Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Animais perdem Habitat e invadem cidade


A idéia da criação do Parque Estadual, segundo o diretor local do IEF, Manoel Messias, nasceu, ao deparar, nos últimos 15 dias, com vários animais nativos, mortos em rodovias. "Nosso objetivo é criar condições para preservar um pouco a vegetação de Sacramento e os animais nativos. No ano passado tivemos onça dentro da cidade, tivemos há poucos meses um tamanduá no quintal de uma casa no Perpetuo Socorro. Eu vi na rodovia MG 428 (Araxá-Franca) dois lobos guarás e dois tamanduás atropelados . Isso significa que os animais estão ficando sem habitat, eles saem em busca de sobrevivência e são atropelados, mortos ou vão pra cidade", justifica.

Para Messias, a criação do Parque Estadual seria a solução para preservar essas espécies da fauna e a vegetação nativa de matas e serrados, antes que tudo desapareça. "Se antes esses animais já estavam saindo e vindo pra cidade, imagine agora com a chegada dessa quantidade de cana? A chegada da cana e o que já estamos vendo foi o que ajudou na sensibilização para a criação de um parque estadual no município e, se conseguirmos, será o único parque do estado desse tipo", diz mais.

Segundo Manuel Messias todas as despesas do processo correm por conta do Estado. "A indenização, as cercas, o pessoal, tudo é competência do Estado. E fazendo um parque estadual, não significa que Sacramento vá perder direitos das áreas preservadas. Se for na região da Gruta, ela estará preservada, o Cipó, a usina Cajuru, a única coisa que vai ocorrer é uma portaria, ou seja, a pessoa só entra no parque com autorização. E todo o processo não gera ônus para o município. A única coisa de que necessitamos é de apoio", esclarece.

O próximo passo será o pedido de uma bióloga da Regional, para um levantamento de área e a negociação do estado com a prefeitura.

IEF será rigoroso em relação á cana-de açúcar

Outra informação de Manuel Messias é a respeito da legislação estadual em relação à cana-de-açúcar "O IEF já está nos cobrando fiscalização nas áreas de cana-de-açúcar. Não somos contra e não há como ser contra o plantio de cana, só que haverá rigor", explica Manuel, que informa, que nesta sexta-feira, 23, todos os engenheiros do órgão estariam em BH, discutindo a legislação e as medidas a serem tomadas "após essa reunião, vou chamar os arrendantes e arrendatários para uma reunião, onde discutiremos a legislação", disse e já adiantou "no caso das áreas de preservação permanente, principalmente aquelas onde há mananciais, não vai mais simplesmente cercar e deixar por conta da natureza. A área deverá ser cercada e recomposta.

A reserva legal deverá ter acerro, se pegar fogo na queima da cana, não terá desculpa, porque conforme a legislação, se pegar fogo na reserva é porque ela não está dentro das exigências da lei. O proprietário terá que provar que fez toda a proteção da área para não pegar fogo. As áreas de reserva legal, não poderão ser qualquer parte do terreno, deverá ter vegetação nativa de grande porte real, porque antes o proprietário deixava como reserva legal uma área de macega, pedreira, agora não pode mais. Quem for fazer licenciamento agora, terá que ter primeiro a reserva legal averbada. Para toda multa lavrada, uma cópia será obrigatoriamente encaminhada ao Ministério Público", explica Manuel que finaliza afirmando o que acontecerá a curto prazo "a curto prazo, será a questão do licenciamento. Quem não tiver a AF- Autorização de Funcionamento, terá que fazer, desde o pequeno proprietário. Serão três tipos de licenciamento: o isento, pra os pequenos proprietários, o simplificado, para os médios e o complexo, para os grandes. Quem não tiver essa AF, não terá crédito bancário, não comprará em casa de produtos agrícolas. A AF será obrigatória para todo produtor. Isso morta que a lei vem fechando o cerco, por isso todos têm que ficar atentos nessas questões ambientais", finaliza.