Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Emater realiza I Encontro de Agroecologia

Edição nº 1235 - 10 Dezembro 2010

A Emater em parceria com a Prefeitura, Sindicato Rural, fazendas Agrotur e São Vicente, Gea Farm Tecnologies e Vitae Homeopatia Rural,  realizou, nos dias 9 e 10, o I Encontro de Agroecologia de Sacramento. 

O evento, coordenado pelo agrônomo, Roberto Carlos Mendes, contou com a participação de representantes de segmentos organizados na zona rural,   representantes de ONGs e diversos produtores rurais que receberam informações básicas sobre a Agroecologia, passadas por Fernando Tinoco, coordenador de Agroecologia da Emater/MG, que ministrou também as oficinas de preparo de caldas biofertilizantes, compostagem orgânica e inseticidas naturais, na Horta Comunitária da PMS. 

Mais três palestras foram proferidas no segundo dia, a primeira abordando o tema, 'Alimentação Escolar e PAA como processo de inserção produtiva e social e geração de renda no meio rural', proferida por Ademar Moreira Pires, da Emater; a segunda, 'Homeopatia veterinária', proferida por Màrcio Luiz Santana, da Vitae Rural Homeopatia e, a terceira, 'Uso racional dos dejetos e efluentes na pecuária', tema abordado por Alexandre Toloy, da Gea Farm Tecnologies. 

À tarde mais atividades no campo, com a visita à fazenda São Vicente para a apresentação do projeto de base Agroecológica (fossa séptica biodigestora, integração  lavoura/pecuária/floresta. 

O evento de encerramento, previsto para acontecer na praça do Rosário, na sexta-feira à noite  foi adiado. Mas os organizadores e participantes reuniram-se na fazenda São Vicente para o I Sarau Rural de Sacramento, tendo como anfitriã, a propriretária, Maria de    Fátima A. F. Sampaio.

Fernando Tinoco: “Sacramento está saindo na frente”

Fernando Tinoco, um dos expert em Agroecologia no Estado, passou dois dias na cidade e diz que Sacramento está saindo na frente. “Agroecologia é um tem novo, agora é que realizamos o VI Congresso Brasileiro de Agroecologia e foi um dos maiores  congressos na área das Ciências Agrárias, com 5 mil participantes, em Curitiba. O IV Congresso foi em Belo Horizonte. E digo que Sacramento está saindo na frente porque  no estado de Minas  menos de 50 municípios realizaram esse tipo de encontro”, afirmou, ressaltando que Agroecologia é um passo a mais do que a Agricultura Orgânica.
“-Sabe-se hoje que Agroecologia não é somente agricultura orgânica, é muito mais abrangente, por isso o meu recado nesse encontro será sobre Sustentabilidade,  a produção sustentável de alimento. Vamos debater muito sobre isso, inclusive com técnicas, aulas práticas para mostrar o custo de produção e até onde podemos ir. Vamos refletir as nossas ações ecológicas no campo”, informou. 
Questionado sobre o que é mais barato, ações ecológicas ou ações tecnológicas' a resposta veio de pronto: “Ações ecológicas são mais baratas que ações tecnológicas, mas trabalham juntas, garantindo quantidade, com muito juízo, a que chamamos de produtividade com juízo ecológico, ou seja, até onde podemos avançar nas questões tecnológicas”. 
Tinoco ressaltou ainda que uma das principais dificuldades encontradas para a prática de ações ecológicas é a falta de informação. “A desinformação é grande, o pessoal ainda não tem as informações  necessárias sobre o assunto, como as têm sobre os produtos convencionalmente usados que estão aí no comércio. Aqui vamos ter uma transmissão de conhecimentos teóricos e práticos e, muito mais que isso, vamos nivelar conhecimentos, porque há muito preconceito contra  agroecologia”, explicou.
 Concluindo, frisou que a prática de ações ecológicas dependem do agricultores. “Isso é uma mudança de postura das pessoas, que independe de governantes, eles são bem-vindos, sim em ações como esse encontro, apoiando, dando suporte, mas a mudança de postura tem que começar como produtor, que vai ganhar com isso na economia, na sustentabilidade, porque ele vai reaproveitar produtos de produtos dele”, finalizou Fernando Tinoco. 
Juntar o saber fazer ancestral ao rigor técnico cientifico não é fácil
Maria de Fátima Fajardo Archanjo Sampaio, doutora em Engenharia Agrícola e professora da Universidade Estadual de Campinas, inclusive com participação  no IV Congreso Europeu Latinoamericanistas CEISAL, em Bratislava, na Eslováquia, em julho de 2004, como coordenadora (convenior) no debate, “Sistemas Agroalimentarios”, um dia  deixou tudo na cidade grande e veio viver no meio rural, conforme justificou em recente entrevista ao ET. “Cansei de ver projetos engavetados e decidi eu mesma colocá-los em prática”.
Fátima se confessa feliz com o resultado da parceria que culminou no I Encontro Agroecológico. “Fiquei muito feliz em ver que a idéia saiu do papel, estamos colhendo os primeiros frutos de um trabalho difícil, mas muito gratificante. Juntar o saber fazer ancestral ao rigor técnico cientifico não é fácil, precisamos construir pontes que, muitas vezes, estão totalmente destruídas e há coisas no meio fazendo muito barulho. É um trabalho difícil juntar essas duas coisas, o saber popular e o acadêmico, mas já conseguimos abrir trilhas importantíssimas e esse encontro é fruto desse trabalho, isso porque encontramos as pessoas certas”, comentou.
Fátima chama atenção para a mudança de postura do produtor rural. “Da terra tiramos  energia  e temos que devolver alguma coisa, por isso precisamos cuidar dessa relação para termos um custo benefício bom. Percebemos que o produtor rural está muito  cansado, muito explorado  e a relação deles com a terra   é de uma exploração voraz, que tem que ser mudada, é só uma questão de postura”, salientou. 
O secretário de Agricultura, Luiz Constantino Bizinoto, participou do Encontro e destacou a sua importância para o produtor rural. “São novas práticas que vão ser mostradas e hoje, principalmente para os pequenos produtores, é importante conhecer novas alternativas que vão dar bons resultados”, disse. 
Falando sobre os investimentos da prefeitura dentro do projeto de Agroecologia, Luizão destacou a fazenda São Vicente. “Lá, o processo está bem adiantado e estão sendo mostrados os resultados para as associações rurais e cada uma delas está representada aqui hoje”, disse. Ainda de acordo com o secretário outras práticas estão sendo implementadas tais como, a lavoura de mudas  de café (200 mil) e eucalipto (300 mil), que já estão sendo distribuídas aos produtores cadastrados, além da horta comunitária que serviu de laboratório para as oficinas do Encontro Agroecológico.