Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Família Scalon reúne descendentes em Jaguara

Edição nº 1179 - 13 Novembro 2009

Cerca de 200 descendentes de Luigi Scalon e Antonia Paludo reuniram-se no Parque Náutico de Jaguara, dia 1º para um momento de confraternização e de apresentação mútua entre parentes que há anos não se viam ou que estavam se conhecendo ali pela primeira vez. “Há pessoas aqui que eu não via há muitos anos e há pessoas que nunca vi na vida, esse é o nosso primeiro contato, por isso estou muito feliz”, disse o neto primogênito Sebastião Olinto Scalon, 91, ao lado dos outros seis netos Nair, 88, Sérgio, 87,  Léa, 85,  Antero, 77 e Malvina, 72. Só faltou Gílio que não pôde comparecer.

Luigi Scalon era filho de Ângelo Scalon e, de acordo com as bisnetas Ruth Scalon Afonso e Margareth Scalon Jácomo, as idealizadoras e coordenadoras do encontro, a origem do nome vem da região onde viveram, 'Scaloni'.

Segundo Ruth, essa vila está nos Alpes italianos, fundada em 1240 dC. “Ao fundo há o encontro de duas montanhas que formam uma escadaria natural, daí 'scaloni'. Scalon é uma redução de Scaloni, que vem do latim, 'scala' . atribuímos a isso o nome da família, Angelo do Scaloni, Luigi do Scaloni e assim ficou o nome da família”, justificou 

Reafirmando as palavras de Ruth, a professora de História, Margareth, conta: “Foi em Jaguara que a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro construiu a estação ferroviária, inaugurada em 05/03/1888, nessas terras ricas do antigo Julgado do Desemboque, Sertão da Farinha Podre e Triângulo Mineiro, nossa "Mesopotâmia". 

Segundo a professora, através da iniciativa de acionistas dessa companhia, foi construída a ponte sobre o rio Grande, que se constituiu à época, o viaduto de maior porte já construído no Brasil. “Tal empreitada veio de encontro aos interesses de fazendeiros que pretendiam acelerar o escoamento de sua produção, principalmente a do café, cujo destino era o porto de Santos.  Por esses trilhos, chegavam os imigrantes italianos em busca de trabalho nas lavouras imensas de café que circundavam as cidades de Sacramento e Conquista”, narrou.

A data de entrada dos primeiros Scalon na região foi o finalzinho do século XIX. “Entre esses imigrantes, a família Scalon, vinda de sua terra natal "Ceggia", província de Veneza, da região do Vêneto, passou pelo portal de entrada Jaguara, em 1898, exatamente o nosso ponto de encontro”, explica a neta de Luigi, que está escrevendo o livro intitulado, 'Brava Gente em busca de uma vida melhor', fruto de mais de dez anos de pesquisa e que será lançado em 2010.

Luigi Scalon e Antônia Paludo aqui chegaram com os filhos Maria (Marieta) Scalon (Gobbo), Ângelo Scalon, Alessandro (Alexandre) Scalon, Antonio Scalon, Regina Scalon (Sinibalde), Giuseppe (José) Scalon, Maddalena Angela Scalon, (Jerônimo), Giuseppina (Josefina) Scalon (Orlando) e Ernesto Scalon. 

As organizadoras não conseguiram levantar todos os descentes, que estão espalhados por todo o país. “Não conseguimos levantar todos, mas tivemos a confirmação de 220 descendentes e a partir desses é que vamos poder reunir todos', explica Ruth, feliz com a adesão dos familiares. 

Ainda de acordo com as organizadoras, mesmo na Itália de hoje, noutras regiões há muitos Scalon. “A primeira referência que temos é de Ângelo Scalon, pai de Luigi, ele só teve esse filho, mas acreditamos que todos os Scalon somos todos parentes, está sendo feito o levantamento dos antepassados”, completou Ruth. 


Os descendentes mais próximos de Luigi

Emocionados, os sete netos de Luigi Scalon falaram ao ET, demonstrando principalmente, alegria, felicidade e agradecimento:

* “Estou muito feliz! Há pessoas aqui que eu não via há muitos anos e há pessoas que nunca vi na vida, esse é o nosso primeiro contato, por isso estou muito feliz. Essa comemoração foi ótima. Vovô Luigi faleceu em 1908, não o conheci, só a minha avó, Antônia. Estou emocionado aqui hoje...”, diz Sebastião Olinto Scalon, 91, filho de Ernesto Scalon e Luiza Jerônimo. Sebastião (Lili) é pai de três filhos, tem 7 netos e 1 bisneto. 

* “Estou muito alegre, essa festa está maravilhosa, nem estou acreditando que Deus me deu essa graça de estar aqui, porque a maioria desse pessoal aqui eu não conheço. Gente muito bonita, alegre...”, diz Nair Jerônimo de Oliveira Scalon, 88, filha de Ângela Maddalena Scalon e Hermínio Jerônimo de Oliveira. Nair teve 12 filhos, 33 netos, 21 bisnetos e 11 tataranetos. “Sou a mais rica de todos os netos, não em dinheiro, mas em família. Ninguém tem prole maior que a minha”, diz com alegria.

* “Sinto-me imensamente feliz em rever parentes e conhecer gente nova. A família é muito grande e há pessoas aqui que nunca vi na vida. eu não assino Scalon, mas sou Scalon no sangue”, diz Antero Jerônimo, 77, filho de Ângela Maddalena Scalon. Antero (Terezinha) tem seis filhos, 14 netos e dois bisnetos. 

* “Estou muito feliz e emocionado. É muita alegria ver esse pessoal da família. Nem tenho palavras pra dizer o que estou sentindo, porque é muita emoção”, diz Sérgio Scalon, 87, filho de Ernesto Scalon e Luzia Jerônimo.  Sérgio  (Leda) tem oito netos.

* “Essa festa está maravilhosa! É tanta gente que fico emocionada. A família é muito grande e a maioria eu nem conhecia. Conheço a velha guarda, a nova geração estou conhecendo agora. É uma alegria muito grande estar aqui hoje”, diz Léa Scalon Correia, 85, irmã de Sebastião Scalon. Léa é mãe de três filhos, que lhe deram cinco netos. 

* Gilio Scalon, 90, filho de Josefina Scalon e Joaquim Carlos Orlando, que não pôde comparecer, tem uma filha e uma neta. 

 

* “É muita alegria, embora eu não conheça a maioria dos que estão aqui. Só os mais velhos. Mamãe era das filhas mais novas de vovô Luigi. Eu tenho descendência italiana pela mamãe e pelo papai. É muita felicidade ver todos esses parentes”, diz Malvina Orlando de Melo, 72, filha de Josefina Scalon e Joaquim Carlos Orlando. Malvina é mãe de dois filhos, avó de quatro netos e bisavó de duas meninas.

 

Scalon do sul do país busca identidade

A arquiteta Tatiane Scalon, reside em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e veio à festa, conhecer aqueles que acredita serem seus parentes. “Até então achávamos que éramos os únicos Scalon no Brasil, até que um dia Evaristo Scalon passeando pelo Sul, deparou com a Concessionária e Mecânica Scalon, do meu primo, Fernando Scalon, ele deu a conhecer e aí descobrimos que há outros Scalon”, disse.

O tataravô de Tatiane era Domenico Scalon, filho de Bernardo Scalon. “Meu bisavô era Luigi Scalon, que veio criança para o Brasil e meu avô é Victorio Scalon. Bernardo e Domenico eram da região de Scaloni”, disse mais, mostrando a foto. “Queremos saber qual a ligação de Bernardo e Domenico com Ângelo Scalon”, explicou. 

Já no encontro, Tatiane teve uma luz. Encontrou-se com Henrique Scalon, 62, neto de Ângelo Scalon e Assunta Riquetti, um contato da família com a Itália, que se comprometeu em ajudar Tatiane a identificar suas origens. 

“ - Tudo indica que somos da mesma família. Em abril retornarei à Itália e vou fazer contatos, reunir documentos para estabelecer a relação de Bernardo e Domenico com Ângelo”,  explica Henrique.

A família hoje está radicada em Ceggia, província de Veneza, na região de Vêneto, mais ao sul.  “A vila onde viveram ainda existe, mas eles foram mais para o sul, mais tarde”, explicou Henrique, elogiando a festa. “É bom conhecer pessoas, rever parentes”, afirmou. 

Também prestigiando a festa, o presidente da Câmara, Prof. Carlos Alberto Cerchi, saudou a família Scalon enaltecendo sua saga e contribuição ao município, seu trabalho e dedicação pela terra que adotaram. “Damos as boas vindas às pessoas dessa valorosa família que é uma das raízes de nossa cidade. Os Scalon representam boa parte da gênese da formação de nossa cidade e estar aqui é reconhecer, em nome do município, o valor dessas pessoas que são a nossa história”, disse.

 

Henrique Scalon aproveitou para fazer uma sugestão ao presidente, para transformar Sacramento cidade irmã de Ceggia. “Dado o grande número de Scalon por aqui, pelo fato de eles terem se estabelecido aqui, a Câmara torna Sacramento cidade irmã de Ceggia e aí vêm autoridades de lá para a solenidade e o pessoal de Sacramento vai a Ceggia celebrar a irmandade. Para isso, depende apenas de vontade política”.