Técnicos do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) das regionais de Uberaba, Uberlândia, Patrocínio e Patos de Minas reuniram-se em Sacramento nos dias 16 e 17, para um curso sobre o controle da raiva transmitida pelo morcego hematófago (Desmodus rotundus, que se alimenta de sangue), responsável pela morte de muitos animais anualmente no município e região.
A iniciativa do curso é do próprio IMA, conforme explica Dâmasu Pacheco Ribeiro, responsável pelo instituto no município. “O IMA realiza um trabalho permanente de combate ao morcego hematófago, que ataca aves e mamíferos, e é transmissor da raiva. E por Sacramento possuir uma alta receptividade de morcegos, optou por fazer o treinamento no município”, justifica, destacando que “essa medida faz parte do convênio com o Ministério de Agricultura, que determina o treinamento de técnicos para a captura desses morcegos, porque a captura e o controle só podem ser feitos por pessoas capacitadas através de treinamento específico e imunizadas contra a raiva”.
De acordo com Dâmasu, o treinamento é muito importante, porque o município perde centenas de animais vítimas da raiva transmitida pelo morcego. “É um prejuízo grande para a bovinocultura local, por isso sempre recomendamos os produtores a vacinarem o rebanho contra raiva, e uma de nossas ações de controle é a recomendação aos criadores de gado para que comuniquem a existência de abrigos de morcegos, ocorrências de mordeduras e mortes nos rebanhos cuja causa seja considerada desconhecida”.
Nem todo morcego é hematófago
Nem todo morcego é hematófago, alerta o médico veterinário, Diretor Coordenador do Programa de Raiva dos Herbívoros de Minas Gerais, Márcio Geraldo Ribeiro, que ministrou o curso. “Nem todo morcego vive de sangue, há também na natureza duas espécies de morcegos que são benéficos, responsáveis pelo equilíbrio ecológico, que são os morcegos insetívoros e frugívoros, que não devem ser exterminados”, informou.
Ribeiro fala da importância de os produtores rurais estarem atentos aos sintomas e aos possíveis abrigos de morcegos. “O produtor é um parceiro nosso, porque é ele que vai nos informar se há cavernas, casas abandonadas, vãos de pontes, que são os locais onde são encontrados os vampiros”.
Ressalta ainda, que o IMA recebe muitos pedidos de pessoas para a retirada de morcegos dos forros das casas, mas ressalva que este não é o papel do IMA. “Esses não são morcegos hematófagos e, além de não fazerem mal à natureza, a pessoas, nem a animais, não é trabalho nosso fazer a captura. Mas ainda assim orientamos as pessoas como proceder, vedando as entradas, ou como fazem em alguns países, construindo as chamadas casas de morcegos (bathouse), porque sabem da importância deles para a natureza”.
De acordo com Márcio Geraldo, o controle é feito com pasta vampiricida que é passada nas costas de alguns morcegos que são soltos no abrigo e, como os vampiros lambem uns aos outros, toda a colônia é dizimada entre cinco e 15 dias.
Aula prática dizima dois abrigos de morcegos
No final das tardes nos dois dias de curso, os técnicos tiveram a aula para a prática da captura com o técnico Jomar Otávio Zatti Pereira, de Belo Horizonte, em duas regiões do município. Na região do Pedroso foi encontrada uma caverna com 150 morcegos; 79 deles foram capturados para receberem a pasta vampiricida. Já na região das Sete Voltas, a captura foi adiada a espera de técnicos especialistas em escaladas, pois a caverna está numa das fendas da serra.