Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Deu no ET há 30 anos...

O dia mais longo de minha vida

25 de março de 1976, 9:40 horas.
Saio de casa para o trabalho. Apenas duas quadras de distância me separam da Escola Estadual Cel. José Afonso de Almeida, onde leciono Língua Portuguesa e Literatura. Encontro-me na saída com Júlio, (um grande amigo), na caminhonete do pai, que me oferece uma carona. Na porta do colégio, Maria Antônia, funcionária do estabelecimento, me mostra um folheto do serviço de reembolso postal, dizendo-me que Da. Corália, diretora da Escola, gostaria de saber se fui eu quem havia feito o pedido. Disse: não fui eu. Acredito, tenha sido a minha identificação para um senhor de bigode vir ao me encontro. Cumprimentando-me , um curto diálogo:
- É o prof. Walmor?
- Sim, sou eu. Virá aqui, um carro de Belo Horizonte, para conversar com você.
- Perfeitamente, senhor, mas tenho aula agora.
- Às 9h50, não é?
- Exatamente.
- É rápido, faltam dez minutos.
- Nesse momento, estaciona uma Rádio Patrulha da PM e dela saem seis soldados, alguns com metralhadoras e num silêncio quebrado por aquele som seco dos bate-butes me levam para a parte de trás da RP, pegam meu material, me revistam e me colocam naquele cubílio escuro...

(Abertura do texto sobre a prisão do jornalista Walmor j.s.)