementes e a minha saída da sociedade da Bolsa de Agronegócios. Foi quando eu iniciei essa fase, digamos 'solo', já com a Agro Sementes consolidada, com uma carteira de clientes forte no mercado, uma carteira de fornecedores e produtos muito boa. A partir daí, já tínhamos condições de concorrer com os outros.
ET - Essa concorrência nasceu em função do aumento da produção? Vocês foram os pioneiros?
Cacildo - Não, não fomos. Eu não conheço muito bem essa história dos pioneiros em Sacramento. Mas eu me lembro da Camig, administrada na cidade pelos irmãos Luiz e Marcos Alves, ligada ao governo de Minas. A Camig fechou e o Luiz continuou sozinho com a Comag. Acho que eles foram os pioneiros. Teve também a loja do Seu Elias Loiola. Quando entramos no negócio, existiam na cidade outras duas lojas, a Junqueira e Razera e a Razera Agrícola, que não existem mais. E hoje somos sete empresas do ramo estabelecidas na cidade e, aproximadamente, outras 23 itinerantes. Então, eu digo que essa concorrência nasceu um pouco em função do aumento da produção, mas também das novas tecnologias, novos produtores, enfim, do agronegócio. Porém, ultimamente, está ficando apertado, as margens estão diminuindo, porque os clientes continuam os mesmos, ou até diminuindo, isto é, o mesmo bolo dividido para uma maior quantidade de pessoas. Por isso estou indo para uma quarta fase.
ET – A quarta fase que você fala tem algo a ver com a invasão da cana de açúcar no município?
Cacildo – Tem tudo a ver. Aliás, eu diria que a quarta fase da Agro Sementes está em focalizar um novo produtor que já detém 30% da área plantada de cana de açúcar no município. São aqueles arrendatários de terras que estão migrando para a cana. Ao invés de plantarem soja ou milho, como sempre fizeram, estão plantando cana para vender para as usinas, em função do bom preço do produto no mercado. Então, perdemos clientes e áreas de grãos que passaram para a cana. E, claro, sem deixar de focalizar também os produtores de batata, soja, milho e feijão.
ET - Quem planta os outros 70% de cana de açúcar?
Cacildo - Os próprios usineiros, com seus arrendamentos diretos com os donos das terras. Mas esses não são nossos clientes. Eles negociam diretamente com as multinacionais.
ET – Qual a política ou qual o marketing adotado pela Agro Sementes para vencer mais uma fase?
Cacildo - Estamos mudando a estratégia, adequamos toda a equipe de vendas, reestruturamos a equipe de vendas para atender aos produtores de grãos, batata e de cana. Entramos com três novas multinacionais que têm produtos específicos também para a cana: a Bayer, Ourofino e FMC, esta última líder no mercado em produtos para cana, batata, soja. Em síntese, a Agro Sementes adotou novas estratégias de mercado, para não deixar o faturamento cair, por isso, ampliamos o nosso leque de atuação. Hoje, quem quiser continuar nesse mercado vai ter que se adequar e muito rápido. Aquilo que gastávamos três a quatro anos para fazer, terá que ser feito em um ano, do contrário estaremos fora do mercado. Há mais de um ano estamos com uma consultoria administrativa, que desenvolveu um plano de negócios que reestrutura a Agro Sementes dentro de uma visão moderna de revenda agrícola, além da expansão dos negócios.
ET – Podemos, então, falar de uma quinta fase, a expansão das lojas na região?
Cacildo – Eu diria que essa expansão nasceu junto com a quarta fase. Temos dois projetos de expansão de loja, uma na região e outra no Piauí, na última fronteira agrícola do país. Além da loja, estamos indo com um grupo de produtores de grãos: Paulo José Marincek, Túlio Sérgio de Carvalho, Humberto Machado e eu, vamos também plantar grãos e investir na expansão da Agro Sementes em Bom Jesus do Piauí, no sudoeste piauiense, que é a última fronteira agrícola brasileira, com terras muito férteis próprias para grãos. Bom Jesus fica na região conhecida como Mapito, porque é parte do Maranhão, parte de Piauí e parte de Tocantins. Os governos do Piaui e Maranhão têm incentivado muito os produtores de grãos a abrirem áreas nos seus estados. Já existe uma logística boa para escoamento de grãos e uma infraestrutura boa pra começar. Assim, nessa quarta fase da Agro Sementes, além da adequação às exigências do mercado, vamos expandir os negócios.
ET – O que a Agro Se-mentes tem feito em relação à proteção e conservação do meio ambiente? O que se sabe é que as usinas de açúcar e álcool são as maiores pre-dadoras do meio ambiente...
Cacildo – A Agro Sementes vem há alguns anos, fazendo um pequeno trabalho de conscientização sobre o uso de defensivos agrícolas e devolução de embalagens. Fazemos também uma ação de conscientização em parceria com a Monsanto sobre a preservação de nascentes, cursos d´água, matas ciliares, as chamadas APPs. Mas agora, a partir de 2011, iniciaremos com a própria Monsanto uma parceria para desenvolvermos projetos ambientais e sociais. Ela, como multinacional, tem os projetos dela, e agora exige que as revendas façam ações ambientais nos municípios em que atuam. Seremos agora pontuados anualmente por uma consultoria que virá avaliar se estamos ou não fazendo essas ações.
ET - É verdade que os dez anos da Agro Sementes também serão marcados com o início de novos investimentos no município?
Cacildo - Sim, paralelamente, á Agro Sementes, vamos iniciar com o plantio de café, reflo-restamento mogno africano e reflorestamento com eucalipto, no município. Serão 85 hectares de área plantada, 35ha com café, 20 ha com mogno e 30 ha com eucalipto. Isso faz parte da quarta fase da Agro Sementes e de uma participação direta minha como produtor.
ET - Você considera que, ao viajar para a Austrália para buscar seu filho Viní-cius, estaria fechando esses dez anos da Agro Sementes com chave de ouro?
Cacildo - Eu penso que sim. Depois de tudo que conseguimos, depois de todas as dificuldades e crises vivenciadas, superamos tudo com muito trabalho e dedicação. Por isso, eu diria que sim, estamos fechando com chave de ouro esses dez anos da Agro Sementes e com esse grande prazer de poder viajar até a Austrália para buscar meu filho que está nesse país desde janeiro aperfeiçoando seu inglês através de um inter-câmbio. Retorno no final de jullho e, a partir de agosto, reiniciamos nosso trabalho, alternando nossa estada entre Sacramento e Piauí.
ET - Prá terminar, qual o sentimento que fica ao olhar para trás e ver a Agro Se-mentes completar dez anos?
Cacildo - Olha, não foi fácil. Nunca ganhei nada de ninguém. Minha vida não foi fácil. Foram muitos obstáculos superados. Hoje comparo, através de coisas simples, o que eu tinha e o que tenho hoje, o que passei e o que vivo hoje, as amizades que eu tinha e as que tenho hoje. Não me preocupo com o financeiro, mas com as pessoas que convivem sinceramente comigo, os amigos que possuo. Digo sempre que a Agro Sementes vale a agenda telefônica dela. Mas foi uma estrada muito difícil, foram muitas noites sem dormir, muitas vezes sem almoço, muitos finais de semana andando nas fazendas, muito chão rodado, muitas crises, muita falta de dinheiro. Porém, vencemos, embora esse negócio nosso seja de alto risco, de inadimplência, quebradeira... Mas, graças a Deus, hoje eu olho para trás e penso que valeu a pena... E só tenho que agradecer.
DEPOIMENTOS
Na festa em comemoração dos dez anos da Agrosementes, muita animação, alegria, amizade como uma grande família. Pura descontração. E uma ótima oportunidade de o ET conhecer aqueles que fazem parte da história da empresa e pegar uma palavrinha de alguns poucos.
“Estou voltando para as minhas origens, porque a Agrosementes foi meu primeiro emprego. Éramos dois funcionários, a Lívia e eu. E foi com uma satisfação muito grande que aceitei o convite de Cacildo pra retornar à empresa, no ano em que completo dez anos nessa área e a Agrosementes dez anos também.. Cacildo é mais que patrão é um grande amigo que fiz no meu primeiro emprego. Retorno parabenizando-o pelo sucesso nesses dez anos”. (De Helber Giani Pires Nascimento, 33, o primeiro funcionário da Agrosementes. Helber, que é natural de Goiatuba (GO), radicado em Uberaba, saiu da empresa e retorna nessa nova etapa)
“Para nós, produtores, a Agrosementes foi sempre uma empresa muito boa. Chegamos ao final desses dez anos muito agradecidos. São dez anos de negócios. Cacildo é parceiro, amigo e estamos juntos nesses dez anos e vamos continuar. Graças a Deus estamos partindo um pouquinho mais pra longe, mas as raízes vão ficar aqui, as dele e as minhas, afinal sou sacramentano. Trinta anos de Sacramento me faz ser sacramentano”. (Paulo Marincek, produtor)
“A Agrosementes é uma autêntica empresa sacramentana. Vieram pra cá outras empresas, mas com matrizes em outras praças; a Agrosementes, não, ela é sacramentana, por isso temos que parabenizar o Cacildo e agradecê-lo por nos trazer essa empresa que tem sido muito boa pra nós, pra cidade e para a região”. (Cesar Pirajá, produtor)
“Cacildo é um empresário exemplar. Conheço-o desde criança. Ele se formou como Técnico Agrícola e empunhou a bandeira pra ser um bom profissional. Ele se dedica de coração a todos os empreendimentos rurais de Sacramento, é um vendedor exemplar, amigo e um grande profissional, que venceu e vencerá sempre nos seus empreendimentos”. (Paulinho Araujo, produtor)
“Pra gente que tem um laço de amizade com o Cacildo, é uma satisfação muito grande fazer parte desse acontecimento e poder comemorar esses dez anos da Agrosementes. Cacildo é muito dinâmico, arrojado, muito comunicativo, por isso tem uma clientela muito grande, e por isso acredito que ele vai continuar por muitos e muitos anos fazendo bons negócios com nós produtores”. (Álvaro José dos Santos - Álvaro Andrade, produtor)
“Agrosementes é o braço direito dos nossos negócios. Cacildo nos dá muita assistência e isso tem que continuar. Cacildo é um menino que sabe o que faz. Estão falando que ele vai pra outros lados, se ele for nós vamos também. O lugar dele é aqui ao nosso lado, nesses dez anos ele tem sido ótimo pra nós, pra família inteira”. (Antônio Roberto Pinton, ao lado da esposa Florinda, dos filhos Júnior (Fabiana) e José Adriano ( Amanda).
“A Agrosementes é a nossa parceira. Cacildo e eu temos bons negócios, somos amigos. Agora com a entrada da nova empresa, a Bayer ficará melhor ainda porque eu já trabalho com a Bayer, fiquei feliz de eles estarem com Cacildo, porque são dez anos que estamos juntos e aí fica tudo em casa”. (Túlio Cesar de Carvalho).
“São dez anos da Agrosementes no mercado e a Stoller é muito agradecida por esses quatro anos de parceria. Foram quatro safras de muito sucesso e hoje a Agrosementes entrando nessa quarta etapa, a Stoller investindo na empresa para juntos crescermos mais e podermos levar as soluções que pretendemos para o mercado de Sacramento. A nossa é uma parceria que veio pra ficar”. (Daniel Amado, representante da Stoller)
“São dez anos de Agrosementes e dez anos de parceria com a Agroceres e é hoje uma empresa consolidada. Temos que cumprimentar o Cacildo, porque uma empresa que comemora dez anso é uma empresa que tem uma trajetória de sucesso e é por isso que a Agroceres o escolheu como parceiro na região de Sacramento. E, desejamso que essa parceria com a Agroceres continue por dez, vinte, trinta anos, sempre”. (André Centenaro, representante da Agroceres).
“A gente vê esses dez anos da Agrosementes liderada com um trabalho de qualidade, buscando trazer produtos e acompanhamento aos produtores. São benefícios para o produtor, benefícios para Sacramento. Parabenizo Cacildo em nome do Sindicato, e em meu nome em particular. Cacildo e eu trabalhamos juntos no Sindicato e depois vimos nascer a Agrosementes que é esse sucesso que conhecemos”. (Hermógenes, presidente do Sindicato Rural)