Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

‘Parada Gay’ foi mais uma concentração do que desfile

Edição n° 1285 - 25 Novembro 2011

 

Era para ser a 1ª Parada Gay de Sacramento, mas não foi o que o grande público presente viu. Foi mais uma concentração de pessoas entre a praça Franklin Vieira e a av. Ana Cândida, no bairro de Na. Sra. do Perpétuo Socorro. Apesar do empenho e da boa organização dos idealizadores, Rafael Peres de Oliveira e Michael Matheus, aqueles que seriam os donos da festa não compareceram. Ou pelo menos não se identificaram. Mas o prestígio foi grande, o público agitou o novo point durante toda a tarde até as 19h. 

Mesmo assim, para Rafael, a festa superou todas as expectativas. Residente em Sacramento há dois meses, o paulista de S. José do Rio Preto, Rafael Peres, em entrevista ao ET, disse que veio para Sacramento para se casar. “O pessoal chamou pra realizar a parada, aceitei na hora. Por que não comemorar nosso dois meses na cidade e também o primeiro casamento gay, em conformidade com a lei e tudo o mais?”, perguntou à repórter, que logo mudou de assunto. 

Segundo a dupla de organizadores, o apoio “veio da Marissol, da Rosemary e de mais uma porção de gente que nos apóia. Nossa meta é acabar com o preconceito, a homofobia que é muito grande”, ressaltou, explicando que o evento é aberto a todos. “Qualquer pessoa pode participar, descontrair. É uma festa colorida, animada, com muito respeito, enfim como qualquer outra festa. Cada um se veste como quiser é só alegria”, afirmou. 

Não temos preconceito e a parada é pra acabar com o preconceito, pra mostrar que todo mundo é igual a todo mundo”. E de fato a parada  que foi acompanhada por um bom público, atrás do trio elétrico, , seguiu pela avenida, até a primeira rotatória, em local plano e retornou ao início onde foram realizados três shows com dragqueens, de Uberaba.

 

 

Rafael desmente disse-me-disse

 

 

Muita especulação rondou a festa, mas a festa acabou se realizando sem nenhum incidente e na data prevista. “No inicio temíamos que a cidade fosse muito preconceituosa, mas não encontramos nenhuma barreira. Muito pelo contrário. Tivemos apoios da Câmara, da Prefeitura, do comércio. É claro que muitos pediram pra não ter o nome divulgado e a gente respeitou, mas não faltou apoio para bancar essa primeira festa”, reconheceu.

Garantiu também Rafael que não recebeu nenhuma objeção por parte do ministério público, conforme muitos comentaram. “O promotor não fez nenhuma objeção, nem houve motivo, pois seguimos todas as exigências legais, inclusive com a vistoria do local pelo corpo de bombeiros. A Polícia Militar deu todo apoio”, dissemais. 

Mas não deixou de registrar um fato que, segundo ele, o chateou. “Um único fato que me chateou muito foi a visita de um pastor, não vou falar o nome, mas vamos fazer um boletim de ocorrência. Encontramos com esse pastor na rua e ele disse que precisávamos conversar. Que era um assuntou muito grave. Essa semana ele apareceu lá em casa e falou que não  podíamos fazer o evento, falou, falou... Isso é desrespeito. Foi muita falta de ética dele.  Se ele é de Deus, também somos e se realizamos esse evento é porque Deus apoiou”, rebateu, finalizando.

No local funcionaram os bares em tendas, além dos bares nas imediações e de acordo com Rafael, tudo estava legalizado. “Temos a nossa estrutura de bares com bebidas, mas estamos com o alvará da Infância e Juventude e menores não podem comparecer sem os responsáveis e temos os policiais que dão um grande suporte”. E, Rafael se confessou satisfeito com os apoios e o evento em si. “Fiquei muito satisfeito com todo o apoio que tivemos aqui. Na minha avaliação foi mais fácil que em São Paulo, onde estivemos por seis anos”, avaliou. 

 

 

Depoimentos de três assumidos

 

 

Muito assediados alguns integrantes da parada, bem produzidos, eram clicados ao lado de muitas pessoas que foram apoiar a festa. Um deles, o sacramentano, Michel Rodrigo Dias, disse que não poderia deixar de apoiar o evento, por isso estava ali. “Sacramento tem uma condição muito grande para realizar uma parada e temos que prestigiar. Jamais deixaria de vir numa festa que é nossa, que é do povo. E vim a caráter, trazendo minha personagem para a festa e esta será a primeira de muitas outras que virão”, afirmou. 

O uberabense Dalet Blue, também avaliou positivamente a festa e parabenizou os organizadores. “É muito importante essa festa aqui, para esclarecer, conscientizar a população sobre essa questão da homofobia. Foi muito válida a iniciativa dos meninos. A semente foi plantada e nós viemos de Uberaba para esse dia histórico e colorir ainda mais a festa”, destacou. 

Amanda Vidal, também de Uberaba atraiu a atenção do público pela beleza e simpatia. Pudera! Ela é Miss Glamour Gay Brasil eator  transformista. “Muito bem organizada a festa, que está bonita, animada, um público maravilhoso e isso é importante para desmitificar, acabar como esse preconceito que existe. Foi com uma alegria muito grande que aceitei o convite, precisamos mudar a visão das pessoas sobre nós, pois ainda somos muito marginalizados”, queixou-se. 

Destaque para Pandora e suas filhas, da cidade de Araxá.