Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Motorista morre ao tombar Ford Cargo na região da Tapera

Edição nº 1522 - 17 de Junho de 2016

O motorista Jefferson Evangelista dos Santos (foto) 42 morreu na sexta-feira 10, por volta das 12h, vítima de acidente, na estrada vicinal da MG-190, na região da Tapera. Jefferson dirigia um caminhão Ford/Cargo 1314, cor branca, placa BKS-9120, carregado de milho em grãos, que capotou e  tombou na estrada de terra. Jefferson morreu no local, preso às ferragens. De acordo com o BO, testemunhas que trabalhavam numa lavoura próxima relataram que viram quando o veículo descia a estrada em alta velocidade, apesar das curvas em sua extensão e que ouviram um barulho quando o veículo capotou. Os trabalhadores correram para o local, contudo não prestaram socorro, pois o condutor não apresentava sinais vitais.  A PM local acionou o corpo de bombeiros, mas ao  chegar ao local  Jefferson já havia sido retirado do veículo. O perito Thiago Silva de Oliveira, do IML de Araxá também esteve no local para  os serviços de praxe. O corpo foi encaminhado ao IML daquela cidade e o caminhão foi apreendido para a continuidade na perícia, acompanhado pelo proprietário do caminhão. Jefferson era filho do cabo PM Ambiental, Manuel Evangelista dos Santos e Maria Nilza, ambos falecidos, deixa dois irmãos e cinco filhos.

 

Para o irmão, Bergson, mais um grande baque
O educador em Saúde, Bergson Evangelista dos Santos, irmão mais velho de Jefferson,  recebeu a notícia do acidente no trabalho ao voltar do almoço. “Voltei o do almoço e uma colega me falou de um acidente com um caminhão. Quando saí para abastecer, no posto me confirmaram que era meu irmão e que ele havia falecido no local. Na hora a gente perde o chão. Eu queria ir até lá, mas não deixaram...”, relatou Bergson ainda muito abalado e conta os reveses da vida ocorridos há pouco tempo.
“- Há pouco mais de dois anos, mamãe adoeceu e morreu num curto espaço de tempo. Há um ano, completado agora em março, foi o papai. Ele levou minha irmã pra internar para uma cirurgia, voltou e amanheceu morto na cama. Minha irmã se recuperou da cirurgia, voltou a trabalhar e dias depois sofreu acidente de moto e há meses está em tratamento. E agora o Jefferson. Nara ficou sabendo do Jefferson, quando voltava da fisioterapia em Uberaba. O que é isso, meu Deus?!... São muitas perdas em pouco tempo”, lamentou, consolado na sua grande fé cristã.

 

Jefferson voltou a Sacramento há quase um ano

Há mais de dez anos Jefferson era motorista de caminhão, inclusive de cargas pesadas e perigosas, mas nunca teve um acidente e quase sempre trabalhando longe de Sacramento.  “Inclusive, quando papai morreu ele não pôde vir, porque estava em Joinville (SC)”, recorda Bergson, informando que a família não parentes na cidade.
 “- A família de papai é da Bahia, ele sempre ia lá, tinha contato, mas depois que meu avô morreu perdemos contato; a família de mamãe é de Dores do Indaiá, no centro-oeste de Minas Gerais. Minha avó tem 102 anos. Morávamos em Patos de Minas e meu pai, que era da  Polícia Florestal veio transferido para Sacramento e fomos morar em Jaguara. Bergson e eu éramos  crianças. Nara nasceu aqui”, conta.
Por conta da porte dos pais, Bergson convidou o irmão para voltar para Sacramento. “Chamei pra ficarmos os três juntos e ele ajudar a cuidar da Nara. O filho dele, Wallis 19 já estava aqui ajudando e continua aqui. Jefferson veio, mas não conseguiu trabalho. Ultimamente ele estava muito angustiado  e falava em ir embora. A paixão dele eram caminhões. Viajou o Brasil inteiro”, conta mais.
  Bergson chegou a postar no facebook um pedido de serviço para o irmão. “Postei fotos pra ver se conseguia alguma coisa por aqui. E ele conseguiu com Mizael, um serviço temporário pra transportar grãos. No dia que começou, ele me mandou uma mensagem, feliz da vida...”, afirma, conformado. “Ele cortou o Brasil inteiro e veio morrer numa estrada de terra”.
Bergson não faz ideia do que pode ter acontecido. “Aquela estrada não é usada por caminhoneiros, ficou pensando por que ele escolheu aquele trajeto, por que passou por ali? A carga de grãos a granel é perigosa, ela vai pra lá, pra cá, acompanha as curvas... Ali tem uma descida  e logo vem a subida,  ele deve ter perdido o controle e tentado jogar o caminhão no barranco e  caminhão subiu e virou...   Mas, isso são suposições,  ninguém sabe o que houve”, reconhece.

 

Jefferson estava feliz da vida...

De acordo com Bergson, o irmão era separado da esposa  há mais de dez anos e agora  estava se separando legalmente pra se casar. “Ele estava muito feliz”, afirma e completa: “Jefferson era um menino custoso, levado, quando crianças apanhei muito  na rua, nos campinhos  por causa dele, porque ia defendê-lo, mas ele  mudou muito. Tornou-se muito amoroso. Embora separado, ele era um bom pai, sempre presente, aconselhando, tanto que os filhos vieram todos para o velório com a mãe,  ex-esposa. Jefferson era uma pessoa sofrida, que aprendeu muito com a vida, porque ser caminheiro não é fácil. Era bom irmão, alegre, muito brincalhão e tinha suas paixões, uma delas, caminhão, estrada, os filhos...”.
O que fica agora é saudade.  Na sua página no face, logo após o acidente, Bergson postou sua foto com a mensagem: “Se eu pudesse iria junto com você, mas sabemos que todos têm a sua hora, você foi um irmão que aprendi a admirar e me deu muitas alegrias, mas a dor que você deixa hoje é  maior do que tudo que já passei, mas tenha certeza de que um dia vamos todos nos reunir novamente... E agradeço a todos os meus amigos e amigas pela grande solidariedade. São as amizades verdadeiras que nos fazem seguir em frente... Vá com Deus Jefferson!”