Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Tiau Maria Antônia – Minha Querida Lilica

Edição nº 1429 - 29 Agosto 2014

Um abraço de agradecimento a todos que de alguma forma sentirão falta de L I L I C A  e a muitos que nos confortaram comparecendo em seu último Adeus!

LÁ se foi Ela... de seu, só levou uma grande alma. Lilica, não casou, sua vida foi dedicada a família.

Na juventude, como neta dedicada, acompanhava seus avós maternos, já idosos, em viagens de passeios e consultas médicas.

Sempre cuidou com desvelo e profundo amor de papai e mamãe, até que se foram... Sem Eles, teve como companhia a zelosa e leal Jerônima, minha querida Jê, a quem Lilica amou como irmã.

Lilica, como primogênita, dava as ordens na casa, foi sempre a general (generala?). Ela comandava nosso batalhão, formado por 9 irmãos, com muita firmeza, destreza e o salpicava de conselhos, sempre calcados em sua religião. Ficava impaciente se era contrariada. Era solidária na nossa dor e na nossa alegria. Foi uma segunda mãe para os irmãos mais novos, como para mim e Souza. 

Junto aos familiares e amigos era a primeira pessoa que chegava quando recebia notícia de dor, e, na alegria de todos, seu olhar brilhava e o sorriso despontava de forma sincera e pura, era irmã amorosa e dedicada.

Lilica, condoia-se com os conterrâneos e bastava  “conhecer de vista” um falecido ou este ser “parente de conhecida ou amiga”, para que ela fosse apressada comparecer ao velório e levar sua solidariedade. Sempre admirei este seu jeito espontâneo de ser.

Habilidosa no tricô, ensinava-o a quem desejasse, tinha prazer em desvendar os segredos desta arte e a transmiti-la a quem quisesse.

Agitada e ativa, nunca parava. Jamais a vi menosprezar ou falar mal de alguém. Ajudava nas atividades da Igreja e no Ginásio A. Pena.

Dona de uma voz cativante, cantava no coro da Igreja e muitos sacramentanos devem se lembrar da “Ave Maria”, cantada por ela a “plenos pulmões”, nos casamentos, quando os noivos trocavam as alianças e a promessa de amor eterno, sua  voz aguda entrava forte por todos os cantos, ressoando por toda Matriz, penetrando nos nossos sentidos, silenciando nossas bocas em uma pausa solene, ecoando por toda Igreja feito uma oração. Muitas vezes, com o acompanhamento ao violino do saudoso e apaixonado tio Tonim e tocando o órgão o querido primo Luizinho.

Mais uma vez do fundo da alma, agradeço a todos que a ajudaram suportar a escuridão e a guiaram na cegueira, de maneira especial aos meus irmãos: Zete e Zulim, que lhe fizeram companhia mais de perto, nos últimos anos,e, aos demais irmãos, cunhadas, sobrinhos, tia Rita, primos, parentes, vizinhos e amigos, que tornaram mais branda sua caminhada, muitas vezes a auxiliaram guiando seus passos, outras vezes pararam para um “bate papo”, que Ela tanto gostava, fazendo com que Lilica enxergasse na escuridão.

Agradeço as bondosas Terezinha, Sebastiana, Maria e Bel, que auxiliaram Lilica de maneira cuidadosa e prestativa.

Não tenho palavras para agradecer a Jê, minha irmã postiça, que além de ter com Lilica uma relação de amizade e respeito, possuiam um entendimento mútuo, fraternal e cúmplice, primeiro de “olho no olho” e mais tarde de “tom de voz', e, ainda lhe colocava no prato a refeição quentinha. Só Deus pode aquilatar o preço do apreço.

 Lilica deixa o último casarão da Praça, no coração de Sacramento,  vazio. Deixa seis irmãos sem o carinho de uma segunda mãe, e, um vazio imenso e eterno no meu coração.

Lilica – Segure firme na mão de Deus, de nossas duas Mães aí do lado, de Papai, Souza e Nenga e espere-nos com aquele sorriso de sempre, o mesmo de quando nos recebia, no alpendre do nosso Lar.

Saudades!

 

Meu sincero obrigada a todos – de coração.

Ana