Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Sacramentanos fazem caminhada pela paz

Edição nº 1452 - 13 Fevereiro 2015

Com palavras, orações e propostas contra a violência na cidade, mais de 200 pessoas participaram, na manhã do último domingo 8 da 'Caminhada pela Paz', que partiu da Mercearia Lobato, estabelecimento onde o empresário Paulo César Lobato - Lambreta, foi barbaramente assassinado na noite do dia 4, até à praça Getúlio Vargas. 

“- Não há nenhuma conotação política nessa caminhada, aqui estamos para prestar mais uma vez solidariedade à família do Lambreta e, também, deixar para a sociedade nossa indignação contra essas atrocidades que vêm acontecendo em Sacramento. Que com esse gesto possamos tocar os corações da pessoas”. Com essas palavras, o Prof. Saulo de Pádua, que mobilizou a caminhada através das redes sociais, agradecendo o apoio dos presentes, solicitou que todos se dessem as mãos para a oração universal, o Pai Nosso, e iniciaram a caminhada.

Com o apoio de um carro batedor da Polícia Militar, os participantes se concentraram em frente à Basílica para a manifestação dos presentes. O jornalista Walmor Júlio Silva lembrou que a caminhada servia como ponto de reflexão para os presentes tirarem muitas lições. “A primeira delas é lembrar que estamos aqui cumprindo um gesto de solidariedade humana, abraçando mais uma vez a família de Lambreta, que nos deixou um rastro de homem honrado, pai, esposo e grande profissional. Por outro lado, é claro que nos move também o sentimento de revolta contra a violência. Mas revidar a violência este seria o último dos gestos, pois, do contrário, estaríamos aderindo à lei de Talião, do 'olho por olho...' e nos assemelhando a terroristas que disseminam seu ódio no mundo...”.

Prosseguindo, afirmou o jornalista que “tirar lições” quer dizer também “tirar algo de concreto” e propôs aos presentes que aderissem e dessem força a um projeto idealizado e aprovado pela sociedade organizada, especialmente, os comerciantes, há três anos, para dotar a cidade de um 'monitoramento através de câmaras 24 horas por dia', mas não saiu do papel. “A segurança particular, de nossas casas, por exemplo, depende de cada um de nós, mas a segurança pública é dever do estado, e cabe a nós exigir e perguntar onde está aquele projeto? Vamos fazer esse pedido através de um abaixo-assinado”, propôs.

Saulo conclamou a todos uma atitude de paz em todas as situações cotidianas e pediu  ações da sociedade, das associações de bairros, monitoramento de vizinhos e se manter  em comunicação frequente com a Polícia Militar. Saulo agradeceu o apoio da Polícia Militar que  foi aplaudida por todos. O advogado Thiago Scalon também usou a palavra e lembrou a proposta da  Polícia Militar, que não foi levada a efeito e propôs reunir com autoridades para buscar soluções juntas.

A advogada Silvânia Lobato Jacób conclamou a todos para que não se omitissem diante de uma situação dessa.  Lembrando a citação, “Os maus progridem, porque os bons se omitem na sociedade”, perguntou: “O que estamos fazendo? O que está acontecendo na minha comunidade, no  meu bairro? Como posso ajudar nisso? Precisamos resgatar nossos princípios que estão sendo perdidos, nossos valores de família, de religião. Não podemos ficar em cima do muro, os maus progridem, porque nós deixamos. Nós temos que lembrar que nós é que temos que governar e não os maus e nós estamos entregando tudo para os maus e para o mal”.  

Outra participante, Celma, em entrevista ao ET, disse que se colocava à disposição de todos para a luta por já ter sido vítima de roubo a mão armada. 

 

“Deus ponha as mão neles e que não os deixe fazer isso com outras famílias”

O público se emocionou com as palavras de Dalila Ferreira Toscano, viúva de Paulo César, que acompanhou a caminhada. Com lágrimas no coração e nos olhos, pediu: “Deus ponha as mão neles e não os deixe fazer isso com outras famílias. Vingança não existe, só a Divina providência, só Deus para abrandar os corações destas pessoas, por isso eu peço todos os dias, com todo o meu sofrimento, toda a minha dor, abrande estes corações!” 

Dalila pediu orações e fé para suportar a dor, mas em momento algum falou de vingança, pelo contrário, emocionou a todos quando disse: “Paulo perdoa esse infeliz  que lhe tirou a vida, que separou você de nós,  te amamos muito e não vamos esquecê-lo nunca, nunca...”.

 

Terminou agradecendo a todos pelo apoio e solidariedade e afirmando que nunca viu um velório como o de seu marido. A irmã de Lambreta, a Profa. Thaísa Lobato também agradeceu a todos pelo apoio e manifestação de solidariedade.