A equipe de extensão do projeto 'Vida por Escrito de Carolina Maria de Jesus', publicado pelo Prof. Sérgio Barcelos, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ, enfocando todo o acervo escrito da escritora sacramentana, está propondo junto aos órgãos responsáveis do município e do estado, o tombamento da parte do acervo de Carolina que está sob a guarda do Arquivo Público de Sacramento.
A equipe, formada por Eliana Garcia Vilas Boas, Geny Ferreira Guimarães, Luana Santos Gonçalves e o Prof. Sérgio, está buscando no momento apoio junto a instituições e pessoas interessadas no projeto para que apoiem essa iniciativa.
“- Nosso interesse, nesta fase do trabalho, é buscar o apoio de todos: quanto mais, melhor, a fim de reforçar a importância desse tombamento, que vai representar uma apropriação identitária dos escritos de Carolina, que se encontram no Arquivo Público do município”, justificou Eliana, acrescentando que o tombamento vai contribuir para a divulgação da obra: “Como Carolina é conhecida no Brasil e internacionalmente, o tombamento vai representar mais uma forma de divulgação de sua obra, enfatizando aspectos ainda desconhecidos”.
Para Luana, quando um bem é reconhecido e tombado, cria-se possibilidades legais a assegurar a preservação do mesmo, o que elevará a importância da cidade de Sacramento, local onde a escritora nasceu e que faz a custódia do seu arquivo. Além de que, o tombamento da obra de Carolina favorecerá o seu maior reconhecimento, abrindo possibilidades para que as escolas trabalhem mais o seu nome e que a escritora seja estudada pelos alunos, objetivando tornar leitura acadêmica obrigatória como acontece em escolas estrangeiras como por exemplo nos Estados Unidos.
De acordo com a arquivista Eliana, que ajudou o Prof. Sérgio Barcelos na organização do acervo, no Arquivo Público da cidade, em 2013, o material relacionado à vida de Carolina, e que está registrado no livro “Vida Por Escrito “é constituído de 37 cadernos originais da escritora, cinco fotografias, cinco quadros a óleo, composições musicais e alguns livros que Carolina mantinha no seu acervo pessoal, além de reportagens de jornais. “Enfim, todo esse conjunto documental que corresponde ao Fundo Carolina Maria de Jesus, tem um potencial ainda muito grande a ser explorado, o que por si só justifica o tombamento desse precioso acervo”, justifica Eliana.
O restante do acervo documental de Carolina Maria de Jesus está sob a guarda de outras três instituições, Biblioteca Nacional, Instituto Moreira Sales e o Museu Afro Brasil. “Da mesma forma, esse conjunto bibliográfico e documental da escritora, distribuído nessas instituições, poderá ser tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Em Sacramento, vamos apresentar a proposta de tombamento ao Conselho Municipal de Patrimônio, além de apresenta-la ao IEPHA/MG (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de MG”.
Apoio do município
O mais importante agora para a equipe é mobilizar a sociedade como um todo em busca desse apoio. “Estamos atrás de pessoas e instituições que venham nos ajudar com essa intenção; que todos reivindiquem também o tombamento” diz Eliana. “- Acreditamos que o secretário Carlos Alberto Cerchi vai se empenhar nesse tombamento, tendo em vista ser ele um dos grandes divulgadores da obra de Carolina”.
Questionada sobre como a sociedade pode apoiar a iniciativa, Eliana explicou o seguinte: “Isto poderá ser feito de maneira muito simples, através de pequenos textos, justificando o apoio ao tombamento; e através das redes sociais, no link do portal, ‘Vida por Escrito’. “Enfim, precisamos desses depoimentos, porque como a iniciativa não partiu de uma instituição, mas de pessoas físicas, um dos critérios exigidos pelos órgãos governamentais é o apoio da população. E é exatamente isso que estamos buscando para efetivar a ideia, ou seja, esses depoimentos serão apresentados ao Conselho Municipal de Patrimônio e ao IEPHA”, explica Eliana, informando que os textos de apoio poderão ser entregues no Arquivo Público ou via internet, através do portal ‘Vida Por Escrito’, que pode ser acessado pelo link https://www.vidaporescrito.com, a fim de apoiar a iniciativa.
O que é o projeto Vida Por Escrito
O projeto Vida Por Escrito, idealizado pelo professor Sérgio Barcelos (UERJ), premiado e elaborado através de recursos da Fundação Nacional de Arte (Funarte), com apoio do Ministério da Cultura e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial foi concluído em 2014, depois de exaustivo trabalho do professor no Arquivo Público de Sacramento.
Para Eliana Villas Boas, que ajudou na pesquisa e organização do acervo, “o projeto representa uma das primeiras iniciativas que possibilitaram uma divulgação ampla do acervo de Carolina Maria de Jesus, interligando todas as quatro instituições que fazem a custódia da sua obra no país: o Arquivo Público de Sacramento, a Biblioteca Nacional, o Instituto Moreira Sales e o Museu Afro Brasil. Este foi um trabalho muito importante, porque fez um levantamento de todo o acervo da escritora sacramentana, tendo sido o acervo devidamente arquivado em caixas próprias (ph neutro), que ajudam na sua conservação”.
Sobre as condições em que se encontra o acervo hoje, Eliana, que trabalha no Arquivo Público, explica que os documentos estão devidamente acondicionados e que recentemente o Prof. Carlos Alberto Cerchi, secretário, conseguiu uma parceria com o Arquivo Público de Uberaba para sua digitalização.
A equipe responsável
Eliana Garcia Villas Boas é sacramentana, graduada e pós-graduada em História e arquivista no setor de Turismo e Patrimônio da Secretaria de Turismo e Cultura da cidade; Professor Sérgio Barcelos é carioca, Doutor em Letras, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) idealizador do Projeto Vida Por Escrito; Geny Ferreira Guimarães é carioca, Mestre em Ciências Sociais pela UFRJ e Doutora em Geografia pela UFBA e Luana Santos Gonçalves, também Sacramentana, e acadêmica de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Uberaba (Uniube).