Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Uma linda história de superação

Edição nº 1561 - 10 de Março de 2017

A jovem Amanda Rafaela Silva 21 é uma deficiente auditiva que, com vontade e apoio da família, venceu cada uma das etapas de sua vida e agora coroa todo o esforço e dedicação com a graduação em Estética e Cosméticos pela Unifran. A festa de formatura celebrada com os pais, Ângela Kátia de Cássia Silva e Mário Lúcio Alves Silva, e familiares iniciou com missa em ação de graças, dia 22/1; colação de grau no dia seguinte e baile de formatura em fevereiro 18. 

O que move e motiva o sucesso da jovem Amanda é seu afinco, a sua atitude perseverante em vencer obstáculos. E foi assim desde criança, quando se matriculou na Escolinha Tio Toffe (APAE/Sacramento) com pouquíssimo domínio da palavra devido a uma deficiência profunda no ouvido direito e severa no esquerdo, o que lhe possibilita apenas 20% de audição. Foram ali as primeiras iniciativas pedagógicas que a levaram a proferir as primeiras palavras, através do curso de Libras e muito estudo.

“- Quando Amanda foi para a Apae não falava muito, aliás, quase nada”, relata a mãe, Ângela, explicando que ela teria que colocar prótese auditiva para fazer as sessões de fonoterapia intensiva para aprender a falar, e como esse atendimento não era ainda oferecido pelo SUS, ela teve de ir para a Apae e ficar lá. Montaram uma sala de estimulação precoce e Amanda foi uma das primeiras alunas”, lembra, elogiando o trabalho das profissionais da instituição, apoiada pela filha que agradece, reconhecida, o trabalho, especialmente, de duas professoras. “No princípio, eu aprendi muito com tia Ruth e tia Nane, cresci com elas, anjos na minha vida”, reconhece.

Concluída a etapa da Apae, Amanda foi para a Escola Tancredo Neves (hoje EM Luiz Magnabosco). “Quando eu cheguei todo mundo me olhava, porque eu usava cabelo preso e dois fones de ouvido, o que preocupava muito minha mãe, em saber se eu ficaria bem. No começo, os colegas zoavam, riam, mas depois se acostumaram e aos poucos foram entendendo, compreendendo e me davam apoio. E até hoje tenho amigos daquele tempo, ficamos amigos de verdade. Foi difícil mas eu venci, inclusive,  a relação com as pessoas”, reconhece.

Amanda, hoje, fala normalmente, com uma dicção praticamente normal, apenas, ligeiramente pausada.  E a mãe justifica as sessões de fonoterapia, na própria instituição e depois no CRES Antônio Júlio, e foram muitas, muitas sessões”, relata Ângela, lembrando de algumas dificuldades da filha no estudo regular. “Depois que passou a frequentar a escola regular, o mais difícil para ela era quando o professor dava aulas virado para o quadro”. 

 

Cada mudança um recomeço 

Concluído o quarto ano na Escola Tancredo Neves, Amanda seguiu para a EE Cel. José Afonso de Almeida, onde cursou o final do fundamental e todo o ensino médio. E cada mudança representava para Amanda um recomeço. 

“- O bom foi que alguns dos meus colegas foram pra lá também, Letícia e Kamila, duas amigas queridas cursaram até o Colegial comigo. Toda mudança era um recomeço. A partir da 5ª série foi mais difícil, salas cheias, mais bagunça... Para fugir desse tumulto eu me sentava bem na frente na sala. E foi assim até a 8ª série e depois no Colegial, que conclui em 2013”, resume, revelando também que, apesar da dificuldade auditiva, foi sempre uma boa aluna. 

 

“- Nesse período todo peguei uma única recuperação, em Matemática, e sempre fui aprovada, nenhuma reprovação, e minhas maiores notas eram no Inglês.  Posso dizer que fui boa aluna”, reconhece, sem falsa modéstia. 

 

A  faculdade e o exercício da profissão

Concluído o médio, Amanda estava decidida em cursar uma faculdade e fez a opção por Estética e Cosméticos, na Unifran. “Escolhi esse curso por causa do mercado de trabalho, que está crescendo muito. Posso trabalhar em salões, laboratórios de manipulação de xampus e cremes corporais. É um campo muito vasto, faço limpeza de pele, massagem, etc”, explica, revelando a grande emoção que sentiu quando recebeu o diploma de ensino superior. 

 

“- Foi uma alegria imensa. Passou um filme em minha cabeça, desde quando entrei na Apae, ainda criança. Por isso agradeço a Deus por ter-me dado essa força tão grande para  vencer todos esses obstáculos, por não me deixar desistir e me dizer: “Levanta a cabeça e vai”. De coração agradeço a todos que me acompanharam, meus pais, tia Luciane Amui, que era minha fonoaudióloga. Ao José Antônio Bornato que me doou o primeiro aparelho auditivo. Agradeço à Apae, aos  professores, amigos...”, finaliza, feliz, revelando um último sonho, a de ser uma mulher independente sem ter que lidar com o preconceito das pessoas.