Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

De volta ao aconchego...

Edição nº 1448 - 16 Janeiro 2015

A acadêmica de Fisioterapia, Bethânia Borges Tura, 22, retornou ao Brasil neste final de ano, depois de passar um ano e meio nos Estados Unidos, graças ao programa do Governo Federal, 'Ciência Sem Fronteira'.

 Filha da professora Maristela Borges Tura e Grimoaldo Bizinoto Tura, Bethânia viveu a intensa experiência americana, aperfeiçoando a língua e colhendo conhecimentos para a sua área de estudos, na Universidade de Delaware, na cidade de Newark. “Foi uma experiência fantástica, com muito aprendizado, embora na minha área a experiência não tenha sido significativa, porque Fisioterapia nos Estados Unidos é curso de Doutorado”.

Explicou a estudante que, como no Brasil o curso inicia-se com a graduação, não teve permissão de fazer as aulas no curso de doutorado, mas apenas as aulas afins:  Educação Física, Ciência do Exercício e duas outras matérias muito interessantes não estudadas no Brasil: uma sobre interpretação de eletrocardiograma e a outra, sem tradução, chamada Tapping, que consiste no uso de faixas (bandagens) para dar estabilidade, ou seja, é uma técnica de prevenção ou reabilitação, através de apoio e estabilidade aos músculos e articulações, sem restringir por completo a amplitude de movimento. No Brasil, Tapping é um curso extra”.


Vencendo o idioma

O maior desafio de Bethânia nos Estados Unidos foi o domínio da língua. “A maior experiência que tive mesmo, foi mesmo com o inglês. Eu tinha o basicão que aprendi na escola e foi um desafio grande, mas venci. Foi um ano de inglês, começando pelo nível 2. Só quando cheguei ao nível avançado, ingressei na universidade,  com aulas pela manhã e à tarde. Pelo menos no inglês posso dizer que tive um avanço muito grande, embora não goste do idioma”, reconhece.

Falando sobre a cidade onde fez seus estudos, Bethânia, disse que é uma cidade universitária, muito pequena, que funciona em torno dessa presença dos acadêmicos na Universidade de Delaware. Nas férias de verão, por exemplo, em julho, a cidade morre. 

Só ficam os estudantes internacionais”, informa, elogiando a administração da cidade. 

“Muito bem cuidada, muito limpa, uma característica, aliás, das cidades americanas. A qualidade de vida é excelente, não há pessoas obesas, como todos pensam. Não sei se é porque são universitários, as pessoas vivem nas academias, praticando esportes, correndo. E uma curiosidade, Newark é muito, muito quente no verão, chega a 38, 40º e, no inverno é o  contrário, chega a -20º”. 

Delaware é um estado onde não existem taxas de produtos, isto é, não há impostos embutidos nos preços, portanto, são muito mais baratos e é um lugar muito bom para comprar no outlets (novo mercado de vendas a varejo, no qual os produtores e indústrias vendem seus produtos de grife diretamente ao público consumidor).

 Vivendo a rotina comum dos estudantes, Bê saia de casa cedo, ia para a aula, almoço no restaurante universitário, que tinha de tudo, menos nosso trivial arroz e feijão. “Eu senti muito falta de um arrozinho e um feijãozinho da hora. Após o almoço, mais aulas e, a partir das 17h, era livre. O lazer é academia, esportes, aulas de dança. Amei dançar salsa, originária de Cuba e bachata, uma dança originária na república Dominicana e todo final de semana tinha dança. No verão usávamos a piscina da universidade e, no inverno, patinação no gelo. E, tudo gratuito, porque tudo é da universidade”. 

Bethânia valorizou muito também o contato com universitários de várias partes do mundo. “A gente aprende muito com os colegas, uma cultura diversificada, outros povos, como árabes, chineses e muitos latino-americanos, sobretudo da Colômbia. E a gente aprende a conviver, com essa convivência, desaparecem muitos (pré)conceitos que, às vezes, temos  em relação a algumas culturas”, explica.

Além das atividades na cidade/campus, conheceu algumas praias grandes cidades como New York, Washington, Miami e Las Vegas.

 

Agora, de volta ao Brasil, Bê retorna à faculdade para concluir o curso que deixou na metade. “Acredito que não vá aproveitar matérias, porque a grade curricular é diferente e agora, deverá ter um encaixe de matérias e estágios. Mas ainda assim, valeu a pena. Se fosse pra voltar, não pensaria duas vezes, aceitaria na hora, porque é um outro mundo. A saudade a gente supera...”, justifica e entre risos revela que voltou com três malas grandes e um dólar no bolso.