Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Morre o sapateiro Duca

Edição nº 1551 - 30 de Dezembro de 2016

Um enfarte matou o sapateiro Pedro Antônio dos Santos, o Duca (foto), na manhã do último dia 21, na Santa Casa de Misericórdia, aos 82 anos. Velado no Velório Maurício Bonatti por familiares e um grande número de amigos, foi sepultado às 17h, no Cemitério S. Francisco de Assis, após as orações exequiais proferidas por representantes espíritas e católicos. 

De acordo com sua irmã, Antonina dos Santos, Purunga, ele passou mal por volta das 6h e foi levado para a Santa Casa, onde morreu por volta das 8h, depois de receber os primeiros socorros. “Sua filha, Maria Aparecida, me chamou informando que ele não estava passando bem, com muita falta de ar. Nós o levamos para Santa Casa e chamamos o seu médico, Dr. Pedro, que realizou os primeiros procedimentos, eletrocardiograma, aparelho para respirar... mas o seu estado foi complicando até que, por volta das 8h, ele morreu...”, conta ainda ressentida a irmã. 

Duca usava marca-passo (um pequeno aparelho implantado próximo ao coração que tem a função de corrigir os defeitos do ritmo cardíaco) há 15 anos. “Quando completou dez anos, ele trocou o aparelho e continuou vivendo bem com ele.  Muito comedido, sem fazer esforços físicos a não ser o trabalho na sapataria, que não lhe exigia muito, não se queixava”, conta mais Purunga, destacando, entretanto, que Duca não era de falar muito, não.

Recorda a irmã que tinha uma afinidade grande com ele. “Todos os domingos, por volta das 8h, ele chegava em casa e me chamava para irmos ao cemitério. Passava no túmulo da esposa, Iracy Maria, falecida há 14 anos, ali rezávamos e passávamos um tempo em oração e prosa. Ele mostrava os túmulos onde estavam enterrados familiares e amigos... Depois, voltávamos, mas não sem antes dar um giro pelos bairros da cidade. Ele tinha uma expressão interessante, que me fazia rir, recorda Purunga: 'É gostoso dar uma volta na cidade vazia...'”.

Duca poderia ter sido boiadeiro, pois era filho de um dos maiores vaqueiros que a cidade conheceu, o Buta, peão boiadeiro que guiava milhares de rezes entre os estados de Minas e São Paulo. Mas preferiu ser sapateiro, ofício que começou a aprender aos 16 anos com os irmãos sapateiros, Tê e Aresqui Silva, até montar sua própria oficina.

A oficina foi sempre o seu segundo lar. O dia todo cortando, costurando, pregando, dando suas marteladas... Mas tendo sempre um dedo de prosa com os amigos diários. Que o diga o Hélcio Manzan (Pão de Queijo) amigo querido de Duca, que toda manhã passava pela sapataria. 

“- Era um amigo muito querido, desde menino eu o conhecia quando ia buscar laranja na fazenda de papai. Amigo do peito, mesmo, senti muito sua morte. Dono de uma prosa boa, tirador de sarro, brincava com todos sem ofender, sempre muito risonho e alegre. O Duca era um amigo muito divertido... Me sinto comovido ao falar, aliás, me fogem as palavras”, disse ao ET, lembrando o amigo. 

Casado com Iracy Maria, deixa duas filhas, Maria Antônia e Maria Aparecida e duas netas. Era o quarto filho de Buta e Cândida, que tinham seis filhos: Antônia (Tonha), Antônio (Toquinho), Antonino (Carabina), Pedro Antônio (Duca), Antonina (Purunga) e João Antônio (Zizico).