Há tempos fazendeiros do município e de todas as regiões brasileiras vêm sofrendo com os constantes ataques de javalis nas lavouras e propriedades, visto que o animal passa grande parte do dia fuçando a terra em busca de comida. O javali é um animal omnívoro (tem o aparelho digestivo adaptado a metabolizar diferentes tipos de alimentos), mas a preferência é por vegetal como raízes, frutos, bolotas, castanhas e sementes. Ele invade terras cultivadas, especialmente de batata e milho, sem contar, os banhos na lama, que servem para regular a temperatura corporal, provocando danos nas nascentes e minas que servem as propriedades. Cada ninhada rende entre 2 a 10 leitões, que após uma semana já podem acompanhar a mãe em suas andanças.
Para controlar um pouco a espécie, o Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, através da Instrução Normativa 03/2013, publicada no “Diário Oficial da União”, no dia 1º de fevereiro, autorizou a caça de javalis-europeus e de seu híbrido, o porco doméstico, popularmente chamado de javaporco, considerados animais exóticos que ameaçam a biodiversidade do país. A decisão pelo abate para reduzir a sua população ocorreu após registro de ataques a humanos, a animais silvestres e domésticos, e danos a plantações e florestas.
De acordo com Maria Izabel Gomes, bióloga coordenadora de fauna silvestre do Ibama, a nocividade do javali foi declarada após a elaboração de estudos, que comprovaram que o animal da mesma família do porco não tem predador natural e que está se proliferando rapidamente pelo país. Não há uma estimativa da população desta espécie em todo país. No entanto, há cerca de 300 mil exemplares distribuídos entre o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, além de registros na Bahia, Acre, Rondônia, Minas Gerais Rio de Janeiro e São Paulo.
O empresário rural, Carlo Agustoni, o Padre, é um dos fazendeiros do município que vem sofrendo com a invasão de javalis no município. “Os javalis chegaram ao Brasil em 1996, vindos do Uruguai e Argentina. Hoje, se eu for pôr no lápis o que gasto com manutenção é muito alto. É mais fácil ficar quieto em casa do que ir para a fazenda plantar. Na fazenda, encontramos bandos de 35 até 50 animais”, revela, informando que as regiões mais afetadas na região são Sete Voltas, Quenta Sol, Jaguarinha e Perdizinha. E, agora, estão chegando na região de Almeida Campos.
O comandante da Polícia Ambiental (PMMA) de Sacramento, Sgto. Denílson Cadeira, explica que a instrução normativa nº 3, atende ao clamor público de toda a população brasileira afetada pela nocividade do javali na agricultura. E, quanto à caça, embora o abate esteja liberado, há normas a serem seguidas.
“- O abate não é aleatório. As pessoas não podem sair matando javalis por aí, não. Primeiro, elas devem comparecer ao IBAMA, em Uberlândia, e providenciar a documentação exigida e estar sempre com ela. E mais, têm que ter a autorização do proprietário da fazenda, registro de porte de arma, comprovar a origem da munição em loja credenciada e tudo o mais, ou seja, as coisas não poderão ser feitas de qualquer jeito, não”, adverte.
De acordo com o comandante, à PMMA compete a fiscalização da caça quando houver denúncia. “Nós não autorizamos nada, nós vamos fiscalizar. Havendo denúncia, iremos a campo e, a pessoa terá que estar documentada”, alerta, informando que no município há muitas reclamações sobre a presença de muitos javalis, mas não há dados específicos sobre o assunto.
Conforme o comandante, o IBAMA constituirá, no prazo de 30 dias após a publicação da Instrução Normativa, um comitê permanente interinstitucional de manejo e monitoramento das populações de javalis em território nacional, composto por representantes da Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas - DBFLO e das Unidades descentralizadas do IBAMA, para o acompanhamento das ações e revisão do plano de ação para o controle do javali no Brasil. Acredita o comandante Caldeira que, a partir daí, a PMMA deverá receber orientações mais detalhadas sobre a fiscalização.