Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Morte do jovem Gustavo comove cidade

Edição nº 1435 - 10 Outubro 2014

Centenas de pessoas entre familiares, amigos e colegas participaram dos funerais do jovem Gustavo de Oliveira Tertuliano, 18, que morreu  tragicamente, vítima de asfixia ao tentar contra a própria vida, na noite do último domingo,na aponte de madeira, no Bosque do Ipê.  

O corpo de Gustavo foi encontrado, às 21h20 pela Polícia Militar, que fazia ronda no local, quando deparou com um veículo VW Gol, estacionado nas margens do ribeirão Borá, em frente à ponte de madeira.  Como o veículo estava com a chave no contato e não havia ninguém por  perto, os policiais seguiram até a ponte e depararam com o corpo do jovem Gustavo já sem sinais vitais. 

Tão logo foi identificada a propriedade do veículo, a polícia entrou em contato com familiares da vítima, para identificação.  A perícia foi acionada, comparecendo ao local o perito Leandro Pereira Jordão, o auxiliar de necropsia, Hudson Fiuza e a técnica de enfermagem, Joelma Rosa. Após os trabalhos de praxe no local, o corpo foi levado para o IML de Araxá  e liberado para os familiares no dia seguinte.

Em clima de muita tristeza e muitas perguntas sem respostas, Gustavo foi velado por centenas de pessoas, familiares e amigos, sobretudo jovens.  Gustavo completou 18 anos no dia 7 de outubro. Ele era estudante do segundo ano do ensino médio e estava fazendo um curso de Eletricista. Gustavo foi sepultado no Cemitério S. Francisco de Assis, às 17h, após as exéquias proferidas por padre Eugênio Bizinoto. 

 

Gustavo era alegre, brincalhão, amava a vida, com grande visão de futuro...

Os pais Paulo Tertuliano da Silva e Regina Maria de Oliveira Tertuliano e o irmão Paulo Victor, 21, são a mais pura expressão de dor e sofrimento e só têm encontrado forças para suportar o que aconteceu, na fé profunda que têm em Deus.  “Estamos suportando tudo pela graça de Deus e o apoio dos amigos. Sem  Deus não suportaríamos este sofrimento, esta perda. Criamos nosso filhos no mais puro amor dentro de casa, nos princípios religiosos da fé, participando da Igreja a cada domingo. São coisas que só encontramos resposta na fé e no amor”, diz o pai, lembrando uma última mensagem enviada ao filho.

 “Naquele dia, por volta das 7h00 enviei uma mensagem para o Gustavo para saber onde ele estava. Ele me respondeu que estava na missa. Aguardei, esperando que ele viesse encontrar com a gente, pois todo domingo, nos reunimos na casa de minha mãe para o jantar. Mas nesse dia, como havíamos almoçado tarde no sítio, não jantamos na mamãe. Eu trouxe o jantar para fazer a refeição em casa mesmo, aguardando por ele. Uns dez minutos depois que chegamos, a polícia chegou... na hora pensei que fosse acidente, porque Gustavo estava de carro...”. 

A mãe, Regina, também encontra forças na fé profunda de uma família cristã. “Meu filho está com Deus. Porque sempre foi um filho exemplar. Era alegre, brincalhão, risonho. Muito trabalhador. Ele chegava em casa e logo gritava pra mim: 'Véia, véia, véia, to chegando'. Ele era muito presente em casa, amigo da família, amigo dos amigos... Era um menino, uma pessoa muito querida”. 

De acordo com a mãe, naquele domingo após votarem, a família foi para o sítio e ele foi com a namorada e o filhinho de um ano. “Ele estava muito feliz, chegou gritando: “O neném chegou!”. Passamos a tarde lá. Na hora de vir embora,  ele veio na frente e nós  saímos  logo depois. Quando  chegamos em casa ele já não estava. Numa mensagem, ele disse pro Paulo que tinha ido à missa.”, explica e completa: “É muito difícil acreditar que ele chegou a esse extremo. Ele era muito alegre, amava a vida, nunca falou disso, ele gostava da vida...”. 

De acordo com os pais, Gustavo era muito trabalhador e estava muito feliz com o novo emprego no Laticínio Scala.  “Ele tinha visão de futuro, tanto que além de fazer o 2º Colegial, ele foi fazer um curso de eletricista, pensando em crescer na empresa. Estava muito empolgado com o emprego, o salário e o futuro, fazia planos”. 

Atrás de toda a alegria e brincadeiras de Gustavo, reconhece também a família que ele guardava para si todos os possíveis problemas. “Se havia alguma coisa,  ele não falava. E quando tocávamos em assuntos pessoais dele, ele começava a brincar, mudava de assunto, dava risada e saía...”, conta o pai. E o irmão Paulo Victor, completa, citando uma frase de Gustavo: “Ele dizia que, com a  tristeza que ele guardava, ele fazia a alegria dos outros. Só que ele não falava das tristezas dele...”. 

Um dia antes da tragédia que abateu a família Tertuliano Oliveira e os amigos, o irmão Paulo Victor havia postado uma mensagem,  às 8h04 dizendo: “Senhor… me ensina a esperar pelo Teu tempo. Segura firme minha mão e aumenta minhas forças na caminhada da vida. Me conduz pelo melhor caminho guiando meus passos. Me protege de todo mal. Aumenta minha fé e renova cada dia a minha confiança em Ti”. 

 

Que esta fé, refletida nas palavras de Paulo Victor, seja o sustento e o consolo para os pais, demais familiares e amigos. E que Gustavo, já nos braços do Pai, complete sua eterna idade.