As chuvas que vêm causando destruição e mortes em Minas Gerais, que já conta com 192 cidades afetadas, são incessantes em Sacramento nos últimos dias. O município também não está livre das intempéries, mas o quem tem ocorrido é pouco ou nada em relação ao restante do Estado, que já deixou um saldo de 15 mortes, três desaparecidos e 50 mil pessoas fora de casa.
Na cidade, as fortes chuvas do último sábado, mais uma vez invadiram a av. Ana Cândida, que liga os bairros Perpétuo Socorro e João XXIII, e destruiu boa parte da pista. Exatamente o mesmo trecho recuperado há pouco mais de seis meses, a um custo de R$ 35 mil, após ter sido destruído pelas enxurradas de uma tromba d' água que caiu na região enchendo os córregos, destruindo pontes, deixando ilhados os moradores de Santa Maria e outras fazendas.
Projetada, sem ouvir os moradores do bairro, que alertaram os engenheiros do último governo, sobre as enchentes no córrego Jacá, a Prefeitura colocou apenas dois tubulões de dois metros de diâmetro, insuficientes para canalizar a água, que transborda e inunda a pista.
O pequeno Jacá vira um rio de água no local, sobe, no mínimo, três metros ou mais, além de seu leito, invadindo os terrenos das margens e encobrindo a pista que se transforma também num rio. “Se não ampliarem a vazão da água, vão continuar jogando dinheiro público fora a cada ano”, comentou no dia um antigo morador que à época alertou as autoridades.
Para um engenheiro que acompanhou a reportagem do ET, a obra foi mal projetada. “Para diminuir os custos, construíram a avenida rebaixada, não dimensionando a vazão dos dois ribeirões que a cortam. Poderia ser um pouco mais elevada, no nível da praça do bairro ou até um pouco mais, além de uma ponte, com a largura dimensionada para receber a água, no local dos tubos. Iria encarecer muito a obra e, talvez, até torná-la inviável pelos recursos recebidos”, comentou. Pelas fotos da inundação que vi, não sei se vários tubos vão resolver’’, ponderou.
Mas, enquanto muitos lamentam os R$ 35 mil gastos na recuperação do ano passado, o ET pôde ouvir de pessoas simples, mas com muita visão de vida muitos comentários. Um deles no chamou atenção: “Isso não é nada perto do que muita gente no estado está passando. São cidades embaixo d´água, muitas mortes. Sacramento é abençoada por Deus”, disse e emendou “e por Nossa Senhora”. Dá pra parar e pensar...
Em resumo, antes de reparar o asfalto, a Secretaria de Obras deve proceder um estudo para acabar de vez com o problema.