O empresário rural, Volmir Manzan Demartini, 69, morreu na noite do dia 31 de maio, no Hospital Hélio Angotti, onde estava internado desde o último dia 5. Vítima de câncer generalizado, que irradiou a partir os pulmões, Volmir, o mais antigo coordenador de romarias para Aparecida do Norte, trabalho que fazia há 48 anos, começou a sentir dores nas costas, em fevereiro. Velado no Velório Maurício Bonatti por familiares e amigos, o seu corpo recebeu as bênçãos do missionário redentorista, Pe. Dionísio Foltran Zamuner, e foi enterrado às 17h00, no Cemitério S. Francisco de Assis.
“- Os primeiros sintomas da doença, Volmir sentiu durante a preparação da última romaria, em fevereiro, mas não procurava médico, ele ia deixando, ia para a fazenda, trabalhava o dia inteiro, chegava de tardezinha. Há pouco mais de dois meses, ele me chamou para ir ao Pronto Socorro com ele, porque estava sentindo muita dor. O médico plantonista pediu uma radiografia do tórax e um eletro-cardiograma e disse que poderia ser uma dor muscular. Receitou um remedinho e fomos embora, só que a dor não passou. Ele continuou se queixando e tomando os remédios do médico e outros por conta própria”, conta a esposa Geralda de Lourdes da Silveira Manzan.
No começo de abril, a dor aumentou muito e ele procurou outro médico, o Dr. Fernando, que pediu uma tomografia do tórax, feita no dia de seu aniversário, 14 de abril. Ao analisá-la, o médico o encaminhou imediatamente para Uberaba, dizendo que o caso era muito grave e que o problema dele não era recente”, recorda Lourdes, emocionada.
Conta ainda que, à medida que foram sendo feitos novos exames, em Uberaba, constatou-se a doença. No dia 11 de maio, ele fez a cintilografia óssea. Eu assisti ao exame e percebi, que era só Deus. Não sei se é bom a gente entender um pouco das coisas ou ser ignorante. Ele estava com toda a coluna, os ombros, os quadris e o cérebro afetados. Quando a médica analisou o resultado, pelo abraço que ela me deu – e eu nunca vi médico abraçar alguém assim – eu entendi tudo. Era só Deus”.
A partir de então, Volmir não se recuperou mais. Foi um mês e meio de doença. “Internou-se no dia 5 de maio e, a cada dia, mais debilitado. Até que no dia 17 fez a primeira sessão de quimioterapia. A próxima seria no dia 7 de junho, mas não conseguiu...”, conta. Segundo Lourdes, o marido esteve em Sacramento nos dias 22 e 23, retornando ao hospital na segunda-feira. O seu estado se agravou na última semana, até que veio a óbito às 8h30 da noite do último dia 31, data que assinala o dia da Padroeira da Cidade, ele que foi o grande devoto de Nossa Senhora.
O que matou Volmir foi o cigarro. Segundo ainda Lourdes, Volmir fumava um maço de cigarros a cada dois dias, mas na roça ele fumava cigarro de palha. “O médico me disse que o cigarro de palha vale por cinco cigarros de papel”, diz.
Resignada e com muita fé, Lourdes agradece a solidariedade e orações de todos que apoiaram a família durante a enfermidade de Volmir. “Faço um agradecimento especial às equipes de trabalho do Hospital Hélio Angotti, pelo carinho, atenção e profissionalismo com que nos trataram. Vi ali muita competência, dos médicos, enfermeiros, funcionários como copeiros, faxineiros, técnicos... O atendimento é fantástico”.
Volmir Manzan deixa a esposa Lourdes e os filhos, Marisa e Nilza e um casal de netos.
O romeiro Volmir
Volmir Manzan coordenou durante 48 anos as romarias para Aparecida do Norte. Ele não foi o pioneiro, mas com certeza foi o que teve mais tempo na organização. Antes de assumir a coordenação, viajou com Adelaide Felix, que passou o cargo a João Borges da Cunha. “Durante dois anos fui como romeiro, o João Borges pegou e ficou só um ano, não quis mais organizar e foi quando eu assumi o cargo”, declarou ao jornal em 2006 (Ed.988, de 26/02/2006), no ano em que completava 44 anos à frente da romaria.
Foram tantos anos levando romeiros para Aparecida, que Volmir criou vínculo na cidade, por exemplo, há 39 anos hospedava-se no mesmo hotel, o Nacional. “Somos todos conhecidos por lá. Quando chegamos é uma festa. Alternamos os dias com orações, como a missa da chegada, a missa dos romeiros, a via sacra, a bênção das 15h00, além de passeios alternativos e momentos livres, a viagem dura 12 horas, com várias paradas, respeitando as faixas etárias”, contou.
Com tantos anos, Volmir conquistou também romeiros, pessoas que anualmente seguia mpara Aparecida sempre com ele, digamos 'passageiros cativos”, pela confiança que depositavam em Volmir e sua organização. A última romaria organizada por Volmir foi em fevereiro deste ano, no carnaval, entre os dias 13 a 17. Como dizia: “A fé ainda move as pessoas, graças a Deus e a cada visita ao santuário, são muitas bênçãos”.