Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O drama da família de Josina

Edição nº 1456 - 13 Março 2015

Imagine o leitor, uma família de cinco pessoas, duas adultas e quatro crianças, a mais jovem de dois anos, portadora de necessidades especiais, vivendo há mais de um mês numa casa destelhada por conta de uma tempestade de vento no início de fevereiro e coberta por plástico. “- Veio um vento forte do lado da Gruta dos Palhares, onde é tudo descampado, e levou todas as telhas de Eternit pelos ares. Logo depois da tempestade, pedi ajuda à Prefeitura, mas não consegui nada. Só depois de muito insistir e até apelo pela rádio, alguns funcionários da Prefeitura estiveram aqui, mas só tiraram os escombros e amontaram ali no passeio”, lamentou Dona Josina Domingos, 42, mostrando os quartos e cozinha todos molhados com a água que vaza por conta do encharcamento da lájea.  

Na segunda-feira 9, depois da forte chuva à tarde, ela chamou o ET para mostrar a situação em que está vivendo. “Um vizinho colocou um plástico em cima da lájea, mas, se chove forte ele não protege. Pegamos as camas, colocamos na sala e dormimos nós cinco, ali. O resto das coisas ficam lá a Deus dará, móveis estragando, guarda-roupa novo, que a gente comprou com esforço, estufando com a água, sem contar o medo que estamos de a laje ceder”, mostra chorosa.  Some-se a tudo isso, o cheiro de mofo que invade a casa, além do risco da proliferação do mosquito da dengue, porque a água fica empoçada no plástico sobre a casa.

Some-se a isso, com o destelhamento, a caixa d'água quebrou, danificou os canos e a família não tem como usar o banheiro. Para tomar banho, aquecem a água no gás, mas, segundo Josina, mesmo que tivesse água no banheiro, não ligariam  o chuveiro. “Temos medo de um curto circuito, porque está saindo  água pelas tomadas, nem as luzes acendemos de medo”, afirma e mostra a água que entra pelo conduíte saindo pela tomada do quarto. 

E olha que Josina é servidora municipal, recebe um salário mínimo mais um tíquete; a filha também trabalha e as crianças ficam na creche. “A gente trabalha, mas acontece que fazemos compromissos que temos que honrar, temos despesas, aí quando acontece uma coisa dessas estamos desprevenidos. Já pedi ajuda na Prefeitura, mas eles dizem que não tem material; apelo pela rádio, não ganhamos nada. Não sei mais o que  fazer. Não é a primeira vez que isso acontece, no tempo do Baguá a casa foi destelhada, eles vieram e arrumaram. O pessoal diz que tem que mudar o jeito dos telhado pra isso não ocorrer mais, mas alguém que sabe é que tem que fazer isso”, explica Josina emocionada. “A gente chega do trabalho, com as crianças que pego na creche e encontro a casa nesse estado...”. 

A filhinha mais nova de Josina, com 1 ano e 11 meses, é deficiente e não anda ainda, é transportada no colo ou no carrinho. “Desde que ela nasceu, apresentou problemas.  Hoje, ela faz acompanhamento na APAE, na Casa Assistencial Bezerra de Menezes; tratamento em Uberlândia para surdez;  em Bauru para correção de uma  fenda  palatina e em Uberaba para luxação nos ossos e usa prótese, porque tem um lado mais curto que o outro. A gente tem ajudas para o tratamento dela, mas temos despesas também”.