Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Amigos contam o que pode ter acontecido

“Quem vê o local onde Patochinha morreu não acredita”, diz o operador de máquinas, José Eurípedes Olímpio de Santana, 41, que ajudou no socorro. “Ele estava espalhando terra. Sozinho, ninguém conta como aconteceu. Mas tudo indica que ao dar marcha-ré, Nilson não tenha olhado para trás, preocupado em não acertar o muro com a pá levantada e, por isso, não viu quando os pneus trazeiros caíram num buraco de cerca de 50 a 60 centímetros e a máquina virou. Acho que ele morreu logo, porque o pára-lama estava pressionando o seu pescoço e a direção o peito”, conta Zé Eurípedes, que há muitos anos opera máquinas, mas nunca vira um acidente tão triste como o que vitimou o amigo.

Conta ainda que os quatro pneus da pá-carregadeira, que pesa 4,5 mil quilos, ficaram pra cima com o motor funcionando. O pedreiro, Solimar, que estava na construção ao lado, foi o primeiro a chegar ao local e pedir socorro ao Rodolfo Rezende, que levou uma máquina maior para guinchar a pá com um cabo de aço. Conta Eurípedes que a máquina chegou ao local depois de uns 15, 20 minutos “As máquinas são lentas, a gente levou uns 15 minutos a 20 minutos pra chegar lá com a máquina. Com um cabo de aço, levantamos a máquina, mas ele já estava morto”, narra.
Sobre Patochinha, Zé Eurípedes ressalta a sua tenacidade para o trabalho. “Nilson era um homem trabalhador, pra ele não tinha dia. Ele tinha a empresa dele, mas era agarrador, estava sempre na frente. Estava lutando pra ir em frente, porque não é fácil pra quem tem pequena empresa. Ele era um homem do trabalho, da luta”, afirma.

A Patocha Material de Construção vai continuar

Há dez anos Nilson abriu a empresa Patocha Materiais para Construção. Começou vendendo areia, cascalho e terra, foi adquirindo máquinas, ampliando aos poucos até que no ano passado abriu a fábrica de blocos, mas sempre com os pés no chão, consciente de que o crescimento de uma empresa é lento.

A esposa Maria Abadia Spirandelli Batista vai continuar com a empresa. “Esse era o sonho dele, há dez anos ele vem trabalhando com esse objetivo, por isso vou levar a empresa à frente, se Deus quiser. Temos três filhos pra criar e vamos vencer, se Deus quiser”, diz entre lágrimas, ao lado da sogra, Edna Gerolin e dos filhos Arthur, de três meses, Thainá, 7 e Lays, 12.

Nilson era o terceiro filho do casal Waldomiro Batista e Edna Gerolin Batista. Deixa os irmãos, gêmeo Wilson, Jane, Sônia, Jacqueline e Kênia. A esposa Abadia e os filhos Lays, Thainá e Arthur.

Antes de iniciar a atividade empresarial, Nilson foi radialista, vendedor, cobrador de ônibus, enfim era um homem pronto para o trabalho. “Ele não enjeitava serviço, trabalhava no que fosse preciso, até que resolveu abrir a empresa e estava lutando com muito trabalho pra vencer”, conta a família.

O Patochinha

]Menino sapeca, de família humilde, engraxate do ponto da rodoviária cedido pelo Sr. Júlio e tio Lêdo, atendente de farmácia do Sr. Herculano, jornaleiro do jornal ‘O Estado do Triãngulo’, funcionário da Rádio Sacramento na época de seu padrinho Reginaldo Afonso dos Santos e o tão amigo, Pe. Inácio, cobrador de ônibus, vendedor ambulante. Por fim, comerciante já casado com Maria Abadia, seu braço direito no depósito de areia, fábrica de blocos, caminhão, máquina e draga.
Em cima de uma moto, correndo pra lá e pra cá, esse era o Patocha, mas tinha tempo para tudo. Os feriados tão esperados para curtir a família e os tão estimados cunhados.
Os bares do Marinho e Diley para as famosas cervejinhas. Os amigos de infância que perduraram, Marcão, Biba, Itair e os outros tantos amigos da famosa quarta-feira na Chácara do Leonel. Seus estimados funcionários sempre lembrados na pessoas do Sr. Belai.
A família, casado há 13 anos com Maria Abadia Spirandelli Batista, pai de três filhos: Laís (12 anos), Thainá (7) e o tão sonhado Artur (Muriel), 3 meses.
Sua mãe, seus irmãos e seu pai. Enfim, sua vida se resume em muito proveito e trabalho, pois se o trabalho dignifica o homem, este é um exemplo, pois morreu trabalhando.
“A hora não era essa, mas, se Deus assim o quis é porque do outro lado também deve haver alguém que precisa dele tanto quanto os que aqui na terra conviveram com ele”.
E felizs estes que tiveram a oportunidade de conhecer e conviver com este homem! Patochinha, meu irmão. De você só saudades
Sônia Maria Batista Dumont

Agradecimento: Dona Edina, esposa Maria Abadia e toda família agradecem a solidariedade neste momento de extrema tristeza.