O Cerea de Sacramento está investindo no trabalho da juventude. Talvez seja pioneiro na região, no sentido de sensibilizar os jovens para o grande problema que representa o álcool na vida das pessoas, futuramente. Segundo o presidente do Cerea local, Olício Inácio dos Santos, o Zezeu, já contam com um bom número de adolescentes e jovens na coordenação do trabalho.
As principais lideranças, dentre outras são as jovens, Mônica Inácio dos Santos,16, e Cirlene Jesus Silva. Mônica é cereana desde os seis anos, participava da reunião com os pais e Cirlene, há cinco anos freqüenta o Cerea.
A jovem Mônica fala da discriminação sentida pelo fato de ser cereana. "No início, se eu falasse que era cereana, meus colegas na escola zoavam, faziam gozação, mas eu nunca liguei, nunca bebi nada de álcool e tenho orgulho de ser cereana, de poder ajudar outros jovens e aos poucos estamos trazendo novos jovens", disse.
A colega, Cirlene, também se confessa orgulhosa de ser cereana. "Há cinco anos freqüento o Cerea e nunca bebi nada de álcool. Participo do coral, gosto de ajudar e temos trabalhado para trazer novos jovens para o nosso convívio. É difícil, porque a gente encontra até muitos jovens que sentem prazer de contar vantagens das bebedeiras em que se envolvem", disse.
Segundo Cirlene, a sensibilização e a responsabilidade são mais importantes do que a coerção. "Para as jovens, não seriam necessárias as proibições de bebidas. Faz mais sentido e são mais eficazes outras medidas, como a conscientização e sensibilização dos males do álcool, que é uma droga como outra qualquer, embora seja lícita", aconselhou. "Os pais deviam trazer os filhos desde pequenos, é na convivência que a gente se educa, é no dia-a-dia, que vamos aprendendo. O álcool nunca me faz falta em nada", dizem Mônica e Cirlene.
A experiência mostradas pelo grupo jovem de Sacramento encantou Dário Pires, presidente do Cerea de Araxá. E foi longo fazendo um convite: "Não tem um jeito de eu levar vocês para Araxá, pra nos ajudar a arrebanhar os jovens de lá, não?, perguntou e sugeriu, ainda: "Criem aqui um núcleo jovem do Cerea e nos ajudem a cuidar dos jovens que estão enveredando para o alcoolismo".
Cereanos de outras cidades elogiam trabalho do CEREA jovem
Os presidentes dos Cerea's de Araxá, Franca e Conquista, Dário Pires, Fábio Antônio Mendes e Dirso Rodrigues, respectivamente, em visita a Sacramento na posse da nova diretoria da entidade sacramentana, dia 19 de fevereiro, foram unânimes em afirmar que a grande maioria de cereanos, é formada por adultos ou idosos, faltando a participação de jovens. E o alcoolismo está crescendo nessa faixa etária, não há como negar.
Dário garante que se preocupa e teme uma futura geração de alcoólatras. "Em Araxá estamos iniciando um trabalho de conscientização junto às escolas, porque é preciso unir forças. O jovem precisa saber dos males que o álcool causa. Nenhum de nós que freqüentamos o Cerea nascemos alcoólatras, adquirimos o vício aos poucos. Começamos com um gole hoje, outro amanhã e, de repente, nos vimos alcoólatras inveterados", disse ressaltando que os jovens têm vergonha de freqüentar o Cerea.
Essa questão do orgulho é real. "O jovem tem vergonha, mas não são só os jovens que têm vergonha, a gente não vê ´doutores´ nas nossas reuniões, por orgulho ou por uma questão de status. Afinal, somos todos pobres, as casas que recuperam pessoas alcoólatras são taxadas como casas pra pobres, humildes", analisa Dário. Prossegue, afirmando que muitos jovens contam vantagem do ato de beber. "Os jovens vivem em grupos, acham bonito beberem contam vantagem da embriaguez na festinha e não aceitam ser chamados de alcoólatras, mas eles não são os únicos, outras pessoas também têm vergonha de dizer que foram a uma reunião do Cerea", explica.