Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Ariovaldo A. de Figueiredo é Patrono da ALEMP/MG

Edição nº 1431 - 12 Setembro 2014

O sacramentano, ex-promotor de Justiça de Uberaba, Ariovaldo Alves de Figueiredo, de saudosa memória, é o patrono da Cadeira nº 6, da Academia de Letras do Ministério Público de Minas Gerais (ALEMP/MG), instalada em dezembro de 2013, em Belo Horizonte. A ALEMP/MG é composta de 16 cadeiras, cujos patronos são membros do Ministério Público de Minas Gerais, que enalteceram as letras e a cultura da instituição. Dentre os homenageados está Dr. Ariovaldo.

 Nascido no Desemboque em 1925, no lar de Moisés Alves de Figueiredo e Jonita Alves Trindade, ainda bem criança, com apenas dois anos, perdeu a mãe. O pai, então,  decidiu mudar-se com os filhos,  para a fazenda dos avós paternos, na região do  Bananal. Ali passou a sua infância e iniciou os estudos na Escola Municipal daquela comunidade rural, concluindo o curso primário na escola particular do professor Paulo.

Mudando-se para Uberaba, Ariovaldo iniciou o curso secundário no Ginásio Brasil e o concluiu no  Colégio Diocesano, dos Maristas, onde cursou também o Científico, com brilhantismo, e seguiu para Belo Horizonte, onde se formou em   Ciências Sociais e Jurídicas, pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais.

Paralelamente aos estudos, na capital, trabalhou no jornal Folha de Minas como revisor e, quando  cursava o quinto ano da Faculdade de Direito, retornou para Sacramento, para a  atividade forense como “solicitador”, apenas acompanhando  processos no fórum e prestando assistência jurídica sob a cooperação de um advogado inscrito na ordem. Tão logo concluiu o curso, retornou de vez a Sacramento, onde passou a advogar  e ingressou na política, tendo sido eleito o vereador mais votado para   Câmara Municipal de Sacramento  na gestão 1951/1954. Terminada a gestão de vereador, Ariovaldo mudou-se para Ituiutaba, mas logo retornou a Sacramento e passou a lecionar na Escola Técnica de Contabilidade.

Em 1956, aprovado com mérito no concurso para o Ministério Público de Minas Gerais, iniciou sua vida como Promotor Público na comarca de Jacuí, passando depois por outras duas comarcas no Sul de Minas, Botelhos e Airuoca, e, na zona da Mata, Caratinga. 

Em 1969, Ariovaldo Alves de Figueiredo assumiu a comarca de Uberaba. Destaque-se que, paralelamente ao cargo de Promotor de Justiça em todos os municípios porque passou, dedicava-se também ao Magistério, como professor de Filosofia e Direito Penal, na Faculdade de Direito do Triangulo Mineiro (UNIUBE) e aos escritos, deixando algumas obras publicadas. Já no final da carreira, Ariovaldo foi contemplado com uma promoção para Belo Horizonte, entretanto não a aceitou, resolveu descansar e aposentou-se.

Dentre suas obras publicadas pela editora Saraiva, citam-se, em dois volumes, Comentários ao Código Penal – Parte Geral; e, segundo tomo: Comentários ao Código Penal, Parte Especial.  Como obra literária, Ariovaldo lançou a obra autobiográfica: 'A vida de um menino da roça', publicada em 2001, pela editora Vitória Ltda. 

Ariovaldo casou-se com Maria Oscarina Spirandelli Figueiredo com quem teve seis filhos: Marco Aurélio de Figueiredo, Márcia Figueiredo Borges de Moraes; Marco Antonio de Figueiredo; Aloísio Figueiredo (in memoriam); José Guilherme de Figueiredo e Ariovaldo Alves de Figueiredo Junior. 

Dr. Ariovaldo morreu no dia 24 de outubro de 2011, deixando um grande legado para o Ministério Público mineiro e de exemplos aos familiares e amigos.

 

A vida de um menino da roça

“A vida de um menino da roça” é uma autobiografia do advogado e promotor de Justiça Ariovaldo Alves de Figueiredo, publicada em 2001. No livro, como o próprio nome indica, ele conta sua trajetória de vida, relatando inclusive a sua alegria por voltar ao Desemboque em 1999. Bem diferente do que vira em 1953, quando retornou a primeira vez desde que saíra aos dois anos. No IV capítulo intitulado, “Regresso para casa”, escreve:

“- Pareceu-me que um anjo benfazejo andou por ali, benzendo o lugar. Já notei a luz elétrica clareando diversas casas. A casa onde nasci, reformada se transformou em Patrimônio Histórico. As duas  tricentenárias igrejas reformadinhas, bonitinhas”. 

Figueiredo cita algumas figuras do arraial do Desemboque “o seu pai Moises, dono de farmácia e uma espécie de médico na região. O juiz de Paz, José Hermógenes de Araújo, o Biba, que era o correio do lugar naquela época. Fazia o percurso do Desemboque a Sacramento a cavalo, pegava as correspondências nos lugarejos Barcelos, Quenta Sol, Bananal, Jaguarinha...  trazia para Sacramento e retornava levando as cartas para toda a região. Ele era conhecido como “Correio do Biba”. 

Ariovaldo fala da vida na casa dos avós, as brincadeiras, as travessuras, a trajetória estudantil, o exercício da advocacia e da promotoria, falando um pouquinho de cada comarca, e um capítulo especial dedicado a cada um dos filhos e a esposa. Aliás, o livro foi publicado no ano em que completaram 50 anos de casados, em 15/04/2001. 

Um sacramentano desconhecido das novas gerações, mas um grande homem, não apenas como esposo e pai, mas um profissional do Direito exemplar. Como cidadão, deixou-nos também exemplos de grande caráter e postura ética, sem precedentes. Alçando a posições de destaque no mundo jurídico mineiro, nunca esqueceu suas raízes, especialmente as de um homem simples e encantador que nasceu no Desemboque. Como bem diz no seu livro, levou no coração pela vida a fora, com sua inteligência, talento e humildade, 'a vida de um menino da roça'. 

 

O Jornal ET faz eco às palavras do promotor de justiça aposentado, Sylvio Fausto de Oliveira, publicadas em artigo no Jornal de Uberaba, edição de 22 de agosto último, evocando o grande desemboquense, Ariovaldo Alves de Figueiredo.