Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Atire a primeira pedra quem não tropeçou

A polêmica causada pelo asfaltamento de mais algumas ruas de Sacramento, nos fez refletir e tirar conclusões.
A quem agrada ou desagrada?
A gregos e troianos?
Não faz a menor diferença, pois não estamos na Grécia, ou em qualquer outro país da Europa, estamos sim, em um país ainda que devagar, no momento quase parando, mas em desenvolvimento.
Sacramento dentro deste contexto, é uma cidade de relativa sorte, pois todos os Prefeitos, pelo menos aqueles que nossa geração presenciou, fizeram muito pela cidade, e podem se dar ao luxo de numa campanha política, disputarem apenas quem fez mais, sem precisarem usar outros recursos do mundo cão da política.
Este mundo é perigoso e habitado por várias aberrações humanas, eis alguns exemplos: "homo ursos (o falso), o homo lobos (o traiçoeiro), o homo carrapatos (o que suga), o homo papagaios (o que difama), o homo serpentes (o venenoso)...".
Sacramento é uma família só, e deve ser preservada como tal.
Mas voltando ao que nos interessa no momento, osparalelepípedos.
Que o asfalto é bom para os apaixonados por automóveis, como todo bom brasileiro, isto é. Principalmente para aqueles que têm seu carrinho mais usado comprado com sacrifício e gastos com a suspensão, os quais não ficam barato.
Para os carros novos, mais modernos de pessoas de poder aquisitivo mais elevado, melhora também, mas estes geralmente, têm uma suspensão mais sofisticada e sofrem menos com as pedras trepidantes.
Para os ciclistas também é bom. Tanto para os meninos que trabalham nas entregas de supermercados, dentre outros, quanto para aqueles que gostam de "queimar umas gordurinhas" pedalando uma bicicleta.
Para as motocas também é bom, pois as pedras molhadas tornam-se um quiabo.
Para a limpeza e o asseio da cidade também ajuda. As vassourinhas dos garis deslizam com mais facilidade.
Agora, não é bom, para quem vem de vez em quando na cidade. As pedras realmente nos trazem nostalgia, mas como diz o ditado, "pimenta nos zói dos outros é refresco".
Também não é bom para os calorentos. O asfalto retem mais calor, e este, é um ponto negativo. Mas ainda bem que nascemos "num país tropical e abençoado por Deus".
E o meio ambiente?
Se houve dano ecológico, não foi quando as pedras foram tampadas, pelo asfalto, mas sim, no momento em que foram tiradas da natureza; há alguns anos não havia o menor controle dessa atividade. A dinamite rolava solta, extraindo pedras. Mas quando foram colocadas, ocorreu o mesmo fato, um passo para o progresso, o que não pode jamais deixar de ser elogiado.
E aqui vai uma sugestão: que tal homenagearmos um dos artistas que assentaram as pedras, dando seu nome a alguma rua, aquele negro, alto, magro, chamado de senhor Temisto, cujo nome corretor era Temistoclides.
Assim humanizaríamos a polêmica, colocando o homem sobre a pedra, e não abaixo dela.
E a história, a cultura, como ficam?
Não devemos radicalizar, pois como nos ensina a própria história, radicalismo nos leva à intolerância, e esta à tirania, devemos sim, preservar algumas ruas ou avenidas da cidade. Assim, gerações futuras poderão dizer que éramos felizes e não sabíamos, ou se estávamos apenas à espera do progresso. De resto podemos deixar a incumbência das pedras para Ouro Preto.
Oh, Rua Capitão Ferreira!
Particularmente, esta sim, mereceu o asfalto. Nela quando criança também brinquei, e lá deixei um pedacinho do dedão do pé. Como xinguei aquela pedra saliente da rua do meu vô Zé Thomas! A benção tio Arnaldo Pavanelli, foi que me socorreu.
Ah!Esta rua sim!
Gente boa e personalidades nunca faltaram, a começar pelo próprio Capitão Manuel Ferreira de Araújo Souza, pai do fundador de Sacramento. Devia ser o Capitão Ferreira, um homem de idéias progressistas e dinamismo latente, pois como diz a história, doou as terras para instalação da cidade. Sendo assim, tenho quase certeza, que se naquela época existisse o asfalto, o aprovaria.
Se o Prefeito errou em asfaltar as ruas, o que democraticamente achamos que não, prioridades à parte, deverá ser perdoado !
Um Prefeito pagará muito mais, pelo não fazer, do que pela obra realizada.

Júlio Cezar de Araújo Souza