Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Maior preço da história obriga brasileiro a por mais água no feijão

Edição nº 1522 - 17 de Junho de 2016

O preço do feijão bate recorde de preço nos últimos meses. A valorização do feijão carioca foi de 44% e do preto 13%, nos últimos 12 meses. Somente em 2016, o incremento chegou a 15% e 17%, respectivamente, enquanto que a média da inflação geral acumulada de janeiro a abril foi de 3,25%. Os dados são do Departamento de Economia Rural (Deral).
Em Sacramento, o ET pesquisou em alguns supermercados da cidade e encontrou uma variação entre R$ 11,00 o mais barato, e R$ 13,90, o mais caro. O feijão preto varia entre R$ 6,00 a R$ 7,50. Nos grandes centros, inclusive em Franca (Jornal Comércio da Franca, em 15/06) os preços variavam entre R$ 13 a R$15.

 

Problemas climáticos levam feijão vai às alturas

Está na moda a canção de Chico Buarque, 'Feijoada Completa': Mulher, você vai gostar:Tô levando uns amigos pra conversar / Eles vão com uma fome / Que nem me contem;/ Eles vão com uma sede de anteontem. / Solta a cerveja estupidamente / Gelada pr'um batalhão / E vamos botar água no feijão...
Tudo por conta do clima atrapalhado deste ano. É o que diz o Departamento de Economia Rural - Deral, afirmando que a escalada da cotação se deve, além da inflação, aos problemas climáticos e à redução da área destinada ao plantio, que afetaram a safra nos principais estados produtores.
O Paraná é o maior produtor do grão no país, com uma colheita média de 742,6 mil toneladas por ano, correspondente a 23% de tudo o que é colhido no país. De acordo com o último  levantamento do Deral, a área estimada para a primeira safra de feijão (o estado tem três ciclos) é de 182,6 mil hectares, 5% menor que os 192,7 cultivados em 2014/15.
Os estragos foram causados pelo excesso de chuva que atingiu o estado entre outubro do ano passado e o início deste ano, atrasando o plantio e prejudicando a colheita da primeira safra. Até o momento, as perdas chegam a 11% e os produtores devem colher 289,9 mil toneladas na primeira safra. A segunda safra teve uma redução de 21%, em relação à expectativa de 400 mil t. A terceira está sendo plantada.
Está aí a causa. Aliás, bem antiga, a inexorável lei da oferta e da procura. Muita oferta, preço baixo; pouca oferta, preço alto. Com a baixa disponibilidade do grão os preços atingiram médias históricas e em abril o feijão carioca era cotado a R$ 208,39 e o preto em R$ 142,82. Em um ano a valorização foi de 75% e 29%, quando os produtores recebiam até R$ 119,20 no carioca e R$ 110,51 no feijão preto.

 

Baixa produtividade eleva preços também em Minas Gerais

Em Minas Gerais, segundo maior produtor de feijão no Brasil, o preço do feijão carioca disparou depois da queda de até 30% na produção da safra. No estado, são cultivadas três safras do grão por ano, sendo que a primeira delas, colhida em fevereiro, teve queda de 20% na produção.
“- A gente sempre planta o feijão contando com o veranico que vem em janeiro, mas esse ano foi diferente: quando chegou janeiro, nós tivemos 25 dias de chuva intensa e, com isso, o grão amarelo, foi apodrecendo e perdemos quase tudo”, disse o agricultor Francisco Gonçalves da Silva.
Com essa quebra na primeira safra, a expectativa ficou sobre a segunda colheita, que começa neste mês de junho. A previsão inicial é de que seriam produzidas 65 mil toneladas de feijão, mas o clima não ajudou mais uma vez e a safra deve ser bem menor.
A segunda safra, estima-se uma queda de 20% a 30%.  “Tem produtor colhendo em torno de 15 sacas por hectare, quando a  produção média do estado é de 30 a 40 sacas por hectare”, avaliou o analista de mercado Auro Nagay, da Bolsinha Informativos, que completa “a queda de produtividade reflete diretamente nos preços. A saca de 60 quilos do feijão carioca, uma das variedades mais consumidas no país, era comercializada a R$160,00 em junho de 2015 e hoje, o mesmo produto, é vendido a R$ 480,00”.