A Banda Lira do Borá, uma das mais importantes manifestações culturais da cidade, está vivendo uma crise que já dura dois meses, um mês.
O maestro Paulo Constâncio da Silva, com salário mensal de R$ 750,00 está sem receber durante todo esse tempo, por falta de repasse da verba anual da Prefeitura à Associação Musical de Sacramento, este ano no valor de R$ 12 mil. A Associação, entidade de caráter independente, responsável pela administração da banda, tem como presidente, o fazendeiro, Wolmir Manzan.
Para tentar resolver a crise, Manzan reuniu-se com a diretoria, representada pelo professores, Luiz Augusto Jerônimo (Secretário) e Carlos Alberto Cerchi (Vice-presidente) e músicos integrantes da banda e do Coral Edwin Neves, para juntos encontrar uma solução visando a manutenção do maestro Paulo Constâncio da Silva, que há duas semanas não ministra aulas na Banda e há um mês na Banda Sinfônica.
“O último compromisso com a Banda Mirim foi no início do ano, quando fizemos lá o ultimo pagamento. A partir de fevereiro deste ano, a Associação não tem nada mais a ver com a Banda Mirim. De lá pra cá não sei se foi pago ”, afirmou Manzan.
Ao contrário do que se comentou pela cidade, o maestro Paulo não foi demitido da banda, o que há é um impasse na questão financeira: a Associação não tem dinheiro em caixa para saldar dois meses de salário atrasado (agosto e setembro) do maestro.
“Além disso, há os gastos com hospedagem, alimentação e transporte” do maestro que reside em Uberaba”, informam os músicos a este jornal, que participou da reunião, a convite de vários participantes, que estão preocupados com os destinos da Banda Lira do Borá.
De acordo com a relação das verbas destinadas a entidades e associações, aprovada em abril e publicadas neste jornal, o valor do repasse para a Banda Lira do Borá é de R$12 mil, igual valor seria repassado à Banda Sinfônica Mirim João Magnabosco.
Segundo Berto Cerchi, “há leis que prevêem recursos para bens patrimoniais e culturais, há uma lei estadual nesse sentido. O que queremos é resolver esse problema. Temos que buscar uma solução, porque esse problemas sempre vai existir, mas a banda e o coral representam Sacramento”.
Reconhecendo as dificuldades porque passam os municípios, Cerchi disse mais que um dos complicadores para a Associação foi o fato de Prefeitura ter assumido a Banda Sinfônica Mirim João Magnabosco.
“A Associação Musical quebrou um galho pra Prefeitura na medida em que assumiu a Banda Mirim pra acertar uma situação totalmente irregular”, disse em tom de crítica ao ex-prefeito Biro, que criou a Banda Sinfônica Mirim, reconhecendo, porém o valor social da obra.
Segundo ainda Wolmir Manzan, no início do ano foi assinado um novo convênio com a prefeitura, mas não soube informar o valor do convênio. Disse, porém, que o prefeito Joaquim assumiu o compromisso de pagar os dois meses atrasados do maestro até o final do ano, mas não assume as despesas de hospedagem e transporte do maestro, que sempre foram pagas pela Prefeitura.
O maestro Paulo Constâncio ministra aulas para os integrantes da banda, às segundas e terças-feiras em três turnos e coral, na terça feira à noite.
Associação Musical de Sacramento existe há 41 anos
A Associação Musical de Sacramento foi fundada há 41 anos, em 28 de dezembro de 1965. A primeira diretoria foi composta pelo presidente Pedro Giani, vice-presidente, Fozo Maluf, secretários Jorge Fidélis Cordeiro, Benedito Mendes, tesoureiros, Inácio Loyola e Eduardo Augusto dos Santos, oradores, José Alberto Bernardes Borges e Hildeberto Castanheira.
O primeiro maestro, já com o nome de Banda Lira do Borá, foi Langerton de Oliveira, seguido pelo Maestro Triste, um músico que dirigiu a banda por um bom tempo. Mais tarde, José Francisco Pereira, o Curtume, Caetano Pedro dos Santos, Edwin Neves e, atualmente, Paulo Constâncio da Silva, que rege a banda desde o falecimento de Edwin Neves, há sete anos.
Segundo Luiz Augusto Jerônimo, Didi, diretor do Departamento de Cultura na administração anterior, os repasses da prefeitura iniciaram em 1998. “Até então, o maestro era contratado pela Prefeitura, a partir do convênio celebrado entre a Associação e a Prefeitura, a subvenção saia em nome da Associação, que administrava a verba, com repasses mensais”, lembrou, informando que a contrapartida é o compromisso da banda abrilhantar os eventos realizados pela prefeitura e, uma vez por mês, tocar em uma das praças da cidade, mas nesse aspecto não funcionou.
Em 2005, o atual presidente assinou um convênio, e aí estavam ligadas as duas bandas. Só que, atualmente, a Associação não tem dinheiro para arcar com as despesas de hospedagem do maestro, que a Prefeitura não quer assumir. Segundo Manzan, na administração anterior, em 2003/2004, durante dez meses os repasses também não foram feitos.
Didi justifica: “Porque havia saldo em caixa da Associação, por isso os pagamentos com o maestro sempre estiveram em dia”.
A atual diretoria é composta por Wolmir Manzan, vice-presidente, Luiz augusto Jerônimo, secretário, Carlos Alberto cerchi e tesoureiro Mário Guarato.