Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Os novos filhos de Sacramento

Edição nº 1128 - 16 Novembro 2008

Carlos Suavinha

Carlos Suavinha, 79, natural de Capetinga (MG), é o mais velho dos quatro filhos do casal de fazendeiros, Serafim Suavinha e Leolina Ferreira Marques.  Aos quatro anos, Carlos mudou-se com o os pais para a fazenda Taquaral, no município de Sacramento, onde vive e trabalha até hoje, apesar de aposentado. Foi ali mesmo que fez os primeiros estudos, com o prof. Nicássio. Preocupado com a educação do filho, Serafim deixa o filho na casa do amigo, Manuel Nogueira, Oficial de Justiça, para estudar na Escola Normal, a Escola da Maria Crema.

Lembra Carlos da profa. Helena Cyrillo nos dois últimos anos da Escola Primária, 3º e 4º ano. Tem também lembrança dos colegas de sala, os irmãos, Inacinho e Agnes Loiola, Lucília Mendes, Marlene Almeida. “Éramos muitos alunos na escola e lembro de todos eles. Mas logo que concluí o 4º ano não quis mais estudar, voltei para a roça e me lancei ao trabalho. Naquela época era assim: se não estuda, trabalha”.

Aos 15 anos, já rapaz feito para a época, a vida de Carlos era só trabalho. Recorda viagens de nove dias tocando porcos da fazenda até Capetinga. “Seguíamos pela Lagoa dos Esteios, descíamos a serra das sete voltas, pelo Damásio, passávamos pelo ribeirão do Inferno, ponte do Surubim e chegávamos no estado de São Paulo. Eram nove dias de marcha” – recorda. 

Aos 29 anos, conheceu Esmeralda Manzan. Foi amor à primeira vista. Namoraram, noivaram e se casaram em pouco tempo e juntos, vivendo perfeita harmonia, estão há 50 anos. Tiveram três filhas: Maria Cristina, Lúcia Inês e Maria Regina (Sinval), que lhes deram quatro netos. 

 

Feliz com a outorga do título, concedido através de projeto de lei do vereador Aristocles Borges da Matta, Papinha, Carlos Suavinha emocionou-se quando recebeu a notícia. “Fiquei muito satisfeito, por há 75 anos moro aqui, sou sacramentano, todos me conhecem, tenho muitos amigos e parecia que ninguém se lembrava da gente”, disse, agradecido. Esmeralda conta de sua emoção. “Foi emocionante. Esse gesto foi gratificante, principalmente pelo fato de sempre morarmos na zona rural. Em geral, as pessoas homenageadas são sempre da sociedade urbana. Então, para nós residentes na zona rural, que, às vezes, ficamos lá esquecidos, esse reconhecimento é muito significativo, não apenas para o Carlos, mas para toda a classe rural”.

 

Cíntia Fonseca Nunes Junqueira de Moraes

A juíza Cíntia Fonseca Nunes Junqueira de Moraes, natural de Campanha (MG) é uma peregrina pelas estradas de Minas, ao acompanhar os pais, José Augusto Silva Nunes e Dale Fonseca e Silva Nunes, ambos Promotores de Justiça, nas andanças pelas comarcas do estado, até chegar em Sacramento, em 1983 e onde conquistou suas primeiras amizades, os colegas de sala da EE Cel. José Afonso de Almeida. Na verdade, Cíntia pertence a uma família forense, no sentido literal da palavra, o irmão, Juliano Fonseca Nunes, atua na área jurídica como Técnico Judiciário na Justiça Federal da 1ª Região em Uberaba.

E foi em Uberlândia, que graduou-se em Direito, na UFU, em 1995. Mas Cíntia buscava vôos mais altos e, determinada, vai para São Paulo, ingressando em uma escola específica para concursos públicos. Assim, com apenas dois anos de formada, foi aprovada no concurso para Defensor Público de Minas Gerais. 

1998 foi ano de seu casamento com o médico urologista, Alysson Roberto Bruno Junqueira de Moraes. Conciliando a vida familiar com a profissão, alçou novos vôos. Em 2000 foi mais uma vez aprovada em concurso, desta feita para Juíza de Direito Substituta do Estado de Minas Gerais. Entre 2000 e 2001, conclui o 4º Curso de Formação Inicial, ministrado pela Escola Judicial Des. Edésio Fernandes para Juízes de Direito Substitutos e, em 2002, concluiu a Atualização à Distância em Processo Civil, ministrada pela mesma Escola.  A participação em seminários e simpósios são inúmeras, desde 1994 e desde o ano passado, cursa Pós Graduação Lato Sensu em Direito Processual Civil, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, iniciada no ano passado. 

 

Após seis anos de casada com o médico Allysson, a jovem Cíntia teve o primeiro filho, Victor Bruno, 4.  E,  já fixando residência em Sacramento nasceu Mariana, hoje com dois aninhos. A juíza Cíntia foi empossada em 13 de novembro de 2000, na 1ª Vara da comarca, desde 26 de agosto de 2005, tendo antes exercido suas funções nas comarcas de Belo Horizonte e Uberaba, sempre com uma excelente folha de serviços. “Sacramento foi a primeira Comarca onde sou a primeira Juíza de Direito, cidade em que morei quando criança, na época em que minha mãe foi a primeira Promotora de Justiça.  Tenho um carinho muito grande por Sacramento e é gratificante receber esse título de Cidadania Honorária. Agradeço de coração”, disse a juíza em entrevista a este jornal. 

 

José Alexandre da Silva

José Alexandre da Silva, tem hoje 74 anos. Nasceu em uma fazenda na zona rural de Formiga (MG), filho de Joaquim Alexandre Silva e Geralda Maria de Jesus. Ali viveu parte da infância e da juventude junto com os nove irmãos. As lidas começaram cedo, ajudando o pai nas lavouras. Os estudos começaram aos 10 anos, quando a família mudou-se para a cidade. “Estudei um ano e pouco só, aos 13 anos agarrei no serviço”, recorda. 

Em 1947 mudou-se com os pais para Arcos (MG) onde viveu até os 22 anos, sempre trabalhando na zona rural e serviços gerais. De Arcos, mudou-se com a família para a fazenda Jararaca, em Campos Altos (MG), onde conheceu a esposa, Filomena Silvana da Silva. Um ano depois já estavam casados e tiveram seis filhos: Maria José, Valter (Maria do Carmo), Antonio Donizete, Irany, José Geraldo (Elizete), Carlos Alexandre (Sheila).

Aos poucos José veio rumando para Sacramento, a convite do cunhado. Começou trabalhando na fazenda dos Pandó, até que, em 1970, decidiu morar na cidade, no antigo Areião, onde está até hoje e quando os meninos começaram a estudar. Época da construção da usina de Jaguara, oportunidade de emprego na Mendes Jr., a construtora da época. Lá estava o bom José até terminar a usina, quando retorna à Sacramento e reinicia o trabalho com as lides rurais, na fazenda de Hugo Rodrigues da Cunha. Dali volta à cidade para trabalhar na recém inaugurada Bonargila, indústria de processamento do caulim. E aí permanece até cinco anos depois de sua aposentadoria que aconteceu em 1999. “Continuei trabalhando lá por mais uns cinco anos. Só parei nos últimos quatro anos”, conta. 

 

Feliz com a outorga do titulo de cidadania, José Alexandre ressalta seu agradecimento ao vereador Luizão Bizinoto, autor do projeto. “Sou sacramentano de coração, considero Sacramento a minha terra, porque na minha terra natal, Formiga, só tenho minha família, grande parte da vida passei fora de lá e há 38 anos estou aqui. Aqui tenho muitas alegrias junto com a minha família. Devo muito a Sacramento, a meus amigos, as coisas que consegui, tudo, minha terra é aqui. Conheço o Luizão há muito tempo, eu cheguei aqui ele era menino. Esse título pra mim é um reconhecimento da comunidade que muito me emociona”, finaliza. 


José Valêncio Alves Pereira

José Valêncio Alves Pereira, 53, paulista de Pindamonhangaba, chegou a Sacramento em 1995 para trabalhar na Setril e há 13 anos fixa residência na cidade, prestando atualmente serviços como administrador da ArtMinas, do grupo Sak´s. 

José Valêncio vem de uma família de seis irmãos e cedo começou a trabalhar. Aos11 anos já era empregado de um armazém de secos e molhados no mercado Municipal de Pinda e logo teve que estudar no noturno. Aos 16 anos concluiu o curso de Técnico em Química. Aos 18, alistou-se no Exército Brasileiro, prestando serviços militar durante um ano, no II Batalhão de Engenharia e Combate. Concluído o serviço militar, Valêncio ingressou na carreira de ferroviário, profissão que exerceu por 18 anos, até a privatização da Ferroviária Federal, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.  

Valêncio, desde criança, sempre teve sede de aprender. Como ferroviário adquiriu a visão de sua importância para o progresso do país e lamenta a sua pouca utilização no Brasil. Fim da empresa, fim do trabalho, mas tocou o barco. Com o acordo feito com a empresa , fruto de seu trabalho, José Valêncio investiu no seu próprio empreendimento no ramo de utilidades domésticas em são Paulo, negócio que encerrou após quatro anos, quando, a convite mudou-se para Sacramento para administrar a Setril, empresa em que trabalhou por sete anos.  Desde 2003, José Valêncio administra a ArtMinas, empresa do grupo Sak´s. 

Para José Valêncio, receber o titulo de Cidadão Honorário é muito gratificante. “Recebi a notícia com surpresa. Ao mesmo tempo foi gratificante saber que você é visto, que tem o seu trabalho reconhecido. Fiz muitas amizades em Sacramento nesses 13 anos e fico agradecido pelo reconhecimento”, declara. 

 

José Valêncio tem dois filhos Vanessa (Luiz) e José Valêncio (Celma), do primeiro casamento. Em Sacramento casou-se com Oliveiriana de Oliveira, a artista plástica, Livinha. 


Luciene Cristina da Cruz Felipe

Luciene Cristina da Cruz Felipe, conquistense, filha de Rubens Firmino da Cruz e de Hosanah Bisinoto Crosara, está em Sacramento há cerca de dez anos, à frente da loja Hosanah Móveis, ao lado do marido, Sergio Antônio Felipe, e do filho, João Victor, 7. 

Os estudos foram feitos nas escolas Prado Lopes e Lindolfo Bernardes, onde concluiu o ensino médio e, logo depois, Ciências Contábeis, em Uberaba. Da cidade natal tem gratas recordações, das escolas, da velha estação e dos muitos amigos de infância. O marido Sérgio, apesar de colega de classe, o amor só brotou depois que ele foi para São Paulo e por lá ficou muitos anos. “A gente se conheceu mesmo, depois que ele retornou de São Paulo. Namoramos e casamos logo e logo viemos para Sacramento, para cuidar da loja que abrimos, em 1998” recorda.

Profissionalmente, Luciene começou a trabalhar com a mãe Hosanah, cabeleireira em conquista. Aos 12 anos, Luciene já cortava cabelos das freguesas, de pé num banquinho. Mais tarde, a mãe Hosanah, junto com as filhas Luciene e Agda Lúcia, abriram uma loja de presentes, enquanto o pai trabalhava na fazenda. Era o início da Hosanah Móveis, que ganhou a primeira filial em Delta, em 1997 e, um ano após, a loja de Sacramento. “Depois do meu casamento resolvemos dividir as lojas, mamãe ficou com a de Conquista, minha irmã com a de Delta e nós viemos para Sacramento”, explica. 

Ao longo desses dez anos na cidade, Luciene, o marido e o filho angariaram mais que clientes, mas amigos e, no ano passado, inauguraram o prédio próprio, com 640 m², com modernas instalações, na praça Edalides Milan, empregando 11 funcionários.  “Esses dez anos em Sacramento foram muito bons para nós e o interessante é que quando eu era adolescente não gostava daqui. Hoje vejo como o mundo dá voltas, adoro Sacramento, o povo é muito acolhedor, muito bom”, confessa.

 

Receber o título de Cidadania Honorária, para Luciene é um presente da cidade. “Ao receber este título quero compartilhá-lo, em primeiro lugar, com meu marido Sérgio, pois tudo que construímos foi compartilhado a dois. Então, esse reconhecimento para nós é mútuo. E, para mim, esse é um presente que estamos ganhando de Sacramento, que reconhece o nosso trabalho, através do vereador Hélio da Farmácia , a quem muito agradecemos. Eu, o Sérgio, nosso filho, não temos palavras para agradecer, ficamos muito felizes, porque passamos a fazer parte da família sacramentana”, agradeceu.