O caso da concessão de bolsas da Unipac foi parar na Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI da Câmara Municipal, através de requerimento dos vereadores Marcos Jerônimo, Marcos Pires e Helio Nunes de Aguiar, com a alegação de que o presidente teria usado dinheiro da Câmara para fazer política. Os requerentes justificam que o presidente adicionou na lista de beneficiários, pessoas não relacionadas pela Comissão de Concessão de Bolsas. Como a instalação da CPI não depende de aprovação do plenário, quando o requerimento é assinado por no mínimo três vereadores, a instalação se deu automaticamente, com a nomeação dos membros: José Carlos Basso De Santi Vieira (presidente), Marcos Jerônimo Borges (relator) e os demais membros, Luiz Antonio Sinhorelli, Luiz Constantino Bizinoto e Helio Nunes de Aguiar.
Na reunião ordinária da segunda-feira, 29, o vereador Marcos Jerônimo apresentou a listas das testemunhas e requereu a oitiva em data ainda a ser marcada. O vereador José Carlos, presidente da CPI, por sua vez, requereu a juntada de documentos para apurar o processo da concessão das bolsas, como relação dos beneficiários, cópias do inquérito, cópia de todas as listas desde 2005, dos cheques pagos aos beneficiários e do convênio celebrado entre Prefeitura e Unipac. A partir de agora, a comissão fica no aguardo dos documentos para instruir a CPI e ouvir o presidente da Câmara, Aristócles Borges da Matta.
O caso das bolsas da Unipac começou em setembro, em plena campanha eleitoral, quando o prefeito Joaquim Rosa Pinheiro enviou ao representante do Ministério Público, promotor, José do Egito de Castro Souza, um relatório, acusando o presidente da Câmara, Aristocles Borges da Matta, Papinha, de “uso delituoso de dinheiro público em proveito de terceiros e para vantagem eleitoreira”. Disse ainda o prefeito Joaquim que tudo começou após receber denúncias das supostas irregularidades e que ordenou à Comissão de Concessão de Bolsas de Estudo e Estágio (Vânia Bonatti, Nallyn Gobbo, e Daniela Martins Borges), que investigasse o caso.
Segundo o prefeito, após serem ouvidas oito testemunhas e a diretora daquela instituição de ensino superior, Iara Maria Araújo, ficou comprovada a irregularidade. No relatório do prefeito, consta que em setembro, estão listados 123 nomes de alunos beneficiados com o repasse total de R$ 9.760,00 (valores entre R$ 60,00 a R$ 80,00 mensais), mas apenas 40 alunos estudam na Unipac. Para o prefeito “os 83 estudantes restantes beneficiados, não poderiam estar recebendo as bolsas, caracterizando assim, um desvio de R$ 6.160,00”. A diretora Iara explicou que simplesmente se limitou a seguir a listagem que lhe era passada e repassava os valores estipulados a cada um dos estudantes, independente de serem ou não alunos da Unipac.
Negando as acusações, o vereador Papinha, responde que cumpriu o que sempre foi feito na casa. De acordo com o valor total, constante na lista dos alunos beneficiados, repassava o dinheiro aos cofres do Executivo através de cheque nominal. A partir dali, cabia ao prefeito Joaquim Rosa Pinheiro pagar à Unipac, o que era feito, através da emissão de cheques assinados pelo próprio prefeito e pelo superintendente de finanças, evidentemente, com a aprovação da Comissão de Concessão de Bolsas, a quem caberia fazer a fiscalização dos alunos beneficiados.
Apoio à diretora Iara
Os alunos do curso de Enfermagem da Unipac deixaram as aulas na última segunda-feira para prestar no plenário da Câmara Municipal um ato de solidariedade e apoio à diretora da faculdade, Iara Maria de Araújo, afastada da função.
Para os alunos, o fato da diretora pagar os estudantes, conforme a lista que recebia com a relação dos alunos beneficiados, não implica na sua ilibada conduta ética, muito menos depõe contra a sua excelente gestão à frente daquela instituição. Os estudantes pediram também a retomada do repasse para que não fiquem inadimplentes junto à faculdade.
Logo após a reunião, os alunos foram até à casa da diretora para entregar-lhe uma corbelha de flores.