Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O romeiro João Virgílio conta sua história

Edição nº 1427 - 15 Agosto 2014

Aos 63 ans, João Virgílio de Oliveira, 63, começou sua romaria em 1983, num tempo em que não havia a equipe de apoio, que hoje dá toda a assistência aos romeiros, com barracas, alimentação, colchões... “Era muito difícil, carregávamos  o que podíamos, um lençol pra jogar no chão pra dormir e  uma coberta. Os três primeiros anos foram muito sofridos, além do peso das mochilas, passávamos sede e fome. Mas nada disso tem importância diante do amor que a gente tem com a Santinha d'Abadia. É claro que levávamos uma paçoca de carne com farinha, mas era pouca coisa. Não havia garrafas térmicas, agente levava água nas cabaças, cada um levava a sua. Pra voltar, se não tivesse carona, tínhamos  que ir de ônibus até Uberaba”, recorda.

 A primeira caminha de João Virgílio foi com o companheiro de serviço no Posto Santo Antônio, o Ademir. “A gente saiu e no caminho encontramos o Alemão, o Candinho da Jaguarinha, o Jerônimo (falecido), o João Gregório (falecido) e o Zezinho das Éguas, aí formamos uma turma. Depois, nos anos seguintes, o grupo foi modificando, mas sempre havia alguém, nunca fiquei sozinho, até que formamos um grupo de 12 pessoas, mas já chegamos a  22 romeiros. Este ano éramos seis romeiros”. 

O grupo era  conhecido com os romeiros do João Virgílio e, hoje,  é também conhecido com o grupo do Tio Bata ou do Estilingue (Baltazar Estilingue), “Tio Bata está no grupo há 25 anos e hoje  assumiu a ponta, mas eu, graças  a Deus estou com 31 anos de caminhada”.

A caminhada de João Virgilio começou com uma promessa feita pela avó. “Fui atendido na graça e fui pagar a promessa, só que voltei pensando que teria de ir lá de vez em quando, só que esse de vez em quando virou todo ano. Desde 1983, não faltei um ano sem caminhar, vou agradecer pela família, o trabalho, a saúde. Somos bem amparados por Nossa Senhora d'Abadia”.

Conta João que nesses 31 anos de trajetória, nunca houve nada grave, apenas o falecimento de Pedro, da equipe de apoio, que morreu de infarto, próximo ao Posto Triângulo. “Ele não estava caminhando, era do apoio, eles iam levar o café  pra nós que já estávamos na caminhada. Naquele ano,  não chegamos a Romaria, mas considero como se tivesse ido, porque tinha que tomar as providências. Todo o grupo voltou”.

A filha Elisângela sente-se orgulhosa pela fé do pai.  “Ele nos enche de orgulho pela sua garra, determinação e  fé. Todo ano ele sai e fico emocionada por ver o quanto ele fica ansioso nos preparativos. O prazer fica estampado nos olhos dele, os olhos brilham pela fé que ele tem em Nossa Senhora D´Abadia. E desde criança acompanho esses momentos dele e me emociono  ao vê-lo saindo, chegando.  E uma coisa que me  marcou muito foi quando morávamos  na fazenda e ele voltando  da romaria, de repente apontou lá no morro, aquele andar trôpego, cansado, custando a andar... Isso me marcou muito”.